Liturgia e Homilias na Festa da Sagrada Família 2020
Destaque

Neste domingo, dentro da Oitava do Natal, celebramos a Festa da Sagrada Família, de Jesus, Maria e José. Jesus nasce numa família modesta e, em toda a sua vida pública, Jesus entra e é de casa, na vida das famílias. Ele estará próximo das famílias em crise, em tribulação ou de luto. A sua família de Nazaré alargar-se-á até formar a grande família de quantos fazem a vontade do Pai: “esses – dirá Jesus– são minha mãe e meus irmãos” (Mt 12,48; Mc 3,34-35). Neste ano pastoral, [na nossa Diocese do Porto,]propomo-nos viver segundo este propósito: Todos família. Todos irmãos. E, no seguimento desse objetivo, vivemos a preparação e a celebração do Natal sob o lema: Todos irmãos. Todos de casa.  A Casa da família, onde todos se sentem de casa, continua a ser, para a sociedade, para a Igreja, para o mundo, a célula primeira e a experiência-modelo de hospitalidade para toda a família humana. Na verdade, “anossa sociedade ganha quando cada pessoa, cada grupo social se sente – como em família –verdadeiramente de casa” (FT 230)!  Por isso, a palavra-chave, para esta Festa e nestes dias, é esta: Hospitalidade.

Homilia na Festa da Sagrada Família B 2020

1. No Templo de Jerusalém, há dois anciãos hospitaleiros. Simeão recebe o Menino em seus braços, acolhe com encanto a maravilha daquela Vida que estava junto do Pai e agora Se manifesta ao mundo. Simeão bendiz a Deus e entoa um cântico de feliz despedida, próprio de quem parte ao encontro do Senhor, confiante de que será bem recebido em seus braços. Ana, viúva, uma profetisa de idade avançada, louva a Deus e fala a todos daquele Menino, no qual toma corpo, em carne viva, toda a esperança de Israel. Estes anciãos ensinam-nos o que é acolher Jesus, como alguém de casa, e são nosso modelo de hospitalidade.

2. Que significa, na prática, esta hospitalidade, na família, na Igreja e no mundo?

2.1. Na família, somos chamados a acolher Jesus, deixando que o Hóspede Se torne o Anfitrião, a tal ponto que Jesus Se torne Alguém de casa, uma presença familiar, habitual, permanente. Acolher Jesus significa deixar que a sua Paz reine em nossos corações, cultivando sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade e de paciência. Se deixarmos habitar em nós, com abundância, a Palavra de Cristo, se o louvor se tornar a música de fundo da nossa casa, se formos capazes de escutar juntos a Palavra de Deus, então, a família tornar-se-á uma Igreja doméstica, onde todos se acolhem e todos se submetem uns aos outros, no amor de Cristo, isto é, onde todos, por amor, se colocam ao serviço uns dos outros. Numa família assim, a Casa não se torna um casulo, mas uma Casa Comum, de modo que ali já ninguém é estranho, ou de fora, pois são todos irmãos, todos de casa.

2.2. Na Igreja, somos chamados a cultivar a mesma hospitalidade. Uma das bênçãos maiores das celebrações, em tempo de pandemia, foi obrigar-nos a criar equipas de acolhimento.Tivemos de aprender a acolher e a deixarmo-nos acolher, de modo que, na Igreja, se sintam todos irmãos, todos de casa.Como Simeão, sejamos capazes de abrir os braços e de bendizer a Deus, por quem chega até nós, mesmo se chega tarde e a más horas, mesmo se vem movido pela necessidade ou interesse, mesmo se é um desastrado no caminho da vida ou da fé. Edifiquemos uma paróquia acolhedora, capaz de encontrar lugar para “mais um”. Não nos tornemos pessoas rígidas, de nariz empinado, a marcar território, coladas ao lugar, como se fôssemos donos da casa.Tornemo-nos um lugar onde os outros, a começar pelos mais pobres e frágeis, se possam encontrar e sentir todos irmãos, todos de casa.

2.3. Também o nosso mundo, onde uma única família humana habita a Casa Comum, precisa de reaprender o dever sagrado da hospitalidade, para derrubar barreiras de autodefesa, destruir muros que separam, de um lado, «o meu mund0», onde estamos «nós», e de outro lado, «o outro mundo», onde estão «os outros». Digamos não ao isolamento e sim à proximidade, não ao confronto e sim ao encontro (cf. FT 30), não à exclusão e sim ao acolhimento, não ao descarte e sim à proteção, não à indiferença e sim à promoção, não à marginalização e sim à integração (cf. FT 129). Saibamos acolher o estrangeiro, com os seus dons e com os nossos dons (FT 133), mesmo que não traga, de imediato, benefícios palpáveis (FT 139), para que os filhos de Deus, em qualquer lugar deste mundo, se sintam todos irmãos, todos de casa.

3. Irmãos e irmãs: “a nossa sociedade ganha quando cada pessoa, cada grupo social se sente verdadeiramente de casa. Numa família, os pais, os avós, os filhos são de casa; ninguém fica excluído. Se alguém tem uma dificuldade, mesmo grave, ainda que seja por culpa dele, os outros correm em sua ajuda, apoiam-no; a sua dor é de todos. (…) Nas famílias, todos contribuem para o projeto comum, todos trabalham para o bem comum, mas sem anular o indivíduo; pelo contrário, sustentam-no, promovem-no. Podem brigar entre si, mas há algo que não se move: este laço familiar. As alegrias e as dores de cada um são assumidas por todos. Isto, sim, é ser família! Oh, se pudéssemos conseguir ver o adversário político ou o vizinho de casa com os mesmos olhos com que vemos os filhos, esposas, maridos, pais ou mães, como seria bom” (FT 230)!

Este é sonho de Deus: uma única família humana, todos irmãos, todos de casa.

 


 

 

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