Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”. Este é o desafio do Papa neste Dia Mundial das Missões. Missão até aos confins da Terra, levada a cabo por tantos cristãos, homens e mulheres, leigos e consagrados, que anunciam a Boa Nova lá mais longe. Missão na nossa terra, nos nossos ambientes. Cada um de nós é chamado a assumir a própria vida como missão e a refletir hoje sobre esta realidade: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» (EG 273). 

Homilia no XXIX Domingo Comum B 2018

 

1.À direita ou à esquerda, tanto faz, aqui estão dois candidatos ao lugar, na formação do futuro governo do Reino! Dois dos discípulos, que vão de pé, seguindo Jesus no caminho para Jerusalém, aproximam-se d’Ele e querem um lugar privilegiado onde possam sentar-se. Em vez de um Reino de servidores, começa aqui a desenhar-se um Império dos sentados. Em vez de ir a jogo, estes preferem sentar-se no banco dos suplentes; em vez de um par de sapatilhas, para sair ao encontro dos outros, eles procuram o conforto de uma poltrona donde possam chefiar e dominar o mundo! Tão jovens estes dois discípulos e, pelos vistos, já prontinhos para uma reforma dourada e antecipada. E, pelo que se percebe, este vírus mundano do clericalismo, do oportunismo, do carreirismo, da competição, da luta pelo poder, também tinha contaminado os outros dez, que se indignaram por não ficarem nos primeiros lugares do concurso!

 

2.Com santa e infinita paciência, Jesus chama os seus discípulos para uma nova ação de formação. Têm de mudar o seu “software”, a sua forma mundana de ver e pensar, de modo que não procurem um lugar de poder para si, mas se tornem um lugar de serviço para os outros. E o modelo perfeito, atraente e motivador desta mudança de rota é o próprio Jesus, o Filho do homem. Ele não olhou à sua condição divina, mas fez-Se Servo de todos. Não Se pôs em bicos de pés, mas abaixou-Se para lavar os pés aos discípulos. Não Se impôs aos outros com a força das armas, mas depôs-Se diante dos homens, com as mãos da ternura. Não Se inclinou perante a sedução do poder e das riquezas, mas reclinou-Se para servir os mais pobres e desprezados, identificando-Se com eles. A partir da Cruz de Jesus, o discípulo “aprende a lógica divina da oferta de si mesmo, como anúncio do Evangelho para a vida do mundo. A missão até aos últimos confins da Terra requer o dom de nós próprios na vocação que nos foi dada por Aquele que nos colocou nesta Terra” (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 2018).

3.Neste Dia Mundial das Missões precisamos todos de reaprender a identidade do discípulo missionário, que não se reduz a um estatuto, a um estado de vida. O discípulo missionário é, ao mesmo tempo, atraído e enviado por Cristo. “Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos que o nosso coração sente como forças interiores do amor que prometem futuro e impelem a nossa existência para a frente” (Papa Francisco, MDMM 2018). Na verdade, tudo começa pela atração que Cristo exerce sobre o discípulo, que assim se levanta à chamada de Cristo,quando Ele passa, olha, chama e envia: “Levanta-te e vai'” (Mc 2,12; 10,49; Lc6,8; 7,14; 17,19; At 3,7; 9,6.11; Ef 5,14).Levanta-te e vai até aquele lugar, ao encontro daquela pessoa! Neste sentido, “não existe uma evangelização de poltrona” (Papa Francisco, Meditação matutina, 19.04.2018). O discípulo missionário não estaciona à beira do caminho; pelo contrário, é chamado, nas bordas da estrada da vida, a fazer caminho com Jesus e a seguir Jesus como Caminho, tornando-se um caminheiro de vida itinerante e não um chefe, sentado e instalado na cadeira de comando do poder.

 

4.Está em curso o Sínodo sobre os jovens. Com o Papa e comigo, dizei aos jovens: “Cristo chama-vos e envia-vos. Abri o vosso coração. Tende a coragem e a ousadia de levar o Evangelho aos outros, oferecendo-O e não impondo-O. Renunciai a fazer da vossa vida cristã um museu de recordações. Fazei antes a experiência da alegria do serviço aos mais pequenos, do compromisso na Igreja, do voluntariado missionário nesta vossa terra ou pelos confins do mundo. Preparai-vos não apenaspara o vosso bom êxito profissional, mas fazei da vossa vida um dom para melhor servir aos outros(cf. Papa Francisco, Discurso aos jovens em Talin, 25.09.2018 e MDMM2018).

 

5.E, neste Dia Mundial das Missões, convido todos e cada um a perguntar-se, não sobre o direito a ter um lugar de honra, mas a deixar-se mover por este dever missionário, perguntando-se em cada circunstância: O que faria Cristo no meu lugar?Lembra-te disto:“Tu precisas de todos e todos precisam de ti” (Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 10).

 

Homilia na Missa com Catequese

 Tópicos a partir da forma longa do Evangelho

 

  1. Reparo como é difícil manter-vos muito tempo sentados! As crianças, os adolescentes e os jovens gostam mais de movimento, de andar, de caminhar, de viajar de lugar em lugar. Sei que nenhum de vós gostará de ficar sentado no banco dos suplentes. Todos gostam de ir a jogo.
  2. Por isso, é estranho que os discípulos, que seguiam Jesus, de pé, pelo Caminho, queiram agora arranjar um lugar para ficarem sentados, acomodados e instalados na sua poltrona, com o comando do mundo nas mãos.
  3. É uma tentação muito comum ficarmos acomodados na nossa zona de conforto, sentados no sofá, a ver a banda passar, a ver pela janela da TV, do telemóvel ou do computador, o mundo a girar, em vez de sair à rua, de se meter ao barulho, de pôr pés ao caminho, de meter a mão na massa…
  4. O desafio de Jesus é outro. O discípulo não pode ficar sentado, à janela ou na beira da estrada. O discípulo é atraído e chamado por Jesus, que logo lhe diz: “Levanta-te e anda”. E, por isso, é sempre um missionário, um enviado ao encontro dos outros. Por isso, tem de trocar o sofá e as pantufas por um par de sapatilhas, para levar a todos o Evangelho!
  5. Neste Dia Mundial das Missões, o Papa olha para nós e pede sobretudo aos mais novos: “Juntos com os jovens, levemos o Evangelho a todos”, a começar pela nossa terra até chegar aos confins do mundo.
  6. Cada um pergunte-se, em cada momento, em cada caso, em cada circunstância da vida: O que faria Cristo no meu lugar?Lembra-te disto: “Tu precisas de todos e todos precisam de ti”(Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 10).

Mas também nós, cada um de nós, somos chamados, hoje, a pôr os olhos no olhar amoroso de Jesus, para vermos bem o que nos pesa, prende ou bloqueia, o que nos impede, o que ainda nos falta – e talvez nos falte o mais importante – para chegarmos a ser seus discípulos! Lembrai-vos disto: só um discípulo pode “fazer” outro discípulo!

Não separe o homem o que Deus uniu! E o Evangelho não separa homem e mulher, unidos em matrimónio, mas também não separa as crianças dos pais, nem os sonhos dos jovens das visões dos mais velhos. Enquanto decorre em Roma o Sínodo dos Bispos, nós rezamos pelos jovens, que serão capazes de profecia e de visão, na medida em que nós, adultos ou já idosos, formos capazes de sonhar e assim contagiar e partilhar os sonhos e as esperanças que trazemos no coração (cf. Jl 3,1). Num mês e num ano assim, cheio de missão, é bom lembrar a vocação e a missão do casal cristão, a vocação e a missão da família cristã, porque também aqui a missão começa em casa!

HOMILIANO XXVI DOMINGO COMUM B 2018

Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta

e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles” (Nm 11,29).

 

1.A verdade é que este belo desejo, expresso por Moisés, tornou-se já realidade, em todos nós. “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário. Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do seu grau de instrução, é um sujeito ativo de evangelização. Por isso, a nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados” (EG 120).

