Homilia no XV Domingo Comum B 2024
1. Estamos em tempo de verão e a homilia deve ser breve. Por isso, eu limitar-me ia a destacar a última frase do Evangelho, onde se diz que os discípulos de Jesus, por Ele enviados, «ungiam com óleo muitos doentes, curando-os» (Mc 6, 13). Este “óleo” faz-nos pensar no sacramento da Unção dos Enfermos que dá conforto aos doentes, que se encontram em perigo de vida. Curiosamente, a intenção de oração do Papa para este mês de julho, está centrada na importância deste Sacramento. Diz-nos o Papa Francisco: “A Unção dos Enfermos não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer. Não. Quando o sacerdote se aproxima de uma pessoa para lhe dar a Unção dos Enfermos, não está necessariamente a ajudá-la a despedir-se da vida. Pensar assim é desistir de toda a esperança. É dar por adquirido que depois do padre vem o coveiro. Lembremos que a Unção dos Enfermos é um dos «sacramentos da cura». E quando uma pessoa está muito doente ou idosa, é aconselhável dar-lhe a Unção dos Enfermos”, para se unir a Cristo na Sua Cruz e na sua glória, para sentir a Sua carícia, a Sua proximidade, a Sua predileção pelos mais frágeis.
2. Resumindo, o Sacramento da Unção dos Doentes é para quem está a sofrer e não para quem está a morrer; é para quem espera um remédio de fortaleza e de consolação e não uma ordem de marcha. Conclui o Papa: “Rezemos para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e às que lhes são mais próximas, a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança”.
3. Mas este “óleo”, referido pelo Evangelho, é também o óleo da escuta, da proximidade, da solicitude, da ternura de quem cuida da pessoa doente: é como uma carícia que a faz sentir melhor, que acalma a dor e revitaliza a alma. Mais cedo ou mais tarde todos nós, todos, precisamos desta “unção” da proximidade e da ternura, e todos podemos oferecê-la a outra pessoa, com uma visita, um telefonema, uma mão estendida, uma companhia serena. No Juízo final, uma das coisas sobre as quais nos interrogarão será sobre a nossa proximidade aos doentes: «estava doente e visitaste-Me» (Mt 25,36).
4. Irmãos e irmãs: Não poderíamos aproveitar este tempo livre, de férias, para visitar e acompanhar algum doente ou idoso? Não poderíamos substituir algum cuidador, esgotado, e sem férias, sem pausas na sua árdua missão, por uma hora, por um dia, por alguns dias, para ele que possa descansar, arejar e sair um pouco? Não poderíamos oferecer uma «boleia», um passeio, a algum doente ou idoso, para sair de sua casa, para poder vir à Missa, para matar saudades da sua comunidade? Que ninguém se sinta ou fique sozinho, que cada um possa receber esta unção da escuta, da proximidade, da ternura e do cuidado dos outros.
5. Manifestemos, por fim, o nosso apreço e encorajamento aos médicos, enfermeiros e a todos os profissionais e cuidadores de saúde, formais e informais. Tantos trabalham tanto, sem tempo para cuidarem de si mesmos, que acabam por se tornar curadores feridos. Que este óleo da unção se derrame, com toda a abundância, sobre quem mais precisa de cura e de salvação. Nesta missão, sejamos todos ministros da consolação e da esperança! Este é o tempo favorável para cuidar de quem cuida!