«Para Jesus, tudo o que não seja tudo é nada»! Aquele “tudo”, de que ouvíamos falar há oito dias, sobre o amor a Deus, “com todo o coração, com todo a alma, com todo o entendimento e com todas as forças” (Mc 12,31) podemo-lo ver, ao vivo, no testemunho de uma mulher, pobre e viúva, capaz de dar ao Senhor tudo o que tem para viver. Ao concluirmos hoje a Semana de Oração pelos Seminários, compreendemos que só chegaremos a viver verdadeiramente a vida, se nos doarmos com tudo o que somos e temos. Peçamos ao Senhor a graça de lhe oferecermos a vida inteira, de lhe oferecermos também os nossos pecados, para os quais lhe pedimos a abundância da Sua misericórdia.
A Equipa de Apoio à Coordenação Diocesana da Pastoral
preparou para toda a Diocese do Porto
uma proposta de caminhada pastoral,
para os tempos entre o início do Advento
e a Festa do Batismo do Senhor.
Serve de mote a esta caminhada,
a letra do refrão do poema
“Tu és a Estrela. Eu sou o peregrino”.
Estes primeiros dias de novembro, com a solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, fizeram-nos sentir verdadeiramente peregrinos de esperança. Ao iniciarmos hoje a Semana de Oração pelos Seminários, brota do nosso coração peregrino a pergunta do salmista: «Que posso eu esperar» (Sl 39,8)? Olhar o futuro com esperança é próprio daqueles que confiam; é uma resposta a um amor primeiro e último: o amor de Deus. Por isso, olhamos aqueles que ensaiam, diariamente, esta atitude de esperançar; aqueles que esperam pelo discernimento da sua vocação e se abrem à possibilidade de uma continua interrogação, nomeadamente à hipótese da vocação sacerdotal, ainda no seio das suas famílias, nos seminários, no mercado laboral, ou em qualquer outro ambiente ou contexto. Que, nesta celebração da partilha da palavra e da fração do pão, nos sintamos implicados pelo Seu esperar animado e ancorado na permanente questão. Pelas vezes, em que nos entregamos a Deus e ao próximo, a meias, a prazo e sob reserva e condição, peçamos perdão ao Senhor.
Peregrinos de esperança, celebrámos, em primeiro lugar, a bem-aventurança dos santos, de Todos os Santos, que alcançaram a meta e receberam a coroa de glória. É uma multidão de testemunhas, que nos animam nesta peregrinação de esperança, que nos conduz ao encontro com o Senhor. Alguns destes santos têm imagens nos altares das nossas Igrejas, são venerados como exemplo e auxílio para a nossa fragilidade. Mas, entre “Todos os Santos” estarão muitos, cujos restos mortais se encontram neste cemitério, homens santos e mulheres santas, que viveram e conviveram connosco: santos de “ao pé da porta”, que foram nossos familiares, amigos, conterrâneos, da nossa idade e profissão. Entre os fiéis defuntos, muitos esperam a nossa oração e a nossa comunhão, para apressar e intensificar o seu caminho de purificação que os conduza ao Céu. Rezemos todos juntos, vivos e defuntos, uns com os outros e uns pelos outros. Rezemos pelos que partiram antes de nós, confiantes de que também eles intercedem por nós junto de Deus. Somos peregrinos de esperança. Quem espera em Deus sempre O alcança.
Peregrinos de esperança, vivemos hoje a alegria de celebrar a Cidade Santa, a nossa Mãe, a Jerusalém celeste, onde a Assembleia dos Santos, nossos irmãos, glorificam eternamente o Senhor. Peregrinos dessa cidade santa, para ela caminhamos na fé e na alegria, ao vermos glorificados os ilustres filhos da Igreja, que são exemplo e auxílio para a nossa fragilidade. Irmãos e irmãs: não estamos sozinhos, como Povo peregrino. Acompanham-nos, no caminho da eterna bem-aventurança, homens santos e santas mulheres, que intercedem por nós junto de Deus. Sem estes homens e mulheres, que puseram a sua confiança no Senhor, o mundo não teria testemunhas desta esperança. Que vós — e também eu — recebamos do Senhor o dom da esperança de sermos santos.
Finalmente, encontramos um discípulo no caminho de Jesus para Jerusalém. Depois do homem rico, que falhou o chamamento, temos um cego pedinte, que até a sua capa de abrigo lança fora para seguir Jesus. Depois de Tiago e João, que se queiram sentar num trono de glória, temos um cego, que se levanta e vai ter com Jesus. O Evangelho deste domingo ajuda-nos a retomar o caminho de Jesus, a voltar a ver tudo com os olhos de Jesus. Como o cego, também nós gritamos por misericórdia, por uma carícia, por um perdão, por um gesto de compaixão.
Celebramos este Domingo o Dia Mundial das Missões. O tema proposto pelo Papa Francisco para este ano é recolhido da parábola do banquete nupcial, onde ressoa aquele apelo do Senhor, nosso Rei e Salvador: “Ide e convidai a todos para o banquete” (Mt 22,9). «No coração da missão, está aquele “todos, todos, todos”, que escutávamos da voz do Papa na JMJ em Lisboa. Nós que aqui viemos respondemos «sim», «eis-me aqui». Mas daqui mesmo o Senhor nos envia a levar este convite a todos, sem excluir ninguém. Na verdade, «não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, deseja alcançar todos» (Sac. Carit. 84). Preparemo-nos então para entrar na festa com o traje nupcial, que é tecido com o linho da toalha do serviço e só pode ser vestido por quem se dispõe a servir e a dar a vida pelos outros.
Com Jesus, o Caminho e a caminho, somos todos “peregrinos de esperança”, que viemos de casa, a correr, até Ele. Viemos a Jesus, viemos ao encontro d’Ele, não porque nos falte a saúde ou o dinheiro. Viemos até Jesus, porque queremos alcançar uma vida bela, com um sentido profundo, com uma grande esperança, com uma meta de largos horizontes. Só em Jesus encontramos a vida eterna, aquela vida que não acaba sequer na morte. Jesus é para nós o Caminho, a Verdade e a Vida. Queremos fazer este caminho, como companheiros de viagem, Peregrinos de esperança, com todos e para o bem de todos.