Liturgia e Homilias na Solenidade da Santíssima Trindade C 2022
Destaque

A Igreja celebra hoje a Solenidade da Santíssima Trindade. Quando pensamos na Santíssima Trindade, que é mistério de infinito amor, pura relação de amor (amor dado, amor recebido e amor comunicado), entre pessoas diferentes,então rapidamente encontramos na família um ícone, uma imagem, onde tudo isto transparece, de modo tão belo e tão familiar. A família cristã, fundada sobre o matrimónio cristão é a imagem transparente da família divina, que é a Santíssima Trindade. Por isso, em pleno Ano Famílias Amoris laetitia, e neste Dia Diocesano da Família, celebremos e vivamos este mistério de infinito amor, que é Deus e há em Deus, a partir da alegria do amor nas nossas famílias.

 

Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade | Ano C 2022

 

I. Hoje celebramos o mistério central da nossa fé: o mistério da Santíssima Trindade. Como poderemos contemplar a beleza deste mistério de Deus? Eu sugeria duas maneiras: a primeira é a de falar de Deus deixando Deus falar; a segunda é a de olhar para a pessoa e para a família e aí descortinar os traços caraterísticos do ser e do agir do nosso Deus, que é a fonte, o modelo e a meta de todo o Amor. Então deixemos Deus falar, através da Sua Palavra, em três palavras:  

1.ª: A convivialidade: O nosso Deus não é um Deus solitário, isolado, mudo, fechado sobre Si mesmo. Ouvíamo-lo na 1.ª leitura: “Deleitava-me sobre a face da terra e a minhas delícias eram estar com os filhos dos Homens” (Pr 8,31). O nosso Deus é um Deus em saída, não virado ou vidrado para Si mesmo, mas inteiramente voltado para nós. Não é um deus-selfie, mas um Deus que se retrata e reflete em nós. É o Deus da comunhão, da relação, do encontro. É um Deus que caminha connosco, fala connosco, brinca connosco, trabalha connosco. Ele é o Deus da convivialidade, da familiaridade entre pessoas diferentes e assim nos ensina o modo humano e divino de viver: viver é conviver, é viver juntos.E “a família é esse lugar onde aprendemos a viver juntos, a conviver com os mais novos e os mais velhos, unidos nas diferenças, avançando, apesar das nossas imperfeições e erros. Ele está connosco, preocupa-Se connosco, no vaivém desta barca agitada pelo mar” (Papa Francisco, Intenção de Oração para junho de 2022), porque vive e convive connosco.

2.ª: O Amor excessivo: Uma segunda caraterística é que este Deus do Amor não vive o Seu amor em circuito fechado, mas numa relação aberta, que se abre e se expande sobre nós. Dizia São Paulo: “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). O amor dado e recebido, entre o Pai e o Filho, é um amor que nos precede e excede, é um amor excessivo e efusivo, um amor que extravasa do coração de Deus para ser derramado em nossos corações. A esta luz, o amor é o ADN, a marca distintiva dos filhos de Deus. Amar e ser amado, viver no amor, do amor, por amor e para o amor, é a nossa vocação fundamental. Se olharmos, por exemplo, para o amor conjugal, à imagem da Trindade, tal amor não funciona em circuito fechado, de um a olhar para o outro, mas expande-se nos filhos e assim ambos olham na mesma direção!

3.ª: A reciprocidade: Uma terceira caraterística é a da reciprocidade deste amor divino, que mais parece uma dança, em que cada um dá o passo ao outro, dá lugar ao outro e se torna um lugar para o outro: “Tudo o que o Pai tem é Meu”, dizia Jesus. E, falando do Espírito Santo, acrescentava: “receberá do que é Meu e vo-lo anunciará”(Jo 16,15). Pensemos na palavra-chave do consentimento matrimonial, em que a forma de cada cônjuge se dar ao outro é receber o outro e receber-se do outro: “Eu, N., recebo-te a Ti, N.”. Na verdade, “quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do Matrimónio, Deus, por assim dizer, «espelha-se» neles, imprime neles os Seus traços caraterísticos e o caráter indelével do Seu amor” (AL 121)! De modo que entre os dois se vislumbra um terceiro, que é o primeiro: Deus-Amor.

II.Irmãos e irmãs: agora compreendemos como a família cristã, constituída pelo Sacramento do Matrimónio, é uma imagem belíssima da família divina!Por tudo isto, na Diocese do Porto, desde há 21 anos, este é também o Dia Diocesano da Família, em que muitos casais celebram o dom do seu amore renovam os seus compromissos matrimoniais.Que o seu (vosso)testemunho contagie os filhos e os netos e, sobretudo, dê alento e coragem aos casais que nem sequer arriscam o Matrimónio ou sentem o seu Matrimónio em risco. Que (vós)os casais e as famílias, já consolidadas no amor, tomem (tomeis)muito a peito os casais mais fragilizados ou ameaçados pela rutura. Sede famílias que cuidam de outras famílias.

III.Como nos pede o Papa, na sua Mensagem para o 10.º Encontro Mundial das famílias, “rezemos para que todas e cada uma das nossas famílias, através de gestos concretos, vivam a gratuidade do amor e a santidade na sua vida quotidiana” (Papa Francisco, idem)e assim mesmo glorifiquem o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ámen.

 

 

 

 

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