Cristo vive! Cristo, nossa esperança, está vivo e é a mais formosa juventude deste mundo. Ele vive e quer-nos vivos (cf. Christus vivit, n.º 1). Este é um dia, para contemplarmos o mistério da nossa morte, na luz deste Cristo vivo e Ressuscitado. Graças à sua vitória pascal, o mal e a morte não terão a última palavra. Porque Ele, o Eterno Vivente, saiu vitorioso do túmulo, nós não mais atravessaremos sozinhos o vale tenebroso da morte, porque podemos contar com a Sua mão poderosa e encontrar n’Ele uma passagem para a vida plena. É deste Cristo vivo que recebemos o bálsamo para as feridas aberta no coração, pela morte dos nossos familiares e amigos. Que esta Eucaristia nos reconforte na dor e “aumente em nós a esperança de que os nossos irmãos e irmãs ressuscitarão gloriosamente com Cristo” (cf. Ritual das Exéquias, n.º 97).

Há oito dias recordávamos o mandato missionário de Jesus, a partir das palavras “Vós sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Hoje estamos a dar início à Semana de Oração pelos Seminários, onde fazem o seu caminho de discernimento os rapazes que escutaram o apelo de Jesus a descerem, como Zaqueu, da árvore dos seus desejos, para Se encontrarem a sós com Ele. O Seminário é um espaço e um tempo especiais, para viverem e crescerem na amizade e na intimidade com Jesus. Nesta Semana de Oração pelos Seminários, ressoa de novo o apelo de Paulo a não nos envergonharmos de Cristo e a darmos testemunho d’Ele (cf. 2 Tm 1,8). Peçamos ao Senhor, que nos ajude a superar os obstáculos que ainda nos impedem de O seguir com alegria e prontidão.

Há “gente que não sabe estar”! Nem diante de Deus, nem diante dos outros, nem no próprio lugar que ocupa. Era assim um fariseu, que rezava, de pé, como quem olhava para o espelho e só via as suas virtudes. Bem diferente era a oração humilde do publicano, que batia no peito, com a mão direita, apontando para oseu coração pobre e ferido pelo pecado. Neste Dia Mundial das Missões o Santo Padre recorda-nos que “os missionários de Cristo não são enviados para comunicar-se a si mesmos, mostrar as suas qualidades e capacidades persuasivas ou os seus dotes de gestão”. Pelo contrário, na sua fraqueza, são chamados a testemunhar a força do Espírito Santo, protagonista da missão.

A fé e a oração, o anúncio e o testemunho, o envio dos discípulos em missão, caminham sempre de mãos dadas. Nestes tempos difíceis, no nosso mundo e na nossa Igreja, quando nos perguntarem sobre o que fazer, a resposta estará sempre nas nossas mãos. Deus deu-nos as duas mãos para «nelas trazermos a alma», para rezarmos, celebrarmos e realizarmos as obras da fé. Por isso rezemos, celebremos e trabalhemos com as nossas mãos. Abracemos o presente de mãos dadas e de mãos erguidas. Nesta celebração, prestemos especial atenção à linguagem santa das nossas mãos.

Reunimo-nos em Eucaristia. E o que significa esta palavra Eucaristia? Eucaristia significa dar graças, bendizer, dizer bem, agradecer. A Eucaristia é – dito de modo muito simples – o nosso grande “obrigado” a Deus, por tudo o que Ele nos dá, nos diz e faz por nós. Na verdade, nada temos de grande, de belo e de bom, desde os dons da Criação aos dons da salvação, que não tenhamos recebido de Deus. Por isso, cada Domingo, nós celebramos a Eucaristia, não tanto para oferecer algo a Deus, mas para receber d’Ele aquilo de que precisamos para O seguir verdadeiramente. A nossa gratidão, a nossa ação de graças, não acrescentam nada à grandeza de Deus, mas dilatam o nosso pobre coração para receber tudo o que o Senhor nos quer dar.  Por isso, como dizemos no Prefácio da Missa, “é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte”. Nesta Eucaristia façamos memória agradecida da Vida que Jesus entregou ao Pai por nós. E peçamos que nos cure da lepra do esquecimento e da ingratidão.

“Senhor, aumenta a nossa fé” (Lc 17,5). Eis uma bela oração dos Apóstolos. Mas, pela resposta de Jesus, talvez esta oração deva ser dita e traduzida, hoje, por nós, de uma outra forma: “Senhor, dá-nos um pouco de fé e isso nos basta”! Na verdade, Jesus responde a este pedido da «muita fé» com duas imagens modestas: a da pequenez do grão de mostarda e a da humildade do servo disponível.  Em todo o caso, o Senhor prefere a fé humilde e serviçal dos pequeninos à fé arrogante e soberba dos que se julgam donos de Deus. Que a frescura da Palavra, o Pão da Eucaristia, a e o contágio do testemunho nos ajudem a crescer na pouca fé, na fé pequenina, na fé dos mais pequeninos.

 

 

Homilia no XXVII Domingo Comum C 2022

Há duas coisas que me (nos) desconcertam, neste Evangelho!

