Homilia no XIV Domingo Comum B 2018
Todos discípulos missionários!Este é o lema do próximo ano pastoral 2018/2019, conforme projeto anunciado publicamente, na passada sexta-feira. E a liturgia deste domingo não deixa de nos interpelar, de uma forma muito viva, a tornarmo-nos todos discípulos missionários, de modo que todos anunciem e testemunhem a todos a alegria do Evangelho.
1. Esta missão não é, em primeiro lugar, levada a cabo por peritos da pastoral ou especialistas da evangelização. Esta missão diz respeito a todos e a cada um dos batizados, que receberam, como o profeta Ezequiel, o Espírito Santo e, por isso, devem levantar-se, sair da sua zona de conforto e descer à rua, sem medo da hostilidade, da indiferença, do sarcasmo. O mais importante não é o sucesso ou a conquista, mas sim a irradiação da beleza da fé e do testemunho de Cristo, de modo que todos saibam, através de nós, da nossa vida, da nossa palavra e do nosso testemunho, que o Senhor está no nosso meio. Por isso, “não temos o direito de ficarmos na janela a ver passar essa enorme multidão dos que nunca receberam o dom da fé ou já não conhecem o Senhor” (Projeto Pastoral 2018/2019, n.º 3). Nem sequer a nossa fraqueza é pretexto para a demissão, mas sim estímulo para a missão(cf. EG 121).Ninguém diga, pois, que não sabe evangelizar. “Quem não souber dizer mais nada, garanta aos outros que se sente feliz por conhecer e se deixar amar por Jesus Cristo” (Projeto Pastoral 2018/2019, n.º 3).
2. E afinal, a quem somos nós enviados? Todos somos enviados a todos! E isto não implica, em primeiro lugar, a missão lá longe, em África ou na Ásia. O Evangelho mostra-nos Jesus a enfrentar a obstinação e a dureza das pessoas da sua própria terra, como se Ele nos deixasse esta divisa: “Eu sou uma missão na minha terra e para isso estou neste mundo” (EG 273). Não obstante as resistências, as desconfianças, a falta de fé, Jesus continua firme no seu propósito de ensinar todas as gentes. Ele “percorria as aldeias dos arredores”, saía ao encontro das periferias, dos lugares mais áridos e difíceis. A missão começa, pois, para cada um de nós, na nossa casa, na nossa empresa, na nossa escola, na nossa associação, numa palavra, começa na nossa terra. Na minha terra é onde a missão é mais difícil? Sim. Mas, por isso mesmo, é onde ela é mais necessária! Que o respeito por outras escolhas ou estilos de vida, não nos impeça nem nos demova de propor Jesus Cristo. Senão a cultura do “respeito humano” acaba por se tornar indiferença e demissão!
3. E como nos tornarmos discípulos missionários, na nossa terra? Diz-nos o nosso Bispo, de modo muito concreto: “Gostaria que todo o nosso ano pastoral fosse atravessado pela atitude geral e dominante do «amigo traz amigo» ou «todos à procura de mais um». Assim, por exemplo, um aluno de Educação Moral e Religiosa Católica deveria colocar como objetivo que um colega, não inscrito, passasse a inscrever-se; uma criança ou adolescente que anda na catequese, fizesse o mesmo com um amigo que não frequenta; que um jovem da pastoral universitária ou do grupo de jovens da paróquia «conquistasse» um companheiro mais «afastado» dessas coisas; que um seminarista «entusiasmasse» um outro possível seminarista; que uma família «adotasse» outra família para lhe difundir a mensagem cristã, particularmente entre alguma que saiba estar em dificuldades de relacionamento ou que já se fraturou; etc.” (Projeto Pastoral 2018/2019, n.º 8).
Irmãos e irmãs: não estamos nunca de férias nem fora do campeonato da missão! “Somos uma equipa constituída somente por titulares. Ninguém fica no banco dos suplentes. Todos e cada um descemos ao relvado para fazermos a parte que nos toca. Se todos derem o melhor de si no lugar que lhes compete, a equipa será coesa, determinada, vencedora” (Ibidem, n.º 3)e marcaremos pontos para a conquista do título maior do Reino de Deus!