Irmãos e irmãs: Hoje é Domingo de Páscoa. E a Páscoa não engana. Mesmo sem os sinais habituais de festa (visita pascal tradicional, foguetes, visita às famílias), a Páscoa está aí com toda a sua força, em tantos sinais vitais de vitória sobre o egoísmo, sobre o mal e sobre a morte. Privados de manifestações externas de festa, celebremos a Páscoa com aquilo que é o mais íntimo e o essencial na celebração da Ressurreição de Cristo. Convidemos e celebremos a Páscoa de Cristo vivo, para que Ele transforme a nossa vida pelo poder com que venceu o pecado, o medo e a morte. Inundados pela beleza deste dia, celebremos juntos, na arca da aliança, a Páscoa gloriosa do Senhor.

Esta é a noite do ano, a noite de todos os acontecimentos, a noite das grandes intervenções de Deus na nossa história! Estamos em vigília, em expectação noturna, para dar início à celebração do terceiro dia do Tríduo Pascal, o dia da Ressurreição. Na mais solene das vigílias, vamos proclamar a Ressurreição de Jesus, o acontecimento por excelência das grandes maravilhas de Deus operadas em nosso favor, a realização plena, em Jesus, da Páscoa da nova aliança. Quatro grandes liturgias darão corpo à nossa celebração: a Liturgia da Luz, a Liturgia da Palavra, este ano mais breve, a Liturgia Batismal, este ano mais simplificada, e, como coroamento, a Liturgia Eucarística!

No cantinho da oração, nós colocamos, desde o princípio, uma Cruz. A Cruz é o tesouro da Arca da Aliança, que valorizamos neste dia da Paixão do Senhor. “Tão grande é o valor da cruz, que quem a possui, possui um tesouro” (Santo André de Creta). Porque é que a Cruz é um tesouro? “Sem a cruz, a Vida não teria sido cravada no madeiro. E se a Vida não tivesse sido crucificada, não teriam brotado, do seu lado, aquelas fontes de imortalidade, o sangue e a água, que purificam o mundo; não teria sido rasgada a sentença de condenação escrita pelo nosso pecado; não teríamos alcançado a liberdade; não teria sido vencida a morte nem poderíamos saborear o fruto da árvore da vida, não estaria aberto para nós o Paraíso”. Por isso, as nossas cruzes, “os desprezos, as dores e as aflições são os verdadeiros tesouros dos que amam a Jesus Crucificado” (Santa Margarida Maria Alacoque). Digamos uma vez mais, de cruz ao peito: “A Cruz é o meu tesouro, o mais precioso de todos os bens” (Santo André de Creta).

É em família que o povo de Deus começa por celebrar a sua Páscoa! E é para nós um sinal cheio de significado, que o Senhor Jesus queira ter instituído o sacramento da Eucaristia por ocasião de um importante encontro familiar: a Ceia pascal! Deixemo-nos inebriar pelo tesouro mais sagrado que, nesta noite, em família, recordamos e atualizamos à volta da mesa do altar: a Eucaristia. E, com este tesouro, agradeçamos os tesouros sagrados do sacerdócio ministerial, do mandamento novo. Mas glorifiquemos a Deus, especialmente pela beleza da Eucaristia, na qual Jesus, à mesa, Se oferece como o Cordeiro imolado, que sela com o Seu Sangue a nova e eterna aliança.

Irmãos caríssimos: Desde o princípio da Quaresma que fomos desafiados a subir com Cristo a Jerusalém para celebrarmos a Sua Páscoa gloriosa. Quisemos e queremos fazê-lo “todos juntos na arcada aliança”. Hoje, estamos aqui reunidos, para darmos início, em união com toda a Igreja, à celebração do mistério pascal do Senhor, isto é, da Sua Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição. Em Cristo, o Servo Sofredor, no dom da Sua vida até ao fim, cumpre-se a promessa da nova Aliança, à qual Deus é sempre fiel. Foi para realizar o sacrifício da nova e eterna aliança que Jesus Cristo entrou na Cidade Santa de Jerusalém. Por isso, recordando com fé e devoção esta entrada triunfal na Cidade Santa, acompanhemos o Senhor, de modo que participando agora na Sua Cruz, mereçamos, um dia, ter parte da ressurreição. Com os nossos ramos, aclamemos a Cristo Rei e Redentor. Ele é a Testemunha fiel da Verdade e do Amor.

Com este domingo entramos, por assim dizer, no pórtico da Paixão, da Morte e da Ressurreição do Senhor. A «Hora» de Jesus aproxima-se. Ouvi-l’O-emos, em oração, na sua agonia, rezar com clamores e lágrimas, suplicando ao Pai «salva-me desta hora». E vê-l’O-emos, na Hora da sua glorificação, ser lançado à terra, como o grão de trigo, que morre, para dar muito fruto! Elevado na Cruz, Jesus atrairá todos a Si. Percorremos, ao longo desta Quaresma, as grandes etapas da história do Povo de Deus e das sucessivas alianças. E, neste domingo, escutaremos a promessa de uma “nova aliança”. Assim, a relação entre Deus e o seu povo não se reduzirá mais a um contrato escrito nas tábuas da lei, mas será uma aliança inscrita no coração novo! E o coração novo é um coração purificado, recriado, renovado e transformado pelo amor de Deus!

«Com coração de pai» (Patris Corde = PC) são as primeiras palavras da Carta Apostólica que o Papa Francisco nos ofereceu, no passado dia 8 de dezembro, para nos propor, desde então, um Ano inteiro dedicado a São José.  É um modo de assinalar os 150 anos da Declaração de São José, como padroeiro universal da Igreja Católica, feita pelo Papa de então, o Beato Pio IX, em 8 de dezembro de 1870. Faz hoje precisamente 5 anos que o Papa assinou a Exortação Apostólica sobre “A alegria do amor em família” (dita em latim, «Amoris laetitia»). Para valorizar as perspetivas pastorais deste documento, inaugura-se hoje o “Ano Famílias «amoris laetitia»”, que só terminará a 26 de julho do próximo ano. São José, pai na sombra, inspira também este Dia do Pai. É ocasião para celebrarmos toda a paternidade humana, na qual se esconde e se revela a paternidade divina. Dêmos, pois, graças a Deus, pelo pai de cada um de nós, esteja ele entre nós ou vivo no céu. Invoquemos a misericórdia do Pai que está nos Céus.

Todos juntos na Arca da Aliança. Estamos a celebrar o 4.º domingo da Quaresma, o domingo «laetare», o domingo que traz o convite à alegria, porque o exílio e o confinamento não duram sempre; alegria porque a misericórdia de Deus é sempre maior que o nosso pecado; alegria porque o perdão é um dom capaz de fazer uma nova criação; alegria porque as trevas da noite dão lugar à luz mais clara que o dia. Alegria porque, nesta subida a Jerusalém, cheira já a Páscoa. Por esta alegria, a Liturgia da Igreja alivia do roxo para se vestir hoje de cor-de-rosa.

Pág. 28 de 75
Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk