Liturgia e Homilias - XIX Domingo Comum B (11 e 12 agosto 2018)
Destaque

caminhar e sair, mas há também parar e estacionar. O discípulo missionário é um peregrino, um caminheiro da fé, que se levanta à chamada do Senhor e segue o Seu caminho. Mas é também alguém que precisa de parar e reparar, de ser fortalecido pelo alimento, para depois recomeçar. A Eucaristia é o pão dos peregrinos, em que somos todos discípulos instruídos pela Palavra de Deus, alimentados pelo Pão vivo que desceu do Céu. Partilhamos esta condição com todos os peregrinos, migrantes e refugiados, que estão no centro da oração e da atenção da Igreja nesta semana que lhes é dedicada.

HOMILIA NO XIX DOMINGO COMUM B 2018

Discípulos caminheiros ou missionários de poltrona?

1. Agosto é, por excelência, o mês das viagens, das visitas à terra e das partidas para longe, das voltas por mundos desconhecidos, das caminhadas a pé e das peregrinações a Roma, a Santiago de Compostela, a Fátima, à Terra Santa. De tal modo que os de casa andam por fora e os de fora regressam ao aconchego da pátria. E assim nos descobrimos todos caminheiros, neste mundo que é uma aldeia global. Mas este é também o tempo de parar e de reparar, de se sentar por mais tempo à mesa, para saborear a alegria da família, o valor impagável e inapagável da amizade; este é o tempo de restaurar as forças, físicas, anímicas, espirituais e vitais. Por isso, o duplo apelo ao profeta Elias ressoa atualíssimo: “Levanta-te e come, porque tens ainda um longo caminho a percorrer” (1 Rs 19,5.7).

2. Ao longo destes domingos “do Pão da Vida”, temos vindo a refletir sobre a identidade do discípulo missionário. E, à luz desta mobilidade, que precisa de “paragens para abastecer”, podemos afirmar que ser discípulo missionário não é um estatuto, um estado de vida. O discípulo é chamado, nas bordas da estrada da vida ou da praia ou do posto de trabalho a fazer caminho com Jesus e a seguir Jesus como Caminho. Tudo começa pela atração que Cristo exerce sobre o discípulo, que assim se levanta à chamada de Cristoquando Ele passa, olha, chama e envia: “Levanta-te e vai'” (Mc 2,12; 10,49; Lc6,8; 7,14; 17,19; At 3,7; 9, 6.11; Ef,514).Levanta-te e vai até aquele lugar, ao encontro daquela pessoa! O discípulo é um caminheiro, itinerante. Neste sentido, “não existe uma evangelização de poltrona” (Papa Francisco, Meditação matutina, 19 de abril de 2018). O discípulo tem de trocar as pantufas por um par de sapatilhas, para caminhar com Jesus, para se levantar e sair ao encontro das pessoas. Era assim que Jesus evangelizava, sempre em caminho, sempre na estrada, sempre próximo das pessoas, atento às situações concretas.Por isso, este seguimento do discípulo de Jesus e o seu envio em missão faz-se sempre na comunhão com Ele, na companhia do Mestre. Como companheiro, Ele come o Pão connosco, faz-Se Pão descido do Céu, para que não faleça ou desfaleça a nossa vida! “O verdadeiro missionário sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio do compromisso missionário” (EG 266).

3. Este não é, pois, um caminho qualquer. Trata-se de caminhar na caridade, “a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós” (Ef 5,2). O mandamento novo é, pois, a nossa guia de marcha. O discípulo missionário “caminha na liberdade dos filhos de Deus, segundo o mandamento novo do amor” (Prefácio Comum VII). Jesus é bem claro: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 13,15).

4.Como seria bom… se todos os batizados se tornassem «caminheiros da fé», felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da Terra (cf. EG 106). Aproveitemos as pausas e os movimentos deste mês, para partilhar com os outros “como é bom” caminhar na companhia de Jesus, repousar n’Ele e saboreá-l’O como Pão da Vida, que não nos deixa viver à sombra da bananeira… nem morrer à sombra de um junípero (cf. 1 Rs 19,4-5)!

5.Apesar de agosto, a gosto vos convido “para descermos à rua (…) Não temos direito de ficarmos na janela a ver passar essa enorme multidão dos que nunca receberam o dom da fé ou já não conhecem o Senhor” (PDP 2018/19, n.º 3). Afinal, o que queremos ser? Missionários de poltrona? Ou discípulos caminheiros?

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