Liturgia e Homilias no XXXII Domingo Comum C 2022
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Novembro traz consigo o problema da morte e, com ela, as grandes questões da vida. E a Liturgia da Palavra projeta hoje sobre nós a luz e a esperança da ressurreição, que celebramos em cada domingo, em cada Eucaristia! Concluímos hoje a Semana de Oração pelos Seminários, pedindo ao Senhor que não falte, à Igreja e ao mundo, o testemunho de vida dos padres, cuja escolha com sabor da eternidade é já um sinal da vida nova da Ressurreição.

Homilia no XXXII Domingo Comum C 2022

1. “Não te envergonhes de dar testemunho de Cristo”(2 Tm 1, 8)! Este é o tema da Semana de Oração pelos Seminários, que estamos a concluir. O desafio será ainda mais difícil de assumir – creio eu – por parte dos mais novos, das crianças, dos adolescentes e jovens, filhos da cultura do bem-estar, do efémero, sem lugar para as questões essenciais da vida, da morte e da ressurreição. Bastaria perguntar aos mais novos, se e como comemoraram o Halloween, se e como viveram a celebração de Todos os Santos, se e como participaram na comemoração de todos os fiéis defuntos?! Não será difícil perceber que o culto pagão da fealdade, promovido na noite do dia 31, ganhou, com grande vantagem, à celebração da beleza da santidade no 1.º dia de novembro e no dia seguinte de fiéis defuntos! Não é fácil para os mais novos, como para a maioria dos cristãos, dar hoje testemunho de Cristo Ressuscitado, no seio de uma cultura que silencia e esconde a morte e que troca a sua fé na ressurreição pelo mito da eterna juventude. Por isso, nos soube tão bem ouvir, na 1.ª leitura, o testemunho daqueles sete jovens hebreus, que preferiram morrer torturados pelos colonizadores gregos a negar a sua fé, a trair a sua pátria ou a renegar a sua cultura. Para eles, antes morrer que perder a vida para sempre. Eles acreditam num Deus que não pode deixar morrer para sempre os que por Ele dão a vida!  

2. Na receção entusiasta dos símbolos da JMJ, os nossos jovens abraçaram a cruz, carregaram o ícone de Maria e cantaram mil vezes “Jesus vive e não nos deixa sós. Não mais deixaremos de amar”. Devemos continuar a gritar nas praças e a partir dos terraços, esta Boa Nova: “Porque Jesus vive, não se morre mais! Porque Ele vive, a morte – como desfecho, como última palavra, como ponto final na vida – essa morte morreu. Porque Ele vive, a nossa Vida caminha para uma plenitude e não para um vazio, para um abraço amoroso e não para um abismo de solidão. Porque Ele vive este nosso corpo mortal não caminha para a diluição ou para destruição, para a fusão ou confusão entre os elementos da Natureza, mas caminha para a sua plena transformação gloriosa em Cristo. Porque Ele vive a nossa vida vale a pena e a morte é a nossa Páscoa definitiva. Porque Ele vive a vida eterna faz nova a vida presente”. Este anúncio vital de que “Jesus vive e não nos deixa sós, não mais deixaremos de amar” responde, no fundo, às perguntas dos saduceus sobre a ressurreição.

3.Irmãos e irmãs: ao concluirmos esta Semana de Oração pelos Seminários, coincidente com a celebração da nossa esperança cristã, deixemo-nos interrogar: Não será a troca do anúncio feliz da ressurreição pela simples promessa de uma vida melhor, uma das causas do desinteresse dos jovens pela Igreja e por uma vida cristã mais radical? Na verdade, se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, por que haveríamos de dar a vida toda por Ele? Se não se vive mais a vida sob o largo horizonte da eternidade, por que gastar a vida inteira pelo Reino de Deus? Se não se espera mais aquela vida da ressurreição, em que os filhos de Deus já «não se casam nem se dão em casamento» que sentido terá o celibato, como sinal antecipado dessa vida nova? Isto levar-nos-ia a outras perguntas fundamentais: a chamada «crise de vocações sacerdotais» e de outras entregas radicais na Igreja, não será sintoma da fé morta dos vivos, da sua falta de esperança na Ressurreição? Como poderá ser evangelicamente atraente a vida do padre, fora desta dimensão da eternidade? Se nos falta esta grande esperança da Ressurreição, como esperar que alguém faça escolhas definitivas de uma vida com sabor de eternidade?

4.Neste caminho apressado para a JMJ não iludamos os jovens com promessas imediatas, coisas passageiras. Os seus desejos de felicidade apontam para muito mais do que uma vida boa ou uma boa vida. Sejam eles, os jovens, a lembrar-nos a beleza da esperança em Cristo vivo, que move a nossa vida, pelo Seu amor, sempre mais forte do que a morte. Jovens: deixai ressoar nos vossos corações e anunciai a todos a mensagem que está inscrita no refrão do Hino da JMJ: “Jesus vive e não nos deixa sós; não mais deixaremos de amar”.

 

 

 

 

 

 

 

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