Oito dias depois, no primeiro dia da Semana, cá estamos de novo, reunidos em comunidade, no lugar da Ceia, onde Cristo, de pé, vivo e Ressuscitado, nos preside e nos precede no Seu amor. Neste domingo, que São João Paulo II, instituiu no ano 2000, como Domingo da Divina Misericórdia, queremos abraçar a presença de Cristo Ressuscitado, que derrama sobre nós o seu Espírito Santo e com ele os dons da fé e da alegria, do perdão, da misericórdia e da Paz. Este é também o Domingo in albis, em que os batizados na noite de Páscoa, se apresentam vestidos de branco diante da comunidade. Este é o tempo oportuno para redescobrirmos nós as riquezas do nosso Batismo.

Abraça o presente da Páscoa, é Cristo vivo. Agarrado a Ele, viverás”. De braços abertos, com as mãos e os pés, de coração aberto a presença de Cristo vivo e ressuscitado. Cristo nossa esperança está vivo e é a mais formosa juventude deste mundo. Deixemo-nos abraçar e tocar por Ele, pois tudo aquilo que Ele toca torna-se jovem, faz-se novo, enche-se de vida. Então as primeiras palavras que quero dirigir a ada um de vós, crianças, jovens, adultos, anciãos, são estas: Cristo vive e quer-te vivo. Isto só o poderemos dizer, com verdade, se os outros puderem ver em nós um Cristo vivo, que está em nós e permanece connosco, para nos dev0lver a força e a esperança.

Esta é a noite do ano! A noite de todos os acontecimentos, a noite das grandes intervenções de Deus na nossa história. Estamos em vigília, em expectação noturna, em oração, para dar início à celebração do terceiro dia do Tríduo Pascal, o dia da Ressurreição. Na mais solene das vigílias, vamos proclamar a Ressurreição de Jesus, o acontecimento por excelência das grandes maravilhas de Deus operadas em nosso favor. Quatro grandes liturgias darão corpo à nossa celebração: a Liturgia da Luz, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal, e, como coroamento, a Liturgia Eucarística! Porque é de noite, começamos por acender a Luz. A Luz é a primeira obra da Criação. O Presidente desta celebração irá proceder à bênção do fogo, com o qual acenderá o grande círio pascal. A partir desse círio iremos acender as nossas velas. E só depois entraremos na Igreja em procissão.

A Homilia, em sintonia, com a de Quinta-Feira Santa, em que se acentuava a ideia da Ceia e da Presença de Cristo, que continua a dar-se hoje por nós em cada Eucaristia, desenvolve agora a ideia de uma paixão que também continua hoje. As reflexões estão inspiradas na leitura do livro de Tomás Halík, A tarde do cristianismo, sobretudo nas páginas 110 a 122, 190, 196-197, 214-217. “… Também a fé tem de morrer para ressuscitar, tem de passar pelo madeiro da dúvida, pela aridez e pela desolação, tem de descer aos infernos da dor e do abandono, tem de suportar as trevas do silêncio, tem de atravessar a noite escura da Cruz e permanecer no silêncio do Sábado Santo, em que a alma é consumida pela ausência de Deus, em que a única luz que nos guia é o desejo de Deus”.

Abraça o presente da Páscoa: é Cristo vivo.Um presente sempre presente. Com este propósito, completámos juntos o caminho quaresmal e chegámos agora à meta: a nossa transformação pascal, pela ação misteriosa do mistério pascal de Cristo vivo em nós. Abraçar o presente da Páscoa é antes de mais acolher o convite a participar da Páscoa do Senhor, receber e a reconhece o dom inestimável da Sua presença na Eucaristia. O grande presente da Páscoa é Cristo vivo, na Eucaristia. Ele faz-se presente na assembleia unida e reunida em Seu Nome, na pessoa d’Aquele que preside, no dom da Palavra que Se proclama, e, de modo único, nos dons do Pão e do vinho consagrados. Com este desejo ardente de celebrar, com Cristo, a Sua Páscoa gloriosa, tomados de assombro por tal convite imerecido, damos início agora à celebração do Tríduo Pascal do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. E fazemo-lo nesta Missa Vespertina da Ceia do Senhor, que nos reporta àquela mesma noite, em que Jesus, desejando ardentemente comer a Páscoa com os discípulos, os reuniu para a Ceia Pascal. Pelo Sacramento da Eucaristia, nós tornamo-nos misteriosamente contemporâneos deste grande acontecimento da Páscoa do Senhor. Fixemos então o nosso olhar na Cruz do Senhor. E, de pé, cantemos.

Abraça o presente da Páscoa, que é Cristo vivo. Agarrado(a) a Ele, viverás”. Irmãos e irmãs: com este desafio, temos vindo a percorrer o caminho da Quaresma à Páscoa, um caminho que fazemos juntos, unidos a Cristo, abraçando a sua Palavra, abraçando a Sua Vida, abraçando também a sua Cruz e a Sua Morte, para que, na comunhão com Ele, a nossa vida se transforme em Páscoa de vida nova. Hoje estamos aqui reunidos, para darmos início, em união com toda a Igreja, à celebração anual do mistério pascal, da Paixão, morte e ressurreição do Senhor. Essa é a meta do caminho de subida, que iniciámos na Quarta-Feira de Cinzas.  Foi para realizar este mistério que Jesus Cristo entrou na sua cidade de Jerusalém. Por isso, recordando com fé e devoção esta entrada triunfal na Cidade Santa, acompanharemos o Senhor, de modo que, participando agora da sua Cruz, mereçamos um dia ter parte na sua ressurreição. Voltemos agora o olhar para a Cruz, que abre a procissão de entrada, aclamemos a Cristo, agitando os nossos ramos e entoando-Lhe cânticos de louvor.

Passo a posso, Cristo manifesta-Se: Ele é fonte de água viva, no encontro com a samaritana! Ele é a Luz do mundo, no encontro com o cego! Ele é a Ressurreição e a Vida, no encontro com o amigo Lázaro! Os três Evangelhos destes domingos fazem-nos mergulhar nas fontes do Batismo, água que nos purifica, luz que ilumina, mergulho que nos regenera. À luz deste Evangelho, o Batismo é regeneração, mistério de morte e vida. Porque Ele não quer a morte do pecado, mas que se converta e viva, confiemo-nos, desde já, à Sua misericórdia.

Mais um passo no caminho para a Páscoa. Saímos do poço de Jacob, para dar um saltinho à piscina de Siloé. Depois de bebermos da Fonte de água viva, no encontro de Jesus com a Samaritana, somos hoje conduzidos, como o cego, à fonte luminosa, que é Jesus Cristo, Luz do mundo! Hoje celebramos o 4.º domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria. Mas este é também o dia do Pai,  do pai de cada um de nós, de todos os pais que, neste mundo, são a sombra do Pai celeste. Rezemos por eles e com todos eles.

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