Continuamos com Jesus, à beira-mar, a desfiar parábolas, que nos adentram nos mistérios do Reino de Deus. São mais três parábolas: a do trigo e do joio, que realça a paciência do Semeador e a concorrência do Maligno; a do grão de mostarda, que manifesta a grandeza escondida no que há de mais pequenino e humilde; e a do fermento na massa, que nos exorta a levedar o mundo com a força inerme do Evangelho. Hoje ficaremos apenas pela primeira parábola. Não tenhamos pressa em colher, mas paciência no semear! Há pressa no ar, mas não haja pressa em terra. Esta parece ser a mensagem da Palavra, que hoje vamos escutar. Confiemo-nos, desde já, à paciência indulgente de Deus, que nos julga com mansidão e bondade.
O tempo do verão e das férias permite-nos saborear a beleza e a riqueza da Criação. À beira-mar ou no alto da montanha, à sombra de uma árvore ou de sol a sol por entre as searas, os céus e a Terra proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Somos desafiados a abrir o livro da Natureza, com as mãos de um jardineiro e o coração de um poeta. A Natureza está cheia de palavras de amor, mas a pressa e o ruído, as ocupações e preocupações impedem-nos muitas vezes de as ouvir e compreender. Procuremos, desde já, desimpedir do terreno do nosso coração tudo o que impeça de deixar frutificar a boa semente da Palavra e do Reino de Deus.
Uma pausa no verão: põe de molho o teu coração. Dito de outro modo, Jesus deixa-nos o convite: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei”! Viemos até Ele, em resposta ao Seu convite! Sob o peso da nossa fragilidade, mas também na leveza da graça, que nos salva. Na alegria deste encontro com o Senhor, à volta da Sua mesa, confiemo-nos, desde já, à Sua misericórdia, para encontrarmos n’Ele a mansidão do coração, o refúgio sereno e a paz verdadeira.
Com o verão em força, apetece-nos ainda mais sair de casa, beber um copo de água fresca, mergulhar nos rios ou nas ondas do mar. Mas Jesus continua a bater à porta da nossa Casa e do nosso coração, para que O recebamos como Hóspede divino. Ele quer-nos escutar. Ele quer-nos falar. Ele quer partilhar a nossa mesa. Ele quer oferecer-Se como alimento que sacia. Na Eucaristia, recebemos a Cristo e Ele recebe-nos a nós. Comecemos por arrumar a nossa casa, limpar o nosso interior, para dispor o nosso coração a acolher a presença do Senhor. Invoquemos a Sua misericórdia.
“Não tenhais medo” é um refrão que se repete hoje, por três vezes, no Evangelho, mas que a Bíblia declina como um refrão, por 365 vezes, para que o medo não nos domine, não nos paralise e não nos contagie. Para vencer o medo, ponhamos, desde já, a nossa confiança no Senhor, que é Pai de todos e cuida de cada um de nós, com desvelo total e amor infinito. Confiemos-Lhe todas as nossas preocupações, porque Ele tem cuidado de nós. Aproximemo-nos d’Ele, com toda a confiança do coração.
Não somos uma multidão anónima.Somos um reino de sacerdotes, uma assembleia santa, um povo sacerdotal. Quando nos reunimos, em assembleia, para celebrar a Eucaristia, ativamos este sacerdócio comum dos fiéis, que recebemos de graça, no Batismo. Pelo Batismo, tornamo-nos membros deste Povo sacerdotal, que é chamado a fazer da sua vida um dom de amor, um sacrifício de louvor a Deus, pela salvação dos irmãos. Pelo Batismo, participamos deste sacerdócio de Jesus, unindo-nos, em Eucaristia, ao dom que Ele mesmo faz da Sua vida ao Pai por nós. Pelo Batismo, somos todos chamados pelo nome próprio, resgatados pelo mesmo amor e enviados em missão, para dar de graça aos outros, o que de graça recebemos do Senhor.
Estamos a celebrar o X Domingo Comum, passadas já as grandes festas e Solenidades! Mas a Liturgia de hoje permite-nos retomar os fios e recapitular os desafios das Solenidades da Santíssima Trindade e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Porque nos desafia a conhecer o rosto misericordioso de Deus e porque somos chamados a fazê-lo à mesa da Eucaristia, com o Senhor. Deixemos então que o olhar misericordioso de Jesus pouse e repouse sobre nós, para que nos toque e transforme o coração, para que nos levante do chão, nos sente à mesa e nos torne servidores da alegria do Evangelho.
Belo é este dia de quinta-feira, em que celebramos a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Nesta quinta-feira do «Corpo de Deus» recordamos, em espírito festivo, aquela outra Quinta-Feira Santa, em que Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e o vinho e, por meio destes dons, prometeu ser e estar presente connosco até ao fim dos tempos. Abracemos o presente da Eucaristia, que não é outra coisa senão a presença real e substancial de Jesus, que Se faz alimento da nossa amizade com Ele e da comunhão entre nós.