2.A renovação missionária da Igreja não se fará, só porque temos o Papa Francisco a surpreender-nos e a desassossegar-nos todos os dias. A missão da Igreja, na minha terra (cf. EG 273), não estará garantida, simplesmente à custa do empenho generoso mas solitário do pároco. A evangelização, hoje, não terá como protagonistas os bispos, os monges ou os frades. A época atual terá como protagonistas da missão todos os fiéis batizados, e sobretudo os fiéis leigos, que são a grande maioria dos membros do povo de Deus. Os malefícios causados pelo clericalismo, que anula e manipula o papel dos leigos, estão a dizer-nos que a renovação missionária da Igreja contará sobretudo com a força profética das bases, isto é, com a missão dos fiéis leigos.

3.E os leigos poderão assumir tal missão? Por que não?! “Se uma pessoa experimentou o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-l’O, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus. Não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários»” (EG 120).

4.Queridos irmãos e irmãs: não há suplentes, nem reformados, não há excluídos, nem dispensados, no campo da missão. Ela diz respeito a todos os batizados, de todas as idades e condições. Quem dera que todos (avós, pais, filhos, crianças e jovens) profetizassem, não tanto por falarem muito acerca de Deus, mas por deixarem Deus falar, através de uma vida santa, bela e simples, que irradie a todos a alegria do Evangelho. Quem dera que todos assumissem a sua própria vida como missão! Quem dera que todos fizessem ressoar lá fora a alegria deste encontro com Cristo, na Eucaristia, e a contagiassem a todos os que estão para além do adro, nas vossas famílias, nas ruas e praças da nossa terra, nos ambientes escolares, políticos ou desportivos, no vasto mundo do sofrimento, do desporto, das redes digitais e sociais. É lá que é preciso estar. Não tanto para levar Cristo, mas para O desvendar, oculto mas realmente já ativo e presente na vida de cada pessoa (cf. EG 71; Ef 4,6).

5.Irmãos e irmãs: neste ano cheio de missão, estamos todos convocados segundo o lema “Todos discípulos missionários”. Quem dera que “todo o nosso ano pastoral fosse atravessado pela atitude geral e dominante do «amigo traz amigo», ou «todos à procura de mais um». Assim, por exemplo, um aluno de Educação Moral e Religiosa Católica deveria colocar como objetivo que um colega, não inscrito, passasse a inscrever-se; uma criança ou adolescente que anda na catequese, fizesse o mesmo com um amigo que não frequenta; que um jovem da pastoral universitária ou do grupo de jovens da paróquia «conquistasse» um companheiro mais «afastado» dessas coisas; que uma família «adotasse» outra família para lhe difundir a mensagem cristã, particularmente entre alguma que saiba estar em dificuldades de relacionamento ou que já se fraturou; etc.” (Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 8)…

É desta que vai? Vamos lá. “Todos. Tudo e sempre em missão” (CEP, Nota para o ano missionário)! Por que esperamos nós (EG 120)?!

Não nos tornemos utilizadores do templo, consumidores das coisas de Nosso Senhor.Muito alimento e muito sacramento, sem 0 exercício de aquecimento do serviço e da caridade, faz disparar o índice de massa gorda e põe em risco a nossa saúde espiritual!Nós, o que queremos ser afinal? Humildes servidores da alegria do Evangelho ou sorvedores que sugam tudo, a ver quem é o primeiro e o maior?!

A fé professada em Cristo é também fé vivida, na prática do amor. Se, com os lábios e o coração, professamos a Cristo, como Senhor e Messias, também, pela fé, O reconhecemos no rosto dos irmãos. Por isso, no início de um novo ano escolar, laboral e pastoral, a Palavra de Deus vem recordar-nos que “a fé sem obras está completamente morta” (Tg 2,17). Deixemo-nos hoje interpelar pela Palavra de Deus, de modo a respondermos e a correspondermos à fé que professamos, como verdadeiros discípulos missionários de Cristo.

Assembleia reunida em nome de Cristo, aqui viemos, para abrir os nossos ouvidos à Palavra de Deus e para proclamar, de viva voz, os louvores do Senhor.O Evangelho deste domingo desafia-nos a esta abertura dos ouvidos e da boca, da alma e do coração, a Cristo, para que Ele rompa os nossos bloqueios e nos torne servos e testemunhas da alegria do Evangelho.  

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