Celebramos hoje o 3.º Dia Mundial dos Pobres. São de esperança e confiança as palavras do Profeta Malaquias, que denuncia os soberbos e malfeitores e anuncia o raiar do sol de justiça e da salvação, para quantos honram o seu nome de filhos de Deus. Na sua mensagem para este dia o Papa lembra-nos que “a esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sl 9,19). Deus não dorme e os pobres são os seus eleitos.Mas (hoje) estamos também a concluir a Semana dos Seminários. E o Evangelho não nos engana, com promessas de mundos e fundos; antes nos recorda que, em todo o tempo e a contratempo, devemos manter a confiança e a perseverança, dando testemunho corajoso da nossa fé.Em todo o caso, queridos irmãos e irmãs, este não é o tempo de cruzar os braços. Há que trabalhar por garantir o pão de cada dia, melhorar o mundo e assim apressarmos a vinda do Reino
Novembro traz consigo o problema da morte e, com ela, as grandes questões da vida. E a Liturgia da Palavra projeta hoje sobre nós a luz e a esperança da ressurreição, que celebramos em cada domingo, em cada Eucaristia! Iniciamos também (hoje) a Semana de Oração pelos Seminários, pedindo ao Senhor que não falte, à Igreja e ao mundo, o testemunho de vida dos padres, cuja escolha com sabor da eternida de é já um sinal da vida nova da Ressurreição.
Morte e ressurreição não são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão. Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”. Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 1.ª versão
1. Morte e ressurreiçãonão são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão. Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”. Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé. Mas temos sérias dificuldades em penetrar no coração da nossa fé cristã e enfrentar o tema nuclear da morte e da ressurreição. A morte tornou-se hoje uma espécie de novo tabu, arrumado no baú das coisas inúteis ou incómodas, do antigamente. A morte tornou-se uma grande bofetada, na nossa ilusão de omnipotência. O mundo da aceleração infinita, da rapidez, não permite pausas ou interrupções e, assim, a cultura mundana tenta anestesiar-nos com a ilusão da eterna juventude, do sucesso, do progresso ou do prazer, para esquecer as questões do fim último da vida. Mas, como disse há dias o Papa a um grupo de jovens, “o esquecimento da morte é também o seu início. Aquele que esquece a morte já começou a morrer. E, por isso, manter aberta a pergunta sobre a morte, talvez seja a maior responsabilidade humana, para manter aberta a pergunta sobre a vida”. Por contraditório que pareça, é a morte que permite que a vida permaneça viva! Pensemos nisto: é o fim da escrita de uma história que permite que esta seja compreendida; é o fim de uma pintura que oferece a beleza de um quadro; é o fim de uma construção que torna uma casa bela e habitável… Quanto mais fugirmos de enfrentar a morte, como finalização e coroação da própria vida, tanto mais se apagará do nosso horizonte de fé a grande esperança da ressurreição!
2. Eis porque até mesmo os saduceus – que negavam a ressurreição – fazem uma pergunta inquietante a Jesus. Propõem o caso anedótico de sete irmãos que, sucessivamente, tomariam por esposa a mesma mulher, para Lhe perguntar: “De qual destes será ela esposa na ressurreição?”. Jesus responde que a vida depois da morte não tem os mesmos parâmetros da vida terrena. A vida eterna é uma vida nova, uma vida qualitativamente diferente, “uma mudança para o andar de cima”, uma vida que se projeta noutra dimensão e, por isso, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”. Por conseguinte, não é esta vida que serve de referência à eternidade, mas é a eternidade que ilumina e confere esperança à nossa vida terrena! Isto não implica o desprezo da vida presente; pelo contrário, a feliz esperança da ressurreição leva-nos a prestar atenção não apenas ao final da nossa história, mas a cada pequeno fim da nossa vida quotidiana; leva-nos a cuidar do final de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, como se fosse a última vez. Só uma vida que é consciente deste instante que termina, pode tornar este instante eterno! Façamos de cada instante um alvorecer da ressurreição!
3.Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a realizar opções que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas opções, está a de ser padre, desta forma radical, numa vida em celibato, numa entrega indivisa do coração, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre, que vive com alegria o seu celibato, é um sinal, para os filhos deste mundo, daquela vida nova em que os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram de forma tão corajosa aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto inviolável da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim. Tudo o resto, mesmo a alegria do amor em família, é absolutamente sacrificável, na perspetiva da vinda do Reino de Deus. Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem, mas sobretudo pelo que são e, mais ainda, pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)? Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, até à plenitude da própria vida, no coração de Deus, para quem todos vivem.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 2.ª versão
- Estamos no outono. A Natureza parece morrer, mas sabemos que há de florir na primavera. A queda das folhas lembra-nos que também a nossa vida é caduca e há de ser lançada como semente à terra, para vir a frutificar. Neste tempo, somos mais frequentemente convocados pela morte de pessoas amigas e familiares, que fizeram parte do nosso caminho. Mas, apesar de tudo isto, e de muitas velas no cemitério, há hoje uma espécie de “apagão” à volta das questões do final da vida, da morte e da ressurreição. Vede: trocámos os primeiros dias deste mês, dias de reflexão, dias de Todos os Santos e de Fiéis Defuntos, pelo carnaval do outono, com a festa do Halloween. Como é raro ver-se uma criança ou um jovem a rezar junto de um familiar que morreu ou a participar no seu funeral! A morte deixou de ser caseira, deixou de nos ser familiar. Cada vez mais a morte se torna uma espécie de tabu, algo proibido, arrumado no baú das más recordações. Estamos tão iludidos com os progressos das tecnologias, que julgamos não vir a morrer.
- Ora, pensemos bem: se deixarmos de questionar a morte, acabaremos também por desistir de procurar o sentido da vida. Se deixarmos de enfrentar a morte, escondendo-a ou ignorando-a, acabaremos também por deixar de esperar na Ressurreição. E se deixarmos de colocar no centro da nossa fé a esperança da ressurreição então Cristo só interessará para a vida presente. Em última análise, estamos a dizer que Cristo não ressuscitou. E então é vã a nossa fé. Mas não. Não mesmo.
- Vede que nem sequer aqueles que diziam não acreditar na ressurreição, escapam às grandes perguntas sobre o sentido e o fim da vida e da morte. Na resposta, Jesus é bem claro: Sim: há mesmo ressurreição e por isso os filhos de Deus não nascem para morrer, mas morrem para ressuscitar. Não: a ressurreição não é um prolongamento do jogo da vida presente. É uma vida nova, uma vida transformada, como a de uma semente lançada à terra, que morre para frutificar. A vida eterna implica “uma mudança para o andar de cima”, projeta-nos noutra dimensão e, por consequência, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”! Isto são realidades de cá e não do Além.
- Todavia, esta feliz esperança da ressurreição nunca nos levará a desprezar a vida presente; levar-nos-á antes a cuidar bem de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, a fazer cada coisa como se fosse a última vez!
- Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a fazer escolhas que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas escolhas, está a de ser padre, sem esposa e filhos, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre é um sinal daquela vida nova em que “os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento”. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim.
- Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem por nós, mas sobretudo pelo que são e mais ainda pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)?
- Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, podes chegar até à plenitude da própria vida, no coração deste Deus, para quem todos vivem.
