Liturgia e Homilias na Comemoração de Fiéis Defuntos 2024
Destaque

Peregrinos de esperança, celebrámos, em primeiro lugar, a bem-aventurança dos santos, de Todos os Santos, que alcançaram a meta e receberam a coroa de glória. É uma multidão de testemunhas, que nos animam nesta peregrinação de esperança, que nos conduz ao encontro com o Senhor. Alguns destes santos têm imagens nos altares das nossas Igrejas, são venerados como exemplo e auxílio para a nossa fragilidade. Mas, entre “Todos os Santos” estarão muitos, cujos restos mortais se encontram neste cemitério, homens santos e mulheres santas, que viveram e conviveram connosco: santos de “ao pé da porta”, que foram nossos familiares, amigos, conterrâneos, da nossa idade e profissão. Entre os fiéis defuntos, muitos esperam a nossa oração e a nossa comunhão, para apressar e intensificar o seu caminho de purificação que os conduza ao Céu. Rezemos todos juntos, vivos e defuntos, uns com os outros e uns pelos outros. Rezemos pelos que partiram antes de nós, confiantes de que também eles intercedem por nós junto de Deus. Somos peregrinos de esperança. Quem espera em Deus sempre O alcança.

Homilia na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos 2024

1. «Vou preparar-vos um lugar» (Jo 14,2)! Não se trata de um espaço físico divinal. É um lugar, sem lotação limitada, no coração infinito de Deus. No coração de Deus, há um lugar para todos nós, seus filhos e filhas! Este lugar não é espaço de ocupação individual, mas espaço de relação, de encontro, de comunhão, de vida plena e de amor eterno, de comunhão feliz, em circulação aberta no coração de Deus. De modo, que esta esperança em Deus, de quem esperamos a salvação, não é apenas esperança para mim, mas esperança com todos e para o bem de todos. É o próprio Jesus que o diz na Sua promessa aos seus discípulos: “virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também”(Jo 14,3-4).  Deus oferece-se Ele mesmo, como nossa morada eterna, onde habitaremos para sempre. Assim o proclama o vidente do Apocalipse: “Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus” (Ap 21,3).  O nosso lugar prometido é o Céu. A Terra Prometida é Deus. Não é Deus que está no Céu. O Céu é que esta em Deus. Por isso, diante dos restos mortais, precisamos de recordar que somos, neste mundo, peregrinos de esperança, não em direção a uma meta sem saída, a um abismo escuro, mas vamos rumo ao encontro do Senhor da glória, que nos quer vivos e para Ele. Onde Ele estiver, aí estaremos nós, para sempre, com o Senhor. Assim, pois, onde encontramos nós e como experimentaremos a proximidade com os mortos? Na comunhão com Cristo. Quanto mais nos aproximarmos de Cristo, mais profundamente alcançaremos a comunhão com os que partiram antes de nós!

2. Mas a Palavra de Deus vai mais longe que a promessa de um lugar. Ela fala-nos de um Deus, que prepara um banquete (Is 25,6), de um Pastor que nos prepara a mesa na abundância (Sl 22/23,5). Este banquete é a imagem de uma família de irmãos e irmãs, em harmonia, em santa paz; é a imagem da plena comunhão desejada, da nossa vida inteira, alimentada por laços de afeto e de comunhão. Quantas vezes, a saudade de quem nos morreu tem a imagem de um lugar vazio à mesa!

3. Não, por acaso, desde o princípio, os cristãos tentaram exprimir sinais de comunhão, de solidariedade, de memória, de gratidão e de intercessão pelos seus mortos, fazendo frente a costumes pagãos, de que se destacava o famoso refrigerium. O refrigerium era um banquete celebrado junto do sepulcro dos mortos, em que se acreditava que o defunto tomava parte. Os cristãos do século IV e V aproveitaram o costume pagão do banquete, para fazer desse banquete um vínculo de comunhão entre vivos e defuntos. Tal costume teve de acabar, por causa dos abusos, e foi substituído pela celebração da Eucaristia.

4. Esta imagem do banquete faz-nos pensar que o lugar por excelência para o nosso encontro com os que partiram não é o cemitério, a terra, o ar ou o mar. É a Eucaristia, porque ela é a antecipação do banquete celeste: ela une céu e terra, vivos e defuntos, num mistério de comunhão, que a todos alcança. Um dia, quando minha mãe, já não tinha forças para sair do carro e ir comigo visitar a sepultura do meu pai, ela desabafou: “Deixa lá, vamos à Missa; na Missa estou mais perto do teu pai do que aqui”. No culto divino celebrado em algumas comunidades latino-americanas, quando se menciona o nome dos mortos, dos santos, dos mártires, a comunidade inteira exclama “Presente”. De facto, é na Eucaristia que a Igreja manifesta a sua comunhão eficaz com os defuntos” (CIC, 1371). «A Igreja oferece pelos defuntos o sacrifício eucarístico, a fim de que, pela mútua comunhão entre todos os membros do Corpo de Cristo, se alcance para uns o auxílio espiritual e para outros consolação e esperança» (IGMR 379).

5. Irmãos e irmãs: peregrinos de esperança, não descuidemos a flor, a vela, a oração, junto da sepultura, como sinal de esperança na Ressurreição. Mas procuremos ainda mais na Casa do Senhor um lugar à mesa da Eucaristia. Aqui, sim, encontraremos, em Cristo, todos aqueles que gostaríamos de ter à nossa mesa: os que ainda caminham na esperança, os que estão a ser purificados pelo amor do Senhor e os que já alcançaram a meta do Caminho. Seja a Eucaristia, mesa de peregrinos de esperança, onde há lugar para todos, com todos os santos e para o bem de todos os fiéis defuntos. Ámen.

 

 

 

 


 

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