Liturgia e Homilias no XXXIII Domingo Comum B 2024
Destaque

A oração do pobre eleva-se até Deus” (Sir 21,5). Este é o pensamento bíblico escolhido pelo Papa Francisco, para a celebração do 8.º Dia Mundial dos Pobres. No contexto do Ano da Oração, e já às portas do Jubileu, “a esperança cristã inclui também a certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre” (Papa Francisco, Mensagem para o VIII DMP, n.º 1). Nós encontramos na oração e, sobretudo na Eucaristia, o alimento do Pão da Vida, que nos dá a força e a coragem, para sair e servir os pobres (cf. Ibidem, 7). Se queremos um mundo novo, como nos anuncia a Palavra de Deus, devemos então começar por oferecer sinais de um futuro melhor, sobretudo a quem mais precisa!

Homilia no XXXIII Domingo Comum B 2024

1.Que posso eu esperar? Esta pergunta (cf. Sl 38,8)continua a fazer caminho, dentro dos nossos corações. Todos desejamos, sonhamos e esperamos uma vida melhor, um mundo melhor, um futuro melhor. Mas hoje o progresso já não é um fator de esperança, como o foi no século passado; o progresso aparece-nos como uma ameaça, que gera dúvidas, medos e angústias. O entusiasmo pelos progressos tecnológicos, anunciados e celebrados na Web Summit(de 11 a 14 de novembro, em Lisboa), esfriam com as imagens terríveis das últimas cheias em Valença. No Azerbaijão (de 11 a 22 de novembro)está a decorrer a COP29, uma Convenção das Nações Unidas, sobre as alterações climáticas. Estas alterações climáticas não são uma vingança do Céu; são um grito de revolta da Terra, tantas vezes maltratada, espezinhada e explorada, sem regra nem medida, pela sede desenfreada de lucro e de poder. Não basta, pois, substituir as tecnologias sujas por outras mais limpas ou a industrialização selvagem por outra dita mais civilizada. A crise ecológica é consequência de uma crise moral do ser humano. A esperança do futuro constrói-se com mudanças no presente. Não queremos ser destruidores de um mundo a acabar. Queremos ser construtores de esperança de um mundo por acabar!

2.Que posso eu esperar? A Palavra de Deus – mesmo se nos parece cheia de más notícias – só pode ser uma Boa Nova de esperança! Ela oferece-nos, pelo menos, três pensamentos positivos, para caminharmos como peregrinos de esperança:

2.1.O primeiro pensamento positivo é que uma crise – mesmo a crise ecológica – pode degenerar, para uns, em tempo de angústia e aflição, mas, para outros, tornar-se uma oportunidade de conversão e salvação. De uma crise ou se sai melhor ou se sai pior. Não há um meio-termo. E a escolha está nas nossas mãos. O lado positivo da mensagem pode ser este: o que estamos a assistir não é o fim do mundo. A Criação, naturalmente sofre as suas dores de parto, porque está em gestação, em evolução, em transformação contínua. Pensemos como Santo Agostinho, que viveu, como nós, não uma época de mudança, mas uma mudança de época. Ele dizia: “isto é o fim de um mundo velho que acaba e o princípio de um mundo novo que começa”. Será novo, se escolheremos a melhor parte, fazendo da crise oportunidade de crescimento e mudança! Diante dos problemas, não passemos ao lado ou para o outro lado.

2.2.O segundo pensamento positivo é este:mesmo se o mundo, tal como o conhecemos, está a mudar, há coisas que nunca mudam: o amor de Jesus por nós. As sua Palavras de vida e de amor, a sua morte e ressurreição, são uma âncora de esperança, a que nos podemos sempre agarrar, no meio da tempestade. Seja qual for o nosso futuro, Jesus está ao nosso lado! Queiramos nós estar ao lado de Jesus. Queiramos ficar ao lado de Jesus e o futuro está também ao nosso lado.

2.3.O terceiro pensamento positivo é este:mesmo se tudo nos parece sombrio e escuro, com o sol a escurecer-se e a lua sem claridade, a nossa luz é Cristo e essa Luz brilhará sempre sobre nós. Ninguém apagará esta Luz. Ninguém Lhe fará sombra. Jesus vem ao nosso encontro para iluminar o nosso caminho e dizer-nos: Ofim do teu caminho não é o abismo, o nada, o vazio, o escuro. A tua vida é um caminho com saída para a Vida plena.Cabe-nos, pois, e por agora, e enquanto estamos neste mundo, lutarmos pelos novos céus e pela nova terra, cuidado com amor do pequenino mundo onde vivemos. Os nossos esforços por um mundo melhor nunca se perderão!

3.Que posso eu esperar? Neste 8.º Dia Mundial dos Pobres, ofereçamos, sobretudo a quem mais precisa, sinais concretos de esperança, sinais de um futuro melhor. Cuidemos dos pequenos detalhes do amor: parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto, uma partilha fraterna, uma refeição (cf. Mensagem VIII DMP, n.º 9). Estes gestos de amor, estas obras de misericórdia são obras de esperança, são como os ramos tenros e as folhas da figueira, anúncio e prenúncio de um tempo novo! Caminhemos nessa direção, “peregrinos de esperança com todos e para o bem de todos”!

 

 

 

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