Morte e ressurreição não são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão. Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”. Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 1.ª versão
1. Morte e ressurreiçãonão são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão. Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”. Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé. Mas temos sérias dificuldades em penetrar no coração da nossa fé cristã e enfrentar o tema nuclear da morte e da ressurreição. A morte tornou-se hoje uma espécie de novo tabu, arrumado no baú das coisas inúteis ou incómodas, do antigamente. A morte tornou-se uma grande bofetada, na nossa ilusão de omnipotência. O mundo da aceleração infinita, da rapidez, não permite pausas ou interrupções e, assim, a cultura mundana tenta anestesiar-nos com a ilusão da eterna juventude, do sucesso, do progresso ou do prazer, para esquecer as questões do fim último da vida. Mas, como disse há dias o Papa a um grupo de jovens, “o esquecimento da morte é também o seu início. Aquele que esquece a morte já começou a morrer. E, por isso, manter aberta a pergunta sobre a morte, talvez seja a maior responsabilidade humana, para manter aberta a pergunta sobre a vida”. Por contraditório que pareça, é a morte que permite que a vida permaneça viva! Pensemos nisto: é o fim da escrita de uma história que permite que esta seja compreendida; é o fim de uma pintura que oferece a beleza de um quadro; é o fim de uma construção que torna uma casa bela e habitável… Quanto mais fugirmos de enfrentar a morte, como finalização e coroação da própria vida, tanto mais se apagará do nosso horizonte de fé a grande esperança da ressurreição!
2. Eis porque até mesmo os saduceus – que negavam a ressurreição – fazem uma pergunta inquietante a Jesus. Propõem o caso anedótico de sete irmãos que, sucessivamente, tomariam por esposa a mesma mulher, para Lhe perguntar: “De qual destes será ela esposa na ressurreição?”. Jesus responde que a vida depois da morte não tem os mesmos parâmetros da vida terrena. A vida eterna é uma vida nova, uma vida qualitativamente diferente, “uma mudança para o andar de cima”, uma vida que se projeta noutra dimensão e, por isso, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”. Por conseguinte, não é esta vida que serve de referência à eternidade, mas é a eternidade que ilumina e confere esperança à nossa vida terrena! Isto não implica o desprezo da vida presente; pelo contrário, a feliz esperança da ressurreição leva-nos a prestar atenção não apenas ao final da nossa história, mas a cada pequeno fim da nossa vida quotidiana; leva-nos a cuidar do final de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, como se fosse a última vez. Só uma vida que é consciente deste instante que termina, pode tornar este instante eterno! Façamos de cada instante um alvorecer da ressurreição!
3.Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a realizar opções que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas opções, está a de ser padre, desta forma radical, numa vida em celibato, numa entrega indivisa do coração, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre, que vive com alegria o seu celibato, é um sinal, para os filhos deste mundo, daquela vida nova em que os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram de forma tão corajosa aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto inviolável da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim. Tudo o resto, mesmo a alegria do amor em família, é absolutamente sacrificável, na perspetiva da vinda do Reino de Deus. Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem, mas sobretudo pelo que são e, mais ainda, pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)? Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, até à plenitude da própria vida, no coração de Deus, para quem todos vivem.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 2.ª versão
- Estamos no outono. A Natureza parece morrer, mas sabemos que há de florir na primavera. A queda das folhas lembra-nos que também a nossa vida é caduca e há de ser lançada como semente à terra, para vir a frutificar. Neste tempo, somos mais frequentemente convocados pela morte de pessoas amigas e familiares, que fizeram parte do nosso caminho. Mas, apesar de tudo isto, e de muitas velas no cemitério, há hoje uma espécie de “apagão” à volta das questões do final da vida, da morte e da ressurreição. Vede: trocámos os primeiros dias deste mês, dias de reflexão, dias de Todos os Santos e de Fiéis Defuntos, pelo carnaval do outono, com a festa do Halloween. Como é raro ver-se uma criança ou um jovem a rezar junto de um familiar que morreu ou a participar no seu funeral! A morte deixou de ser caseira, deixou de nos ser familiar. Cada vez mais a morte se torna uma espécie de tabu, algo proibido, arrumado no baú das más recordações. Estamos tão iludidos com os progressos das tecnologias, que julgamos não vir a morrer.
- Ora, pensemos bem: se deixarmos de questionar a morte, acabaremos também por desistir de procurar o sentido da vida. Se deixarmos de enfrentar a morte, escondendo-a ou ignorando-a, acabaremos também por deixar de esperar na Ressurreição. E se deixarmos de colocar no centro da nossa fé a esperança da ressurreição então Cristo só interessará para a vida presente. Em última análise, estamos a dizer que Cristo não ressuscitou. E então é vã a nossa fé. Mas não. Não mesmo.
- Vede que nem sequer aqueles que diziam não acreditar na ressurreição, escapam às grandes perguntas sobre o sentido e o fim da vida e da morte. Na resposta, Jesus é bem claro: Sim: há mesmo ressurreição e por isso os filhos de Deus não nascem para morrer, mas morrem para ressuscitar. Não: a ressurreição não é um prolongamento do jogo da vida presente. É uma vida nova, uma vida transformada, como a de uma semente lançada à terra, que morre para frutificar. A vida eterna implica “uma mudança para o andar de cima”, projeta-nos noutra dimensão e, por consequência, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”! Isto são realidades de cá e não do Além.
- Todavia, esta feliz esperança da ressurreição nunca nos levará a desprezar a vida presente; levar-nos-á antes a cuidar bem de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, a fazer cada coisa como se fosse a última vez!
- Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a fazer escolhas que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas escolhas, está a de ser padre, sem esposa e filhos, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre é um sinal daquela vida nova em que “os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento”. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim.
- Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem por nós, mas sobretudo pelo que são e mais ainda pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)?
- Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, podes chegar até à plenitude da própria vida, no coração deste Deus, para quem todos vivem.
Morte e ressurreição não são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão.
Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”.
Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 1.ª versão
1. Morte e ressurreiçãonão são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão. Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”. Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé. Mas temos sérias dificuldades em penetrar no coração da nossa fé cristã e enfrentar o tema nuclear da morte e da ressurreição. A morte tornou-se hoje uma espécie de novo tabu, arrumado no baú das coisas inúteis ou incómodas, do antigamente. A morte tornou-se uma grande bofetada, na nossa ilusão de omnipotência. O mundo da aceleração infinita, da rapidez, não permite pausas ou interrupções e, assim, a cultura mundana tenta anestesiar-nos com a ilusão da eterna juventude, do sucesso, do progresso ou do prazer, para esquecer as questões do fim último da vida. Mas, como disse há dias o Papa a um grupo de jovens, “o esquecimento da morte é também o seu início. Aquele que esquece a morte já começou a morrer. E, por isso, manter aberta a pergunta sobre a morte, talvez seja a maior responsabilidade humana, para manter aberta a pergunta sobre a vida”. Por contraditório que pareça, é a morte que permite que a vida permaneça viva! Pensemos nisto: é o fim da escrita de uma história que permite que esta seja compreendida; é o fim de uma pintura que oferece a beleza de um quadro; é o fim de uma construção que torna uma casa bela e habitável… Quanto mais fugirmos de enfrentar a morte, como finalização e coroação da própria vida, tanto mais se apagará do nosso horizonte de fé a grande esperança da ressurreição!
2. Eis porque até mesmo os saduceus – que negavam a ressurreição – fazem uma pergunta inquietante a Jesus. Propõem o caso anedótico de sete irmãos que, sucessivamente, tomariam por esposa a mesma mulher, para Lhe perguntar: “De qual destes será ela esposa na ressurreição?”. Jesus responde que a vida depois da morte não tem os mesmos parâmetros da vida terrena. A vida eterna é uma vida nova, uma vida qualitativamente diferente, “uma mudança para o andar de cima”, uma vida que se projeta noutra dimensão e, por isso, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”. Por conseguinte, não é esta vida que serve de referência à eternidade, mas é a eternidade que ilumina e confere esperança à nossa vida terrena! Isto não implica o desprezo da vida presente; pelo contrário, a feliz esperança da ressurreição leva-nos a prestar atenção não apenas ao final da nossa história, mas a cada pequeno fim da nossa vida quotidiana; leva-nos a cuidar do final de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, como se fosse a última vez. Só uma vida que é consciente deste instante que termina, pode tornar este instante eterno! Façamos de cada instante um alvorecer da ressurreição!
