Liturgia e Homilias no XIII Domingo Comum B 2024
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Crença mágica ou confiança. Qual é a fé que nos salva? O Evangelho deste domingo, leva-nos a passar de uma fé, que é uma espécie de crença mágica num poder divino, a uma fé, feita de confiança, que brota do encontro pessoal com Cristo e nos faz levantar e ressurgir para uma vida nova. Esta fé no Senhor, que é fonte de vida nova, de ressurreição,  deve também traduzir-se numa vida comprometida com a caridade ativa, em partilha generosa, com os mais pobres. Deixemo-nos tocar por Jesus, deixemo-nos curar e salvar por Ele, que olha ao redor e vem ao nosso encontro, para nos alimentar na fé, na esperança e na caridade. Preparemo-nos para O receber.

HOMILIA NO XIII DOMINGO COMUM B 2024

 

1. A fé é que nos salva. Diz o Povo e com razão. Jesus também o disse àquela mulher: “a tua fé te salvou” (Mc 5,34).Mas qual é afinal a fé que nos salva? A crença mágica num poder divino ou a confiança de quem se entrega a uma relação pessoal com o Senhor? Sigamos o caminho da fé, de Jairo, um homem de nome, e o daquela mulher anónima, cuja vida se consome há 12 anos na esterilidade.  Os dois não eram, à partida, discípulos de Jesus, mas serão atendidos graças à sua fé.

Jairo, chefe de sinagoga, homem do aparelho religioso, era à partida, adversário de Jesus. Mas a filha está a morrer e ele renuncia a toda a esperança humana, para confiar e apostar tudo em Jesus. Vence o medo, do riso e das críticas dos amigos da sua classe, avança movido pelo desejo da cura de sua filha. E procura Jesus. É ainda uma relação com Cristo, feita talvez na base mais do interesse do que da entrega. Mas Jesus aceita fazer caminho com ele, apesar da multidão, entre apertos. E de repente, entra em cena uma mulher... Hemorroíssa, impura a seus olhos e aos olhos dos outros, sai da sombra e, decidida, vence a inércia dos que nada lhe fazem e, entre apertos, e contra a lei que a proibia de se aproximar, ela toca, à falsa fé, a orla do manto de Jesus, na esperança de que Ele a pudesse curar. Muitas vezes, a nossa fé vive mais na expetativa da cura, que da salvação.Para ela, Jesus é talvez ainda um curandeiro. Mas, num primeiro momento, Jesus contenta-se com a sua fé mestiça!

2. No meio destas duas figuras está Jesus. E no centro dos acontecimentos a fé. Jesus vai purificar a fé da mulher e a fé de Jairo. Vejamos, como: Primeiro, Jesus procura um rosto e quer saber da mulher que o tocou! Chama e tira a mulher do anonimato, e dialoga com ela, num encontro pessoal, onde ela se prostra e lhe confessa toda a verdade. Jesus quer confirmar, na fé verdadeira, o poder salvífico que ela lhe tentou “roubar” à falsa fé. Jesus quer fazê-la ver o imenso valor, as riquezas da graça, que tem dentro de si, e por isso lhe diz «A tua fé te salvou»! É a fé, que se faz busca, decisão, risco, rendição e confiança total em Jesus. Mais do que a cura, Jesus oferece-lhe a salvação pela fé. Jesus quer que a fé da mulher no seu poder passe a ser uma fé que brote de uma relação pessoal e vital com Ele. Depois, alguém diz a Jairo que a sua filha morreu. Neste momento de crise, que punha em perigo a fé de Jairo, é Jesus que vem em seu auxílio: «Não temas. Basta que tenhas fé» (Mc 5,36)!Como quem diz, «não voltes atrás. Não te deixes levar, por quem se ri de ti. Tem confiança. Quem crê em Mim, não morrerá jamais». Jesus isola-se da multidão e leva consigo apenas os mais íntimos: Pedro, Tiago e João. E, contra toda a esperança, Jairo acreditou com uma confiança firme no poder de Cristo sobre a doença e a morte, no poder da ressurreição.Diante de Jesus a morte física é apenas um sono: não há motivo para desesperar. A morte que devemos recear a do coração endurecido pelo mal!

3. Estas são duasbelas histórias de fé, com um mesmo itinerário de crescimento. Acreditar em Jesus Cristoé passar da crença mágica no seu poder de curar a uma confiança n’Ele, a uma relação pessoal e íntima, que nos salva. A Deus, nós pedimos muitas vezes a cura, o remédio, a resposta a necessidades concretas, e é justo fazê-lo, mas o que devemos pedir com insistência é uma fé cada vez mais firme, para que o Senhor renove a nossa vida, para que Ele nos acorde e levante de uma vida não amada, como a daquela mulher, ou de uma vida apagada, moribunda e adormecida, como a daquela menina. Recomeçar e mudar de vida é consequência da fé e é também uma maneira de ressuscitar em Cristo.

Peçamos ao Senhor, o dom de uma fé forte e corajosa, que nos estimule a ser difusores de esperança e de vida em abundância, entre os nossos irmãos e irmãs. Continuemos a pedir ao Senhor o dom daquela fé, que nos salva, renovando a prece de há oito dias: Eu creio em Vós, Senhor, mas aumentai a minha fé»!

 

 

 

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