1. A primeira é o pedido dos apóstolos, que se assumem e reconhecem como pessoas de pouca fé. Eles sabem que só pela fé poderão aprender a confiança e suportar juntos com esperança as exigências do Caminho novo e o peso da Cruz. E por isso pedem apenas isto de presente: «aumenta a nossa fé». É um surpreendente pedido, uma confissão humilde de pobreza, que nos mostra como eles são e se sentem tão pequeninos na fé. Isto contrasta obviamente com a arrogância de tantos crentes, que se apresentam hoje como pessoas de muita fé, seguras de si mesmas, convencidas das suas virtudes, inchadas de uma pia e santa vaidade pelo seu percurso religioso, dentro ou à margem da Igreja. E, como prova disso, exibem os números da sua prática religiosa, os quilómetros a pé, as velas acesas, as promessas feitas, as graças recebidas em recompensa dos seus grandes méritos. Contrariamente a esta soberba, os apóstolos sentem que a sua fé é muito pequena, que deve ainda crescer, amadurecer, frutificar, no frio, na escuridão, na incerteza, na dúvida, no sofrimento, e até na morte, como o grão de trigo lançado à terra, que tem de morrer para dar fruto. Os apóstolos ensinam-nos a sermos humildes na fé. Uma grande fé não é uma grande coisa. E esta é a primeira coisa que me desconcerta e nos devia desassossegar.

2. A segunda coisa desconcertante é a resposta de Jesus. Ele não oferece aos apóstolos a «muita fé» que estes lhe pediram. Sugere-lhes a fé pequenina, como a de um grão de mostrada, feita de confiança, não nas próprias forças, mas no poder de Deus, que torna possível o impossível. Está visto que Jesus não quer apostar as suas fichas numa fé grande, mas, pelo contrário, quer simplificá-la, torná-la do tamanho de um grão de mostarda. Talvez a fé dos apóstolos quisesse ser grande demais, feita de muitas certezas – e a fé não se dá nas certezas, mas na angústia. A fé simples não se confunde com uma fé fácil, porque não é aquele sentimento religioso da paga de um favor, mas é a adesão do coração a Deus, pelo que Ele é em Si mesmo. Muitas vezes, será necessário fazer morrer a fé presunçosa, a fé grande, para fazer ressuscitar a fé como um grão de mostarda, pequena e cheia de poder. Só na medida em que esta fé “baixar a bola”, até se tornar pequenina como a semente de um grão de mostarda, é que ela poderá dar o seu fruto e manifestar toda a sua força. Jesus parece dizer-nos então: a pouca fé dos pequeninos contém mais vida e confiança do que a grande fé dos crentes convencidos. Deus nos livre então da fé grande, vistosa, poderosa, armada. O Senhor prefere a fé pequenina, a fé dos pequeninos. Esta é a segunda coisa que nos devia desconcertar.

3. Mas, irmãos caríssimos, se há aqui alguém que queira avaliaro tamanho da sua fé, use a medida que Jesus usou: a do serviço desprendido, gratuito, humilde, que não espera outra recompensa senão a alegria do dever cumprido. Se a fé é um dom, então este presente divino, esta dádiva da fé, será tanto maior quanto cada um for capaz de abraçar o presente e responder à chamada de Deus, de maneira muito simples: «Presente, eis o servo, eis a serva do Senhor. Eis.me aqui, para o que for preciso».

4. Posto isto, se os apóstolos não me levarem a mal, eu terminaria com uma prece ao Senhor, a pedir-lhe que conserve em nós o tesouro da «pouca fé»:

 

Senhor,

se a nossa religiosidade

está sobrecarregada das nossas certezas,

leva parte dessa «grande fé» para longe de nós.

Liberta esta religiosidade

daquilo que é demasiado útil.

Livra-nos da fé de chumbo, solidificada e inchada,

da fé fácil, convencida, armada, aliada ao poder,

feita de seguranças e de certezas.

 

Dá-nos, Senhor,

a fé por Ti querida,

a fé nua, a fé humilde, pequena, quase minúscula,

a fé dessossegada dos buscadores,

a fé temperada no fogo da crise,

a fé cravada no silêncio da cruz.

 

Dá-nos, Senhor,

um pouco de fé,

uma fé tão pequena como um nada,

como a semente de mostarda,

pequena, mas cheia do Teu poder,

que faz grandes os pequeninos

e fará ainda coisas maiores.

Senhor, sustém nas Tuas mãos

a minha fé sempre pequenina

e aceita os meus inúteis serviços.

Ámen.

 

Irmãos e irmãs: “Chegou a tua hora. Abraça o presente”. Este é o nosso lema para este novo ano pastoral. Gostaria, pois, que o nosso primeiro olhar, a primeira palavra, o primeiro gesto, fossem um abraço a todos e a cada um, um abraço de todos e de cada um. Irmãos e irmãs: a mesa da Palavra e da Eucaristia que partilhamos seja experiência feliz deste encontro, em que Cristo nos acolhe e nós nos acolhemos uns aos outros em Cristo. Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, invoquemos, desde já, a infinita misericórdia do Senhor.

Para rir ou chorar, divirta-se com estes 15 testemunhos(as) sobre o Pároco da Senhora da Hora, agora que vai entrar no 15.º ano por estas bandas.

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