3.Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a realizar opções que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas opções, está a de ser padre, desta forma radical, numa vida em celibato, numa entrega indivisa do coração, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre, que vive com alegria o seu celibato, é um sinal, para os filhos deste mundo, daquela vida nova em que os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram de forma tão corajosa aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto inviolável da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim. Tudo o resto, mesmo a alegria do amor em família, é absolutamente sacrificável, na perspetiva da vinda do Reino de Deus. Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem, mas sobretudo pelo que são e, mais ainda, pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)? Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, até à plenitude da própria vida, no coração de Deus, para quem todos vivem.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 2.ª versão
- Estamos no outono. A Natureza parece morrer, mas sabemos que há de florir na primavera. A queda das folhas lembra-nos que também a nossa vida é caduca e há de ser lançada como semente à terra, para vir a frutificar. Neste tempo, somos mais frequentemente convocados pela morte de pessoas amigas e familiares, que fizeram parte do nosso caminho. Mas, apesar de tudo isto, e de muitas velas no cemitério, há hoje uma espécie de “apagão” à volta das questões do final da vida, da morte e da ressurreição. Vede: trocámos os primeiros dias deste mês, dias de reflexão, dias de Todos os Santos e de Fiéis Defuntos, pelo carnaval do outono, com a festa do Halloween. Como é raro ver-se uma criança ou um jovem a rezar junto de um familiar que morreu ou a participar no seu funeral! A morte deixou de ser caseira, deixou de nos ser familiar. Cada vez mais a morte se torna uma espécie de tabu, algo proibido, arrumado no baú das más recordações. Estamos tão iludidos com os progressos das tecnologias, que julgamos não vir a morrer.
- Ora, pensemos bem: se deixarmos de questionar a morte, acabaremos também por desistir de procurar o sentido da vida. Se deixarmos de enfrentar a morte, escondendo-a ou ignorando-a, acabaremos também por deixar de esperar na Ressurreição. E se deixarmos de colocar no centro da nossa fé a esperança da ressurreição então Cristo só interessará para a vida presente. Em última análise, estamos a dizer que Cristo não ressuscitou. E então é vã a nossa fé. Mas não. Não mesmo.
- Vede que nem sequer aqueles que diziam não acreditar na ressurreição, escapam às grandes perguntas sobre o sentido e o fim da vida e da morte. Na resposta, Jesus é bem claro: Sim: há mesmo ressurreição e por isso os filhos de Deus não nascem para morrer, mas morrem para ressuscitar. Não: a ressurreição não é um prolongamento do jogo da vida presente. É uma vida nova, uma vida transformada, como a de uma semente lançada à terra, que morre para frutificar. A vida eterna implica “uma mudança para o andar de cima”, projeta-nos noutra dimensão e, por consequência, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”! Isto são realidades de cá e não do Além.
- Todavia, esta feliz esperança da ressurreição nunca nos levará a desprezar a vida presente; levar-nos-á antes a cuidar bem de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, a fazer cada coisa como se fosse a última vez!
- Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a fazer escolhas que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas escolhas, está a de ser padre, sem esposa e filhos, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre é um sinal daquela vida nova em que “os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento”. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim.
- Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem por nós, mas sobretudo pelo que são e mais ainda pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)?
- Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, podes chegar até à plenitude da própria vida, no coração deste Deus, para quem todos vivem.
Morte e ressurreição não são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão.
Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”.
Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 1.ª versão
1. Morte e ressurreiçãonão são, em geral, tema de conversa ou matéria de reflexão. Sobre estes temas abateu-se um verdadeiro “apagão”. Preferimos falar dos valores humanos ou das dimensões sociais da nossa fé. Mas temos sérias dificuldades em penetrar no coração da nossa fé cristã e enfrentar o tema nuclear da morte e da ressurreição. A morte tornou-se hoje uma espécie de novo tabu, arrumado no baú das coisas inúteis ou incómodas, do antigamente. A morte tornou-se uma grande bofetada, na nossa ilusão de omnipotência. O mundo da aceleração infinita, da rapidez, não permite pausas ou interrupções e, assim, a cultura mundana tenta anestesiar-nos com a ilusão da eterna juventude, do sucesso, do progresso ou do prazer, para esquecer as questões do fim último da vida. Mas, como disse há dias o Papa a um grupo de jovens, “o esquecimento da morte é também o seu início. Aquele que esquece a morte já começou a morrer. E, por isso, manter aberta a pergunta sobre a morte, talvez seja a maior responsabilidade humana, para manter aberta a pergunta sobre a vida”. Por contraditório que pareça, é a morte que permite que a vida permaneça viva! Pensemos nisto: é o fim da escrita de uma história que permite que esta seja compreendida; é o fim de uma pintura que oferece a beleza de um quadro; é o fim de uma construção que torna uma casa bela e habitável… Quanto mais fugirmos de enfrentar a morte, como finalização e coroação da própria vida, tanto mais se apagará do nosso horizonte de fé a grande esperança da ressurreição!
2. Eis porque até mesmo os saduceus – que negavam a ressurreição – fazem uma pergunta inquietante a Jesus. Propõem o caso anedótico de sete irmãos que, sucessivamente, tomariam por esposa a mesma mulher, para Lhe perguntar: “De qual destes será ela esposa na ressurreição?”. Jesus responde que a vida depois da morte não tem os mesmos parâmetros da vida terrena. A vida eterna é uma vida nova, uma vida qualitativamente diferente, “uma mudança para o andar de cima”, uma vida que se projeta noutra dimensão e, por isso, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”. Por conseguinte, não é esta vida que serve de referência à eternidade, mas é a eternidade que ilumina e confere esperança à nossa vida terrena! Isto não implica o desprezo da vida presente; pelo contrário, a feliz esperança da ressurreição leva-nos a prestar atenção não apenas ao final da nossa história, mas a cada pequeno fim da nossa vida quotidiana; leva-nos a cuidar do final de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, como se fosse a última vez. Só uma vida que é consciente deste instante que termina, pode tornar este instante eterno! Façamos de cada instante um alvorecer da ressurreição!
3.Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a realizar opções que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas opções, está a de ser padre, desta forma radical, numa vida em celibato, numa entrega indivisa do coração, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre, que vive com alegria o seu celibato, é um sinal, para os filhos deste mundo, daquela vida nova em que os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram de forma tão corajosa aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto inviolável da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim. Tudo o resto, mesmo a alegria do amor em família, é absolutamente sacrificável, na perspetiva da vinda do Reino de Deus. Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem, mas sobretudo pelo que são e, mais ainda, pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)? Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, até à plenitude da própria vida, no coração de Deus, para quem todos vivem.
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Homilia no XXXII Domingo Comum C 2019 – 2.ª versão
- Estamos no outono. A Natureza parece morrer, mas sabemos que há de florir na primavera. A queda das folhas lembra-nos que também a nossa vida é caduca e há de ser lançada como semente à terra, para vir a frutificar. Neste tempo, somos mais frequentemente convocados pela morte de pessoas amigas e familiares, que fizeram parte do nosso caminho. Mas, apesar de tudo isto, e de muitas velas no cemitério, há hoje uma espécie de “apagão” à volta das questões do final da vida, da morte e da ressurreição. Vede: trocámos os primeiros dias deste mês, dias de reflexão, dias de Todos os Santos e de Fiéis Defuntos, pelo carnaval do outono, com a festa do Halloween. Como é raro ver-se uma criança ou um jovem a rezar junto de um familiar que morreu ou a participar no seu funeral! A morte deixou de ser caseira, deixou de nos ser familiar. Cada vez mais a morte se torna uma espécie de tabu, algo proibido, arrumado no baú das más recordações. Estamos tão iludidos com os progressos das tecnologias, que julgamos não vir a morrer.
- Ora, pensemos bem: se deixarmos de questionar a morte, acabaremos também por desistir de procurar o sentido da vida. Se deixarmos de enfrentar a morte, escondendo-a ou ignorando-a, acabaremos também por deixar de esperar na Ressurreição. E se deixarmos de colocar no centro da nossa fé a esperança da ressurreição então Cristo só interessará para a vida presente. Em última análise, estamos a dizer que Cristo não ressuscitou. E então é vã a nossa fé. Mas não. Não mesmo.
