Liturgia e Homilias no XXV Domingo Comum A 2023
Destaque

As contas de Jesus, feitas de cor, com o coração, continuam a baralhar a nossa cabeça.Com o trabalho nas vinhas, que não dá tréguas, o desafio do Senhor, na parábola deste domingo, é largar tudo para trabalhar na Sua vinha e responder à hora em que Ele mesmo nos chamar. Ele sai ao nosso encontro, desde manhã cedo ao entardecer, e faz-nos o desafio: «Ide vós também para a minha vinha»! Não seremos os primeiros, mas a surpresa é reservada precisamente para os últimos. Ele recebe-nos e recompensa-nos, não pelo valor dos nossos méritos, mas segundo a grandeza e a bondade do Seu coração! Confiemo-nos então à graça infinita do Seu perdão.

Homilia no XXV Domingo Comum A 2023

1.Ou é de mim, ou Jesus não devia ter sido grande aluno a Matemática. Ele faz contas de multiplicar a dividir. Ele começa a contar a partir dos últimos. Ele salda dívidas insolventes. Ele reduz o infinito a 70x7. Ele soma a quem tem para dar e subtrai a quem retém para si. Isto não tem lógica nenhuma, para quem faz contas de cabeça. Ora, com estas contas baralhadas, Jesus pretende mostrar-nos que os nossos pensamentos não são os de Deus; a Sua lógica e a sua medida é a do Amor sem medida. Jesus não Se preocupa tanto em dizer como nos devemos comportar diante de Deus, mas revela-nos sobretudo como é que Deus, no Seu infinito amor, se porta, importa e comporta connosco!

2.Atentos à parábola, há, pelo menos, quatro atitudes, que não cabem na cabeça de ninguém e que “nos deviam dar a volta ao capacete e às tripas”:

Primeiro, ao querer falar do Pai, Jesus fala-nos de um proprietário que sai de casa, sem complexos de patrão. Não espera pelos pedidos de emprego no gabinete, não espera pela inscrição de voluntários. Sai. Sai do seu sofá, da sua comodidade Sai para a rua, sai às praças, passa pelas vielas e esquinas e chama a todos e a todas as horas.  Para lembrar a todos, que o Reino, a vida bela do Evangelho, é um bem que não pode ser desperdiçado. Perguntemo-nos então: Temos esta coragem de sair, de convidar, de chamar, de envolver, de provocar aqueles que nunca foram chamados para nada? Ou ficamos sentados, à espera de quem chega, à espera de quem se ofereça, de quem se interesse? O amor de Deus é um amor em saída! Sejamos, a seu jeito, Igreja em saída (cf. EG 20).

Segundo, este proprietário – que é imagem de Deus a chamar-nos a colaborar na edificação do Seu Reino – sai, por amor, a todas as horas e chega ao cúmulo de ir contratar às cinco da tarde, quando a jornada acabava às quatro. Isto é de loucos! Mas o Amor tem destas coisas e não usa relógio. Perguntemo-nos então: Fazemos da nossa missão um part-time, um meio-tempo reservado para algumas coisas de Deus e da Igreja, uma ocupação extraordinária, ou fazemos da vida uma missão, a tempo inteiro? Deus não nos quer a meias! Em tudo, sejamos inteiros! O tempo é agora!

Terceiro,este proprietário procura os que ninguém quer. Não analisa o curriculum, as provas dadas, as competências. Não pesca no aquário, nem caça no aviário. Sai à procura daqueles de quem ninguém quer saber, a quem ninguém chama ou convida para nada. Sai à procura de todos. “Todos, todos, todos”. Lembram-se? E nestes “todos, todos, todos”, estão, os desocupados, os parados, os estacionados, os desprezados, os perdidos, os fracassados, os mal-amados, os excluídos. Ele não aponta o dedo a ninguém, mas a todos abre os braços. Ele chama a “todos, todos, todos”, para trabalhar na vinha. Perguntemo-nos: E nós? Chamamos apenas os de «boa aparência», aqueles que já colaboram, ou temos a ousadia de desafiar a todos, a começar por aqueles que nem sequer parecem estar interessados?! Sejamos mais ousados e mais criativos? E deixemo-nos surpreender pelas respostas. O

Quarto, este proprietário não paga à hora nem a horas! Começa pelos últimos. Dá o mesmo a quem é da casa e a quem acabou de chegar. Numa palavra, Jesus parece dizer. A medida de pagamento não é o nosso mérito, a nossa produção. A medida de retribuição é a graça de Deus, a bondade do Seu olhar de Amor sobre nós. Para Deus, conta mais a prontidão da resposta do que o tempo de serviço. Perguntemo-nos, por fim: Sentimo-nos, na Igreja, «os donos da quinta» com direitos de preferência, porque, por aqui andamos há muito tempo, ou temos a largueza e a boa pressa do coração, para tomar a iniciativa, convidar, envolver, acompanhar, frutificar e festejar com todos? 

Irmão, irmã: Eis o dilema: aprender a fazer contas de cabeça ou a fazer contas de cor(ação)? Inscreve-te, na disciplina de Matemática divina!

 

 

 

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