homilia no xxviii domingo comum a 2023
1.Três palavras repetidas resumem a Mensagem do Papa Francisco, na JMJ, em Lisboa, nos primeiros dias de agosto. Todos as podem repetir, sem medo de se enganar. Digam lá?! “Todos, todos, todos”. O Papa inspira-se e fundamenta este seu desafio pastoral, precisamente na parábola que acabámos de escutar: Para o banquete nupcial do Filho, a ordem do Rei é esta: “Convidai para as bodas todos os que encontrardes”. E a resposta ao convite não deixa dúvidas: “Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram: maus e bons” (Mt 22,9-10). À mesa do banquete (Lc 15,21)têm lugar precisamente os aleijados, os cegos e os coxos, a tríade maldita daqueles que a Liturgia do Templo proibia de entrar (Lv 21,16-18).
2. À luz desta parábola, gostaria de deixar três desafios para este ano pastoral:
1. Todos, todos, todos: uma hospitalidade sem fronteiras. Convidemos todos, todos, todos. Na Igreja todos têm lugar. Não sejamos nós a julgar, a selecionar, a excluir, a recusar o visto de entrada! Não levantemos alfândegas na Igreja. Façamos da Igreja uma Casa sem portas nem janelas, aberta a todos: pais e filhos, avós e netos, bebés e crianças, adolescentes e jovens, adultos e idosos, justos e pecadores. Acolhamos a todos, todos, todos, pois na Igreja ninguém sobra, ninguém está a mais. Na Igreja há espaço para todos, tal como somos: bons e maus, jovens e idosos, sãos e doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos! Mas dirão alguns: “Ah, mas eu não vivo segundo as regras”; ou “ah, mas aquela não reúne as condições mínimas de vida cristã”; “ah, mas aquele é um mal casado”; “ah, mas aquela vive publicamente em pecado”. Por favor, não passemos o tempo a lavar roupa suja, julgando “este é digno; aquele é indigno”. Não. O Senhor não aponta o dedo, mas abre os braços a todos, a começar pelos que entram de roupa suja, pelos que têm consciência da sua pobreza, da sua nudez e por isso se deixam lavar, purificar e revestir de Cristo. Sejamos capazes de uma hospitalidade sem exceções, sem “mas nem meio mas”. Que ninguém se sinta, na Igreja, excluído, à partida, seja por que circunstância for. Pratiquemos uma hospitalidade sem fronteiras.
2. Juntos por um caminho novo: companheiros de umcaminho pessoal. A partir deste acolhimento, afetivo e efetivo, procuremos propor e acompanhar cada pessoa, por um caminho novo, segundo o seu ritmo e a sua capacidade. Cada pessoa encontrará Deus, pela sua própria estrada, sempre dentro da Igreja. Por isso, não façamos um convite seletivo, interesseiro e condicionado: “venham todos, mas tu primeiro tens de ser assim; tu primeiro tens de fazer aquilo”. Não. O convite é universal e gratuito: “Vinde todos às bodas”. Certamente, ao crescer a amizade com Jesus, virá também o arrependimento, a aceitação e a superação possível dos limites. Então, sim, cada qual, na sua vida de oração, no diálogo pastoral, com o seu guia espiritual e companheiro de viagem, há de encontrar o modo próprio de avançar e de realizar o bem possível. Numa palavra, vamos todos, todos, todos, com alegria, e juntos, como companheiros, por um caminho novo, que é também a história de um caminho pessoal!
3. Uma verdadeira Casa da alegria. Por último, desculpem a insistência: façamos da Igreja “Casa de alegria”, uma Casa de mesa posta, em banquete festivo. Tantas vezes a Igreja se tornou, para tantos de nós, a Casa do 7.º dia e não o lugar para a Festa da Eucaristia; o lugar onde porventura choramos, mas não rimos; onde rezamos, mas não cantamos; onde entramos, mas não participamos; onde nos sentamos à mesa, mas não comungamos!
Que o convite para a Eucaristia se torne experiência feliz de afetivo e efetivo acolhimento e de reconhecimento público de todos, todos, todos! Aqui viemos com alegria e daqui “vamos com alegria. Juntos por um caminho novo”!