Liturgia e Homilias no XXXIII Domingo Comum C | 12 e 13 de novembro 2022
Destaque

Celebramos hoje o 6.º Dia Mundial dos Pobres. São de esperança e confiança as palavras do Profeta Malaquias, que denuncia os soberbos e malfeitores e anuncia o raiar do sol de justiça e da salvação, para quantos honram o seu nome de filhos de Deus. Deus não dorme e os pobres são os seus eleitos! Na sua Mensagem para este dia, o Papa Francisco lembra-nos o exemplo de Jesus, “que sendo rico, Se fez pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza” (2 Cor 8, 9). E recorda-nos como, desde o princípio, a celebração da Eucaristia e o compromisso com os mais pobres caminham de mãos dadas.  Deixemos então que a Palavra de Deus nos interpele a abraçar o presente, não com medo e desconfiança, mas de braços abertos ao testemunho e sempre prontos para o trabalho.

HOMILIA NO XXXIII DOMINGO COMUM C 2022

Transformação, Testemunho e Trabalho

1.«Abraça o presente» tem sido o fio condutor do nosso caminho, desde o início do ano pastoral. E é um desafio, cheio de atualidade, frente à tentação de nos deixarmos amarrar ao passado ou de nos deixarmos paralisar e angustiar com o medo do futuro. Quando escutávamos hoje o Evangelho, até parecia que este deixou de ser Boa-nova e se transformou num telejornal, com um rol de desgraças à vista. Mas não. Jesus não quer assustar-nos com o fim da história, da vida, do mundo… tampouco quer anunciar o dia e a hora. Mais do que o fim, Jesus quer ajudar-nos a entender a finalidade da história. Tudo se encaminha, entre avanços e recuos, segundo um desígnio de amor, até alcançarmos os novos céus e a nova terra. As imagens terríveis e assustadoras pertencem ao passado, ao presente e ao futuro dos nossos dias deste nosso mundo sempre em mudança. Nada de novo debaixo do sol. Mesmo a grave crise que vivemos na Igreja não é o fim da mesma; têm esta finalidade de a purificar, de a renovar, de a reconduzir às origens, a Cristo. O nosso mundo em mudança não deve nunca assustar-nos. Deve comprometer-nos. Esse é o desafio. O desafio da Transformação.

2. Por isso, Jesus concretiza este «abraça o presente» com estas palavras: “tereis ocasião de dar testemunho” (Lc 21,13). E porque o tempo é longo e lentos são os processos de mudança nas pessoas, é preciso muita paciência, perseverança, resistência, capacidade de dar tudo, de dar a própria vida. Neste sentido, a ocasião, o tempo presente, não faz só o ladrão, o oportunista. A ocasião também faz o cristão, também é oportunidade! Tenhamos ou não algum compromisso pastoral na paróquia, tenhamos ou não alguma função pública na comunidade, em todo o caso e sempre, todos e sem exceção, são chamados a dar testemunho da esperança e da confiança na presença de Deus, que nunca nos abandona. Como? Empenhando-nos, rezando e trabalhando, com amor, dando o melhor, por uma Igreja renovada, por um mundo novo. Comecemos pelo Testemunho.

3. São Paulo traduzia esta ocasião num desafio muito concreto: “quem não quer trabalhar também não coma” (2 Ts 3,10). Os Tessalonicenses estavam iludidos com a ideia de que estaria para muito breve a última vinda do Senhor. E, por isso, não queriam fazer nada. Nós, como eles, à vista das desgraças, pensamos que já estamos no fim do mundo. Não. É sempre um mundo velho que acaba e um mundo novo que começa. Por isso, a ordem do Apóstolo serve para todos os tempos, nomeadamente para os cristãos que não se querem comprometer e podia traduzir-se assim: «quem não quer trabalhar, na Igreja ou no mundo, também não coma o pão da Eucaristia, não coma o pão de cada dia»! Muitos de nós vivemos uma fé reduzida a ócio ou a negócio, a um consumo religioso de fim de semana e segundo o próprio interesse. «Abraça o presente» quer dizer, «encontra a tua alegria no serviço, testemunha com a força dos teus braços e abraços, com o teu trabalho e a tua ternura, com o empenho e o amor de cada dia, que é possível edificar uma Igreja mais bela e um mundo mais justo”! Toca a trabalhar.

4.“Quem não quer trabalhar também não coma” (2 Ts 3,10). Neste 6.º Dia Mundial dos Pobres, não posso deixar de recordar que também há pobres, mesmo entre os que trabalham arduamente. Isto acontece “quando deixa de haver salário justo, horário justo de trabalho e se criam novas formas de escravidão, suportada por pessoas que, sem alternativa, devem aceitar este veneno de injustiça, a fim de ganhar o mínimo para comer” (Papa Francisco, Mensagem para o 6.º DMP). E às vezes, nem isso conseguem. «Abraça o presente» significa «olha para os pobres, toma a peito, e nos teus braços, as suas dificuldades, vê-os como irmãos, que te libertam e desafiam a uma vida mais sóbria e solidária». “No caso dos pobres, não servem retóricas, é preciso arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através de um envolvimento direto, que não pode ser delegado em ninguém” (Ibidem), nem substituído por outra preocupação, que julgamos prioritária. Este é o nosso primeiro campo de missão. Façamos da pobreza de Jesus Cristo “a nossa fiel companheira de vida”. Porque esta é a pobreza que realmente nos torna ricos!

 

 

 

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