Não são histórias da carochinha as parábolas do Reino, que Jesus nos conta. Elas destinam-se a fazer-nos entrar no modo de Deus ser e agir neste mundo, a partir do coração de cada um. Ali, onde o amor de Deus, secreto e discreto, nos alcança e transforma, ali germina, cresce, floresce e frutifica o Reino de Deus. As parábolas deste domingo desafiam-nos a acreditar no potencial desenvolvimento da pequena semente, precisamente enquanto o semeador dorme e se levanta. Deixemos que este tempo, com o Senhor, na Eucaristia, seja o tempo do agir de Deus, que tanto pede a nossa colaboração como a nossa confiança, para sonharmos juntos um futuro melhor. De coração confiante, invoquemos a Sua misericórdia.
Na passada quinta-feira recordávamos que a Eucaristia instaura uma nova consanguinidade, uma nova familiaridade, uma nova fraternidade entre nós, em Cristo. Os que comem do mesmo Pão e à mesma mesa e os que bebem do mesmo cálice do Sangue de Cristo tornam-se consanguíneos, única família de Cristo, nutrida e reunida à volta da mesa do seu Senhor. Neste X Domingo, agora do Tempo Comum, é bom pensar que esta família também se afirma e cresce, dia a dia, como pequenina Igreja doméstica, à mesa da Palavra. A nova família de Jesus reúne-se, em cada domingo, nesta Casa, à volta de Jesus, para se sentar à mesa da Palavra e da Eucaristia.
«O casamento não é apenas um “ato social”», mas «uma vocação que nasce do coração», uma «decisão consciente para toda a vida, que exige uma preparação específica».
Esta é uma quinta-feira muito especial, para celebrarmos a memória agradecida do dom da Eucaristia, naquela outra quinta-feira, de feliz e santa memória. A gratidão por este dom do Corpo entregue e do Sangue derramado por nós comove-nos na amizade do Senhor e move-nos ao compromisso de uma vida oferecida pelos outros, até à última gota de sangue!
Concluído o tempo pascal, celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade. Quando falamos da Santíssima Trindade, referimo-nos ao imenso mar de Amor que é Deus e há em Deus. A Santíssima Trindade é este Amor eterno, inesgotável, que une, desde sempre, as três pessoas divinas: o Pai, que enviou ao mundo o Seu Filho; o Filho, que Se entregou ao Pai por todos nós; e o Espírito Santo, que é o Amor transbordante do Pai e do Filho derramado em nossos corações.
Estamos a concluir os cinquenta dias de Páscoa, com a grande Solenidade do Pentecostes. O Espírito Santo é derramado sobre a comunidade reunida em volta dos Apóstolos. É o sopro deste Espírito que põe fim ao confinamento da primeira Igreja e abre todas as portas e janelas com novas vistas e novos caminhos para a missão. Também hoje, neste Pentecostes de 2021, o Espírito Santo é um dom e uma presença de amor divino, que nos impele a enfrentar a novidade deste tempo e nos lança no mundo para darmos testemunho de Cristo vivo. Nesta Eucaristia, deixemos que o mesmo Espírito Santo, que converte a diversidade dos fiéis num só Corpo e converte o pão e o vinho no Corpo e Sangue do Senhor, transforme também o nosso coração e nos dê novo fôlego para a missão.
Hoje celebramos o Domingo da Ascensão. Da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão! Passados, para nós, os exercícios da «quarentena» – assim o esperamos – oxalá estes tenham sido tempos de preparação para algo novo, para o novo normal, que nos desafia a gastar a sola dos sapatos e a arregaçar as mangas, na construção de um mundo novo. Mesmo se a nuvem da incerteza e da surpresa nos esconde, de algum modo, o rosto de Cristo, sabemos que Ele continua a ser o Sol Nascente, que ilumina a nossa esperança, o Deus sempre presente, que está connosco todos os dias e até ao fim dos tempos. Neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa reitera o convite de Jesus “vinde e vede” (Jo 1,46),para irmos e sairmos ao encontro das pessoas, onde estão e como são. Para que desse encontro a notícia resulte em interpelação, em compromisso de mudança! Voltemos os nossos olhos para o Senhor, para que a sua misericórdia nos levante do chão, na direção da Pátria Celeste.
O dia é especial a vários títulos. A quinta-feira da ascensão, dia da Festa em honra de Nossa Senhora, coincide este ano com o 13 de maio, data da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima. Temos ainda duas marcas que balizam esta celebração: a do Ano de São José e a do Ano Família Amoris laetitia. O Ano de São José teve início a 8 de dezembro e assinala os 150 anos da Declaração deste «santo de ao pé da porta» como Patrono da Igreja. O Ano Família Amoris laetitia, que vivemos desde 19 de março último até 26 de junho de 2022, assinala os cinco anos da publicação da Exortação Apostólica do Papa Francisco, com esse nome, sobre a Alegria do Amor na Família. Mas também é muito especial o contexto desta celebração eucarística, sem a solenidade habitual por causa da pandemia. Esta hora da nossa história traz-nos uma esperança e um programa: o de ressurgirmos desta pandemia, com a atenção concreta de Maria aos gemidos do nosso povo e com a coragem criativa de São José. Com o olhar posto em Jesus, como o de Maria e de José, preparemos os nossos corações para a escuta da Palavra, para fazermos memória viva da entrega do Senhor por nós.