A Assunção de Nossa Senhora é a Páscoa de Maria, é a festa da Sua plena participação na vitória pascal do Seu Filho Jesus Cristo. Maria, sempre unida ao Seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da Sua vida terrena, é associada à glória da Ressurreição do Seu Filho.No contexto destes últimos domingos, em que temos vindo a refletir sobre a identidade do discípulo missionário, aproveitemos este grande dia para contemplar a figura de Maria, primeira discípula missionária de Cristo.
Há caminhar e sair, mas há também parar e estacionar. O discípulo missionário é um peregrino, um caminheiro da fé, que se levanta à chamada do Senhor e segue o Seu caminho. Mas é também alguém que precisa de parar e reparar, de ser fortalecido pelo alimento, para depois recomeçar. A Eucaristia é o pão dos peregrinos, em que somos todos discípulos instruídos pela Palavra de Deus, alimentados pelo Pão vivo que desceu do Céu. Partilhamos esta condição com todos os peregrinos, migrantes e refugiados, que estão no centro da oração e da atenção da Igreja nesta semana que lhes é dedicada.
Não está recesso o pão do passado domingo! O dom do maná, do pão descido do céu, renova-se em cada Eucaristia. Por isso, vimos ao encontro de Jesus. A nossa fome da verdadeira Vida atrai-nos para o Alimento que dura para a vida eterna. Às vezes, esta busca de Jesus é uma procura errante e errada, procurando n’Ele mais um pão para comer do que um sentido para viver. Como discípulos missionários, vamo-nos sentar à mesa da Palavra e esperar, com toda a confiança, no Pão da Vida, que Ele tem para nos dar e transformar.
Todos discípulos missionários. Todos enviados e envolvidos por Jesus, na resposta à multidão faminta. Ele repete-nos, sem cessar: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Nós aqui vimos buscar o pão partido, para o repartir e multiplicar. Famintos e cansados, vimos ao lugar do repouso, onde o Senhor nos senta à mesa com Ele, para nos dar uma palavra de conforto e nos repartir o pão que restaura as nossas forças. Para o fazermos de mãos limpas e coração puro, imitemos e invoquemos a abundância da sua compaixão.
«Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco» (Mc 6,31)! É Cristo, o Bom Pastor, que se compadece de nós, seus discípulos missionários, e nos leva a descansar, nos conduz e nos prepara a mesa da abundância. Aqui reconforta a nossa alma. Vamos, na escuta da Sua palavra, e ao abrigo da Sua presença, celebrar o Domingo do nosso repouso, da nossa paz e da nossa alegria no Senhor!
Todos discípulos missionários! A liturgia deste domingo “volta à carga” com esta divisa pastoral. É com Amós, que tem de ir pregar para outra freguesia… é com os Doze, que são chamados até Jesus e enviados por Ele em missão. É com o Apóstolo Paulo, que nos recorda que, na base da vocação universal à missão, está a vocação à santidade. Deixemo-nos interpelar pela Palavra de Deus, que nos chama e envia.
Todos discípulos missionários! E somo-lo à imagem do profeta Ezequiel, que se levanta e é enviado a um povo rebelde. E somo-lo à imagem dos discípulos que acompanham Jesus, em missão na sua terra. E somo-lo à imagem de Paulo, que não conta com as suas qualidades ou fraquezas, mas que se apoia na graça de Deus.
“As mulheres abrem-nos o Evangelho”, escreve o Padre Tolentino, o tal padre português que foi escolhido pelo Papa para cuidar dos arquivos do Vaticano. E o Evangelho deste domingo é, a esse título, absolutamente exemplar. Comecemos por reconhecer a nossa miséria e a nossa indigência, para que o Senhor nos cure com o toque da Sua ternura e misericórdia e nos enriqueça com a Sua pobreza, para que tenhamos vida e vida em abundância.