Pés ao caminho. Juntos pelo Natal”. Este será o lema da nossa dinâmica pastoral, desde o início do Advento até à Festa do Batismo do Senhor. Para dar início a este caminhar juntos, em família, em comunidade cristã, de mãos dadas, com todos os irmãos e irmãs deste mundo, o desafio primeiro que se nos coloca é este: levantarmo-nos do chão, erguermos a cabeça para o alto, deixarmos as pantufas e o conforto do sofá e calçarmos um par de sapatos!  Queremos dar a esta bela caminhada um estilo sinodal, para aprendermos a percorrer juntos o caminho que Deus nos chama a fazer, em família, em Igreja, no nosso mundo. Porque caminhamos sempre juntos e à luz do Senhor, que vem até nós atravessando as espessas nuvens do nosso tempo, acendemos agora a 1.ª vela da Coroa do Advento.

Concluímos hoje o ano litúrgico, com a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A liturgia deste domingo convida-nos a contemplar o rosto humano e divino de Jesus, aclamado como o Filho do homem. Ele é o Rei do Universo, mas reina a partir da Cruz, naquele amor com que nos atrai para o Pai. Com Cristo, Rei e Senhor, aprendemos que o poder de Deus não se manifesta no uso da violência armada, mas no amor com que nos acolhe, nos perdoa e abraça a todos. Com Ele aprendemos que reinar é servir. É este o Seu modo de reinar: Ele não reina dominando-nos, mas atraindo-nos no Seu amor.

Pobres, sempre os tereis entre vós” (Mc 14,7). Do óbolo da pobre viúva, exaltada por Jesus no Evangelho do domingo passado, à celebração do 5.º Dia Mundial dos Pobres, neste penúltimo domingo do ano litúrgico, permanece bem atual o convite de Jesus a não perder de vista a oportunidade de fazer o bem. Não há melhor forma de garantir o futuro do que viver bem o presente. A Palavra de Deus, neste domingo, é mais um sinal de alerta vermelho, de redobrada atenção, não porque o fim do mundo esteja próximo, mas porque é urgente lutar por um mundo novo. Deixemo-nos interpelar por esta espécie de “Plano de Recuperação e Resiliência”, que a Palavra de Deus nos oferece para esta mudança de época.

Amarás o Senhor, teu Deus, com toda a tua alma, com todo o teu coração, com todas as tuas forças! Ouvíamos, há oito dias, esta belíssima fórmula de oração judaica, no diálogo entre Jesus e o escriba. Agora, ao vivo, no templo, Jesus confronta a soberba, a avidez e a hipocrisia dos escribas, que jogam as sobras, com a gratuidade, a confiança e a generosidade da viúva que dá tudo o que tem para viver. Na conclusão da Semana de Oração pelos Seminários, tenhamos presentes os seminaristas e os seus formadores. Ofereçamos ao Senhor a alegria das crianças, a ousadia dos adolescentes e o entusiasmo dos jovens, para que o Senhor, ao ver a riqueza do seu coração pobre, encontre neles a liberdade e a coragem de dar e arriscar tudo por amor a Deus e aos irmãos.

Memória, gratidão e esperança. Com estes sentimentos, que se atravessam no nosso coração, cruzamos esta ponte que nos une aos que partiram antes de nós, que une a Terra e o Céu, o tempo e a eternidade, o princípio vital e o fim último da nossa vida finalizada em Cristo. Reunimo-nos em oração, na certeza de que esta pode não só ajudar os que partiram antes de nós, mas também tornar mais eficaz a oração de cada um deles em nosso favor. Na Eucaristia, que juntos celebramos, encontramos o lugar por excelência desta memória viva da Páscoa do Senhor, da gratidão mais profunda do coração que se eleva para Deus em ação de graças. Que esta celebração (no cemitério)| Que esta Eucaristia (na Igreja)“aumente em nós a esperança de que os nossos irmãos e irmãs, chamados a ser pedras vivas do templo eterno de Deus, ressuscitarão gloriosamente com Cristo” (cf. Ritual das Exéquias, n.º 97).

Percorremos o caminho de nossa casa até chegar a esta Casa Comum, para cruzar a ponte entre a Terra e o Céu, entre a beleza do que já somos e o que ainda se há de manifestar em nós. A alegria do domingo, que ontem vivemos, prolonga-se agora neste dia solene e de festa em honra de Todos os Santos. À vitória pascal de Cristo, que celebramos em cada Eucaristia, associa-se o coro incontável dos eleitos, que aclamam em alta voz a alegria da salvação e nos ensinam a cantar um hino de louvor a Deus e ao Cordeiro.  Estes são dias para cruzar esta ponte, que nos une a todos, em Cristo, numa verdadeira comunhão dos santos. São os santos de antigamente e de longe, mas também os santos de hoje e de “ao pé da porta, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus” (GE 7).

A regra do distanciamento físico deve ser revogada para dar lugar à lei da proximidade, física e espiritual. Precisamos de aprender a conjugar o verbo amar com a escuta e a proximidade, o que implica amar de corpo e alma, com a luz da inteligência, com a ternura do coração, com a força dos braços, com o realismo dos gestos concretos. A Palavra de Deus, neste domingo, recorda-nos que “o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis e constituem um único mandamento” (Bento XVI, DCE 18). Participar nesta Eucaristia é, ao mesmo tempo, uma expressão do amor a Deus, único Senhor, mas que reverte necessariamente a favor de um amor mais puro e mais concreto ao próximo. Porque onde há amor nascem gestos.

Não podemos calar o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Não podemos deixar de testemunhar, com a palavra e a vida, os frutos do nosso encontro libertador com Jesus Cristo, que dá à nossa vida uma grande alegria, um novo horizonte e um rumo decisivo! Mas também não podemos calar o grito dos sem voz e a voz dos que gritam a partir das margens da vida e da sociedade, e pelo quais Deus nos está a chamar e a falar.  Neste Dia Mundial das Missões e em tempo de aprendizagem do caminho sinodal, deixemo-nos iluminar pelo cego, que recuperou a vista, e nos dá uma visão nova, uma visão na visão dos outros, com os quais aprendemos a olhar o mundo com novos olhos e a seguir juntos por um caminho novo.

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