Agosto fora, entramos em setembro. Para trás, ficam as tradições, as festas, as férias, as viagens, as peregrinações. Certamente, a mudança do calendário cheira-nos a um tempo novo, de começo ou de recomeço da nossa vida quotidiana, no retomar do trabalho, na preparação do ano escolar, na entrada na universidade, no regresso à vida comunitária. Mas este não é só o tempo dos recomeços. O dia 1 de setembro é o Dia Mundial de Oração pela Criação, uma tradição rica dos nossos irmãos cristãos ortodoxos, que, pouco a pouco, foi abraçada pelas outras Igrejas cristãs e também pela Igreja Católica, desde o ano de 2015. Entre 1 de setembro, Dia Mundial de Oração pela Criação, e 4 de outubro, memória litúrgica de São Francisco de Assis, somos desafiados a viver, com todos os cristãos, o Tempo da Criação. É oportunidade para vivermos “a nossa vocação de guardiães da obra de Deus, como parte essencial de uma vida cristã virtuosa” (LS 217).

Jesus dá um murro na mesa, que sabe a um murro no estômago dos discípulos, que não conseguem digerir as palavras duras no final do Discurso do Pão da Vida: “E vós, também quereis ir-vos embora?”, diz-lhes Jesus. Muitos séculos antes, também o povo de Israel fora confrontado com uma opção: “A que Deus quereis servir”? Porque não se pode andar de bem com Deus e com o Diabo. São opções de vida, que também se refletem nas relações entre marido e esposa e na opção pelo matrimónio. Tudo se conjuga em apelos que pedem resposta. Nós, se aqui estamos e aqui viemos, é porque queremos dizer com e como Pedro: A quem havemos nós de ir... se só Tu tens palavras de Vida Eterna?

«Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei»! Ao convite do Senhor, que nos chama a participar na Sua mesa e assim a comungar da Sua Vida, nós aqui viemos. Conclui-se, neste domingo, a quinquagésima segunda (52.ª) Semana Nacional de Migrações sob o tema: “Deus caminha com o seu povo”. Aproveitamos para saudar todos os imigrantes, que vieram de outros países ao nosso encontro, à procura de melhores condições de vida e agradecemos-lhes o contributo que têm dado ao nosso país, com a riqueza das suas diferenças culturais e o seu testemunho de fé, de coragem e de resiliência. Saudamos também os portugueses emigrantes no estrangeiro, que estão por estes dias a gozar algum tempo de férias entre nós. Que seja um tempo de retemperar forças e de reforçar laços de fraternidade. Façamo-lo, desde já, na partilha do Pão da Palavra e da mesa desta Eucaristia.

Celebramos a meio de agosto, a Assunção de Nossa Senhora, a Páscoa de Maria. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é a primeira criatura associada à glória da ressurreição do Seu Filho. Ela é a nossa campeã do ouro mais fino. Ela é a Estrela de mais brilho nos céus. Ela corre ao nosso encontro para nos fazer caminhar com os pés em terra e os olhos postos no céu, meta do nosso caminho para o Pai.

Levantámo-nos, saímos de casa, das nossas coisas e da nossa vida, e caminhámos ao encontro desta mesa, na nossa Casa comum, para nos fortalecermos com o Pão dos peregrinos. Atraídos pelo Pai, viemos com alegria ao encontro do Senhor. Jesus é então o nosso Pão e o nosso Caminho, é o nosso Guia e Companheiro. Partilhamos esta intimidade itinerante com todos os peregrinos, migrantes e refugiados, que estão no centro da oração e da atenção da Igreja nesta semana, que lhes é especialmente dedicada: é a quinquagésima segunda (52.ª) Semana nacional das Migrações, subordinada ao tema: “Deus caminha com o Seu Povo”.

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