Jesus sobe a parada e a escalada do amor, com este desafio: Amai os vossos inimigos! É bem alta a medida da vida cristã comum, que todo o discípulo é chamado a viver. Trata-se agora de amar não apenas quem é diferente de nós, mas também de amar quem nos ofende ou é contra nós. Perante a loucura deste amor sem medida, deste perdão gratuito, desta dádiva sem esperar recompensa, sentimo-nos pequeninos e suplicamos a Jesus que nos dê o que nos pede. Na medida em que nos deixarmos amar por Ele é que poderemos amar como Ele. Invoquemos e deixemo-nos transformar pela sua misericórdia e pelo Seu perdão.

Felizes! Felizes. Felizes. Felizes. É a palavra com que Jesus começa a sua pregação. E é o refrão que Ele repete hoje, por 4 vezes, como se quisesse, antes de mais nada, fixar no nosso coração uma mensagem basilar: se estás com Jesus, se gostas de escutar a sua Palavra, se procuras vivê-la cada dia, és feliz. Não serás feliz, mas és feliz! Aqui está a primeira realidade da vida cristã. Somos, em Jesus Cristo, filhos amados e esperados do Pai. Eis a razão da nossa alegria, uma alegria que nada e ninguém poderá tirar-nos. Aqui e agora, somos felizes porque convidados para o banquete do Reino. Vistamos o traje de festa, o coração simples e pobre, e confessemos ao Senhor a tristeza da nossa pouca alegria!

Três grandes pecadores, à cabeça da missão: Isaías, o homem de lábios impuros, a quem Deus chama e envia; Paulo, o menor dos apóstolos por ter sido perseguidor de cristãos, que a graça de Deus transforma em arauto do Evangelho; e Pedro, o pecador convertido por Jesus em pescador de homens. “Jesus faz milagres também com o nosso pecado, com aquilo que somos, com o nosso nada, com a nossa miséria” (Papa Francisco, O nome de Deus é misericórdia, 89-90). Diante do Senhor, reconheçamos humildemente, como Isaías, como Paulo, como Pedro, a nossa pequenez e o nosso pecado, para que o Senhor nos tome, transforme e envie em missão.

Caríssimos irmãos: celebrámos com alegria, há 40 dias, a solenidade do Natal do Senhor. Hoje é o santo dia em que Jesus foi apresentado no templo por Maria e José. Exteriormente cumpria as prescrições da Lei mas, na realidade, vinha ao encontro do seu povo fiel. Aqueles dois santos velhos, Simeão e Ana, tinham vindo ao templo sob a inspiração do Espírito Santo; iluminados pelo Espírito, reconheceram o Senhor e anunciavam-n’O a todos com entusiasmo. Também nós, aqui reunidos pelo Espírito Santo, caminhemos para a casa do Senhor ao encontro de Cristo. Aí O encontraremos e O reconheceremos na fração do pão, enquanto aguardamos a Sua vinda gloriosa!

E continuamos, com Jesus, na sinagoga de Nazaré, onde há novos desenvolvimento na reação dos seus conterrâneos. Depois do maravilhamento e louvor, vem o desencanto e a hostilidade. Quão depressa muda o coração em Nazaré. O fracasso de Jesus em Nazaré ajuda-nos a mantermo-nos de pé perante a rejeição, a recusa e a perseguição. Nós aqui vimos, para acolher Jesus, para que Ele não seja expulso da nossa cidade, nem rejeitado pelo nosso coração e para que Ele nos anime e fortaleça na missão. Deixemos que a Sua Palavra nos arda cá dentro e o Seu amor se apodere de nós.

Celebramos hoje, de modo festivo, o Domingo da Palavra. No dia 30 de setembro de 2019, memória litúrgica de São Jerónimo, o Papa Francisco fixou esta data para o Domingo da Palavra: precisamente o dia em que a Igreja celebra o III Domingo do Tempo Comum (Motu proprio Aperuit illis, n.º 3).  O Papa já tinha esclarecido o objetivo deste Domingo da Palavra: “Seria conveniente que cada comunidade pudesse, num domingo do Ano Litúrgico, renovar o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura: um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, para compreender a riqueza inesgotável que provém daquele diálogo constante de Deus com o seu povo” (Papa Francisco, Bula Misericordia et Misera, n.º 7). Vamos, por isso, nesta celebração, comprometer a nossa vida com esta Palavra e, à luz desta Palavra, rever toda a nossa vida.

Entramos no Tempo Comum. Mas o Evangelho deste domingo completa ainda o tríptico da manifestação: primeiro, aos Magos, depois, no Jordão e, por fim, nas Bodas de Caná: ali, Jesus manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele. Por isso, ao Tempo Comum, que agora começa, não falta a alegria da salvação, que começa por ser a alegria do amor conjugal, a alegria do amor em família. Há esta alegria em abundância, precisamente ali onde se manifesta a presença de Cristo e onde o Seu Espírito nos transforma com a abundância dos seus dons. Nós vivemos esta alegria, em cada domingo, no primeiro dia da semana, por causa da ressurreição de Jesus ao terceiro dia. Ora foi ao terceiro dia, que Jesus deu início aos Seus sinais, nas bodas de Caná, transformando a água das talhas da purificação em vinho novo da alegria messiânica. Invoquemos a sua graça, para que transforme a água inquinada dos nossos pecados em vinho novo de uma vida transformada.

Desde o 1.º domingo do Advento até à Festa do Batismo do Senhor, que hoje mesmo celebramos, pusemos pés ao caminho, juntos pelo Natal. Procurámos viver esta dinâmica, para um Natal sinodal, com um desafio, domingo a domingo, festa a festa, solenidade após solenidade. Até ao Natal, calçámos, sujámos e limpámos os sapatos, tirámos a pedra e gastámos a sola dos sapatos. Do Natal em diante, descalçámos os sapatos, mudámos de sapatos, demos brilho aos sapatos. Hoje, em que celebramos a Festa do Batismo do Senhor, o desafio não é o de encostar as botas ou calçar umas pantufas, mas é o de dar corda aos sapatos. Porque o Batismo de Jesus como o nosso é fonte de comunhão, de participação e de missão.

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