Há oito dias, a primeira parábola do Evangelho sugeria-nos a estranha confiança do semeador, que via a semente germinar e crescer, «enquanto ele dormia e se levantava». E hoje, o mesmo Semeador, agora na imagem do comandante da barca, resolve deitar-Se a dormir, à popa, sobre uma almofada. A imagem é sugestiva: Jesus permanece no comando da nossa barca, da nossa vida, ainda que muitas vezes nem nos apercebamos da serenidade da sua condução! Não é a nossa agitação que conta. É o seu sono tranquilo. É neste clima poético de silêncio e de espanto, que nos abeiramos do mistério humilde da presença escondida de Deus, que de novo nos desafia a confiar na Sua presença. Reconheçamos a nossa pouca fé.

Não são histórias da carochinhaas parábolas do Reino, que Jesus nos conta. Elas destinam-se a fazer-nos entrar no modo de Deus ser e agir neste mundo, a partir do coração de cada um. Ali, onde o amor de Deus, secreto e discreto, nos alcança e transforma, ali germina, cresce, floresce e frutifica o Reino de Deus. As parábolas deste domingo desafiam-nos a acreditar no potencial desenvolvimento da pequena semente, precisamente enquanto o semeador dorme e se levanta. Deixemos que este tempo, com o Senhor, na Eucaristia, seja o tempo do agir de Deus, que tanto pede a nossa colaboração como a nossa confiança, para sonharmos juntos um futuro melhor. De coração confiante, invoquemos a Sua misericórdia.

Na quinta-feira do Corpo de Deus recordávamos que a Eucaristia instaura uma nova consanguinidade, uma nova familiaridade, uma nova fraternidade entre nós, em Cristo. Os que comem do mesmo Pão e à mesma mesa e os que bebem do mesmo cálice do Sangue de Cristo tornam-se consanguíneos, única família de Cristo, nutrida e reunida à volta da mesa do seu Senhor.  Neste X Domingo do Tempo Comum, é bom pensar que esta família também se afirma e cresce, à mesa da Palavra de Deus. A nova família de Jesus reúne-se, em cada domingo, nesta Casa, à volta de Jesus, para se sentar à mesa da Palavra e à mesa da Eucaristia. E assim nos tornamos irmãos.

Partilhar o Pão, alimentar a esperança. Reconheceram-n’O ao partir do Pão.Este é o lema do Congresso Eucarístico que decorre, em Braga, desde o dia 31 e finaliza neste domingo. Sobre o tema, refletimos já na passada quinta-feira, Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Em estreita ligação, a Liturgia da Palavra deste Domingo aponta para a celebração do Dia do Senhor, ao recordar-nos o preceito do descanso sabático, em memória do repouso de Deus, no último dos sete dias da semana da criação e em memória da libertação do Egipto. Nós, os cristãos, celebramos o domingo, o 1.º dia da semana, em memória viva e semanal da Páscoa do Senhor. De algum modo, o domingo, o 1.º dia da semana alimenta a nossa esperança, porque nos antecipa e remete para o domingo sem ocaso. Para nós, o Domingo cristão supera o sábado dos judeus. É mais do que um dia para o descanso. É o dia do encontro com o Senhor Ressuscitado. Que Domingo seria, para o cristão, aquele no qual lhe viesse a faltar o encontro com o Senhor?!

Esta é uma quinta-feira muito especial, destinada a celebrarmos a memória agradecida do dom da Eucaristia, naquela outra quinta-feira, de feliz memória. A gratidão por este dom do Corpo entregue e do Sangue derramado de Jesus por nós move-nos ao compromisso da partilha do pão e da dádiva do sangue até à última gota! Estamos nas vésperas do 5.º Congresso Eucarístico Nacional, que decorrerá em Braga, de 31 de maio a 2 de junho, subordinado ao tema: “Partilhar o pão, alimentar a esperança. «Reconheceram-n’O ao partir do Pão» (Lc 24,35)”. Que a celebração desta Solenidade e a realização deste Congresso desperte em nós o enlevo eucarístico, o assombro perante o admirável mistério da fé, o imenso tesouro que é a Eucaristia. Ela alimenta a esperança, na medida em que nos transforma e assim transforma o mundo. Ela alimenta a esperança, no mundo novo que há de vir, porque “é um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (Ecc. Euch. 19).

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