- Vede que nem sequer aqueles que diziam não acreditar na ressurreição, escapam às grandes perguntas sobre o sentido e o fim da vida e da morte. Na resposta, Jesus é bem claro: Sim: há mesmo ressurreição e por isso os filhos de Deus não nascem para morrer, mas morrem para ressuscitar. Não: a ressurreição não é um prolongamento do jogo da vida presente. É uma vida nova, uma vida transformada, como a de uma semente lançada à terra, que morre para frutificar. A vida eterna implica “uma mudança para o andar de cima”, projeta-nos noutra dimensão e, por consequência, “os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em casamento”! Isto são realidades de cá e não do Além.
- Todavia, esta feliz esperança da ressurreição nunca nos levará a desprezar a vida presente; levar-nos-á antes a cuidar bem de cada palavra, de cada silêncio, de cada gesto de amor, a fazer cada coisa como se fosse a última vez!
- Irmãos e irmãs: este olhar projetado para a ressurreição deve levar-nos a fazer escolhas que tenham o sabor da eternidade! E, entre essas escolhas, está a de ser padre, sem esposa e filhos, imitando e seguindo a Cristo, que afinal também não casou! O Padre é um sinal daquela vida nova em que “os filhos da ressurreição já não se casam nem são dados em casamento”. Com esta escolha, o Padre mostra, como o fizeram aqueles sete irmãos, que só Deus é o Senhor e o Absoluto da nossa vida, que só Cristo é o nosso Amor perfeito; que só o Espírito do seu Amor nos consola até ao fim.
- Fazem-nos falta os padres, não apenas pelo que fazem por nós, mas sobretudo pelo que são e mais ainda pelo incómodo das interrogações com que a sua vida nos interpela a todos: Porque vivo? Para quem vivo? O que me faz viver? Para quem sou eu (CV 286)?
- Na verdade, querido irmão, querida irmã, querido menino, querida menina, querido jovem, querida jovem: “Quando o Senhor suscita uma vocação não pensa apenas naquilo que tu és, mas em tudo aquilo que poderás chegar a ser” (CV 289). O Padre é um sinal de que tu podes ir mais além e até ao mais Além, podes chegar até à plenitude da própria vida, no coração deste Deus, para quem todos vivem.
Novembro traz consigo o problema da morte e, com ela, as grandes questões da vida. E a Liturgia da Palavra projeta hoje sobre nós a luz e a esperança da ressurreição, que celebramos em cada domingo, em cada Eucaristia! Iniciamos também (hoje) a Semana de Oração pelos Seminários, pedindo ao Senhor que não falte, à Igreja e ao mundo, o testemunho de vida dos padres, cuja escolha com sabor da eternidade é já um sinal da vida nova da Ressurreição.
ORAÇÃO DA SEMANA DOS SEMINÁRIOS 2019
Senhor Jesus Cristo, fonte de vida nova,
Tu que não olhas ao que somos
mas ao que poderemos chegar a ser,
abre caminhos de construção do Reino,
ajudando-nos a ser mansos e humildes de coração.
Tu que vives e revelas o imenso amor do Pai,
nós te pedimos que continues
a despertar o coração dos jovens
para que aceitem o desafio de Te seguir,
caminhando em liberdade, sem medos e resistências, e,
animados pelo Espírito Santo,
se façam ao largo e lancem as redes para a pesca.
Por intercessão da Virgem Maria e de S. José,
nós Vos pedimos pelos Seminários,
pelos seminaristas e por todos os jovens
a quem chamas e envias.
Fazei que neles brotem sinais de esperança,
sementes de entrega e verdadeiro serviço.
Concede-nos, pela graça do batismo,
o dom da escuta da Tua voz
e da resposta generosa,
colaborando na edificação do Reino de Deus.
Ámen.