Liturgia e Homilias no III Domingo Comum B 2021
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«Cumpriu-se o tempo» – diz o Senhor no Evangelho. Não esperes por outro momento, não adies para o futuro a possibilidade de te encontrares com Deus na sua Palavra! «Converte-te e acredita no Evangelho» significa: muda de vida e acolhe a Boa Nova, a Palavra que Deus Pai nos mandou. Só assim poderás conhecer o amor de Deus que, no seu Filho encarnado, nos revelou o verdadeiro rosto do Pai misericordioso. Celebra-se, hoje, em toda a Igreja, o Domingo da Palavra de Deus. Queremos abrir o nosso coração à presença divina nas Sagradas Escrituras e descobrir o sentido do nosso tempo.

Homilia no Domingo da Palavra – pistas e sugestões

 

A Homilia pode ser feita em jeito de lectio divina, seguindo, de modo simples, pelo menos, os 4 passos: leitura, meditação, oração, ação. Para tal, devem convidar-se os presentes a abrir a Bíblia, na passagem do Evangelho que acabaram de ouvir (Mc 1,14-20). É interessante manter uma conversação familiar com a assembleia, fazendo perguntas, de forma orientada, para ajudar os fiéis a descobrir as riquezas da Palavra. O facto do Evangelho deste III Domingo Comum (Ano B) dar conta do início do ministério público, com a retirada de João Batista, é uma boa pista para ajudar a compreender a relação de continuidade, rutura e separação entre o Antigo e o Novo Testamento: «O NT está oculto no AT e o Antigo está patente no Novo» (Santo Agostinho). Destacar o “cumprimento” e a “plenitude dos tempos” em Cristo e a centralidade do “Evangelho”, da “Boa Nova”, do “Reino de Deus”. O Reino de Deus, a vida tal como Deus a quer construir, está à nossa mão. É preciso “converter-se” (metanoia), pôr-se a pensar, rever a orientação da vida, reajustar a perspetiva. A resposta dos primeiros discípulos ao chamamento de Jesus é um bom modelo de quem escuta a Palavra e lhe obedece, sem se deixar “enredar” pela teia dos interesses pessoais. Na 2.ª leitura, São Paulo fala do cenário deste mundo, que é passageiro. Jesus dirá que tudo passa, céus e terra, mas as suas Palavras não hão de passar. Por isso, é sobre a rocha da Palavra de Deus, que se deve edificar a nossa fé. 

 

Homilia no III Domingo Comum B 2021

 

I.Todos família. Todos irmãos! E são todos irmãos os que Jesus chama, na primeira hora: Simão e seu irmão André, Tiago e seu irmão João. Jesus dá sinal de apreciar esta fraternidade humana, mas irá alargar as redes dos fios de sangue às redes tecidas pelos fios da Sua Palavra. Por isso, à Palavra de Jesus, os dois pares de irmãos deixam as redes, e até deixam o pai, deixam tudo, para seguir Jesus! Seguem assim, na prática, o mesmo Jesus que deixara José e Maria, para Se ocupar das coisas do Pai celeste (Lc 2,49), para anunciar o nome do Pai àqueles de quem não Se envergonha de chamar irmãos (cf. Heb 2,12). Os primeiros discípulos seguem Aquele Jesus, que começara a formar agora a Sua nova família, a comunidade dos Seus discípulos, a tal ponto que este mesmo Jesus dirá um dia aos familiares que O consideravam louco: “Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc8,19-21; Mc 3, 31-35). Sem negar os afetos e os vínculos humanos e familiares, Jesus desata e desenreda os discípulos dos nós cegos que ainda os prendem à família, à terra ou ao mar, para os fazer sair de si mesmos, para os tornar homens livres, todos irmãos. Assim, à volta de Jesus, na escuta partilhada da Sua Palavra, nasce esta nova fraternidade, uma verdadeira comunidade de irmãos. É sempre pela Palavra da Verdade (cf. Tg 1,18), pelo anúncio do Evangelho, que somos gerados e regenerados como filhos de Deus, que verdadeiramente nos tornamos todos família, todos irmãos.

 

II.Neste 3.º Domingo Comum, que o Papa Francisco instituiu como Domingo da Palavra de Deus, vale a pena considerar quanto a escuta e a partilha da Palavra de Deus, quanto o seguimento de Jesus, faz de nós uma nova família de irmãos. Uma família onde habita, com abundância, a Palavra de Deus, uma família que se deixa inspirar e iluminar, instruir e aconselhar pela Palavra de Deus (cf. Cl 3,16)não perde nada do que é humano, belo, bom e feliz, nos seus laços familiares. Pelo contrário, na luz e na força da Palavra, purifica os afetos, alarga horizontes, renova de ternura as relações humanas entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre avós e netos, entre o próximo e os vizinhos, tornando-se todos irmãos.

 

III.Como poderíamos então edificar a nossa e a nova família, sobre a rocha firme da Palavra de Deus? Deixo algumas sugestões, neste Domingo da Palavra, não uma vez por ano, mas uma vez por todo o ano:

 

1)        Criemos em casa um cantinho de oração com a Bíblia.

2)       Calendarizemos um tempo determinado (um dia, uma hora, uma vez por semana) e um determinado tempo (5 a 10 minutos)para a leitura orante da Bíblia.

3)       Escolhamos um texto breve da Bíblia ou deixemo-nos guiar pela(s) leitura(s) do dia.

4)       Façamos um breve exercício, lendo, relendo, meditando, correspondendo, com a oração e a vida, à Palavra de Deus.

5)       Fixemos da leitura bíblica uma frase, um sentimento, um refrão, como se fora um pensamento do dia ou da semana.

6)       Nas nossas filas e salas de espera, nas nossas viagens para a escola ou trabalho, ou de férias, usemos as novas tecnologias para escutar alguma passagem da Escritura.

7)       Nas dificuldades, peçamos ajuda a alguém, que nos guie na busca de recursos para um primeiro contacto com a Bíblia.

8)       Aprofundemos a nossa capacidade de leitura da Palavra de Deus em grupo.

9)       Acompanhemos filhos e netos, participando ou revendo com eles as catequeses e o compromisso da semana.

10)     Se não for mais, ao menos na Eucaristia, valorizemos a mesa da Palavra, com o vivo desejo de nos alimentarmos dela, para toda a semana.

 

Irmãos e irmãs, queridas famílias: “Ocenário deste mundo é passageiro” (1 Cor 7,31). Por isso, edifiquemos a nossa Casa, a nossa vida, a nossa família, sobre a rocha sólida da Palavra de Deus (cf. Mt 7,24-25), que jamais passará (cf. Mt 24,35).

 

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