Mensagem do Pároco aos Pais e catequizandos em novo confinamento.
«Cumpriu-se o tempo» – diz o Senhor no Evangelho. Não esperes por outro momento, não adies para o futuro a possibilidade de te encontrares com Deus na sua Palavra! «Converte-te e acredita no Evangelho» significa: muda de vida e acolhe a Boa Nova, a Palavra que Deus Pai nos mandou. Só assim poderás conhecer o amor de Deus que, no seu Filho encarnado, nos revelou o verdadeiro rosto do Pai misericordioso. Celebra-se, hoje, em toda a Igreja, o Domingo da Palavra de Deus. Queremos abrir o nosso coração à presença divina nas Sagradas Escrituras e descobrir o sentido do nosso tempo.
“Onde moras?” (Jo 1,8)é a pergunta dos discípulos a Jesus, que querem entrar na Sua morada, para se tornarem todos irmãos, todos de casa.Aquele que Se manifestou no Presépio e no Jordão, como Deus feito Homem, nosso Irmão, é agora indicado por João Batista aos seus discípulos como «o Cordeiro de Deus». Na humildade da Sua entrega, Ele chama-nos a segui-l’O, de corpo e alma. Aquele Jesus, que contemplávamos como o Eleito e o Ungido do Senhor, somos agora chamados a deixá-l’O crescer dentro de nós e a segui-l’O na nossa vida quotidiana e familiar. O Evangelho de hoje introduz-nos assim no Tempo Comum, um tempo que serve para animar e averiguar o nosso caminho de fé, numa dinâmica que se move entre a manifestação e o seguimento, entre a manifestação e a resposta pronta da vocação e da missão.
Irmãos e irmãs: percorremos, desde o 1.º domingo do Advento, um percurso, em dez passos celebrativos, para vivermos, como irmãos, o tempo do Natal, em que se manifestou a graça de Deus e o Seu amor por nós. Este percurso, guiado pela Estrela da Fraternidade, desagua hoje, nas águas do Batismo. A festa do Batismo do Senhor prolonga a Epifania, isto é, a manifestação do Senhor, que o Pai declara ao mundo como Seu Filho muito amado. Sobre Ele desce e resplandece o Espírito Santo, que O manifesta publicamente como o Messias, que nos vem salvar dos nossos pecados.
Celebramos hoje a Solenidade da Epifania do Senhor. Epifania quer dizer «manifestação». Esta Solenidade está ligada à vinda de uns Magos do Oriente a Belém, para prestar homenagem a Jesus, o Rei dos Judeus. Com o seu gesto de adoração, os Magos testemunham que Jesus veio à Terra para salvar não só um povo, mas todas as nações. Por isso, a Epifania evidencia a abertura universal da salvação trazida por Jesus. A Liturgia deste dia aclama: «Adoram-Te, Senhor, todos os povos da Terra», porque Jesus veio para todos nós, para todos os povos! Ele não reserva o seu amor a alguns privilegiados, mas oferece-o a todos, para que no Presépio nos sintamos todos irmãos, todos de casa.
Queremos acolher, como Maria, a Santa Mãe de Deus, a graça desta crise, para estarmos à altura do tempo novo que nos é dado viver, com novos caminhos, novas escolhas, nova vida. Queremos, como Maria, guardar todos os acontecimentos no nosso coração, para deles tirarmos ensinamentos, que nos orientem no caminho da fraternidade e da paz. Para nós, este caminho de fraternidade tem também uma Mãe, chamada Maria. Também Ela quer dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, onde todos cuidam de todos, onde resplandeçam a justiça e a paz (cf. FT 278).
Neste domingo, dentro da Oitava do Natal, celebramos a Festa da Sagrada Família, de Jesus, Maria e José. Jesus nasce numa família modesta e, em toda a sua vida pública, Jesus entra e é de casa, na vida das famílias. Ele estará próximo das famílias em crise, em tribulação ou de luto. A sua família de Nazaré alargar-se-á até formar a grande família de quantos fazem a vontade do Pai: “esses – dirá Jesus– são minha mãe e meus irmãos” (Mt 12,48; Mc 3,34-35). Neste ano pastoral, [na nossa Diocese do Porto,]propomo-nos viver segundo este propósito: Todos família. Todos irmãos. E, no seguimento desse objetivo, vivemos a preparação e a celebração do Natal sob o lema: Todos irmãos. Todos de casa. A Casa da família, onde todos se sentem de casa, continua a ser, para a sociedade, para a Igreja, para o mundo, a célula primeira e a experiência-modelo de hospitalidade para toda a família humana. Na verdade, “anossa sociedade ganha quando cada pessoa, cada grupo social se sente – como em família –verdadeiramente de casa” (FT 230)! Por isso, a palavra-chave, para esta Festa e nestes dias, é esta: Hospitalidade.
Mensagem de Natal 2020 | Convite a ver o Presépio