O fogo da Palavra não dá tréguas no mês de agosto. Esforço e correção não parecem combinar com o calor preguiçoso do verão. Mas Jesus deixa clara esta advertência: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13,24)! A nós, que O escutamos e aqui comemos e bebemos com Ele, Jesus adverte-nos, que é preciso validar o bilhete de entrada, no banquete do Reino, com o esforço da caridade. Já o autor da Carta aos Hebreus recorda-nos hoje que “o Senhor corrige aqueles que ama”, tendo em vista frutificar em nós a paz e a justiça. Nesta celebração, cada um faça a sua prova de esforço, deixando-se corrigir, com amor, pela Palavra do Pai, que bate à porta e vem conversar amorosamente com os seus filhos.

Ontem celebrávamos o Domingo, memorial da Páscoa do Senhor. Hoje celebramos a Assunção de Nossa Senhora, para fazer memória da Páscoa de Maria. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é associada à glória da ressurreição do seu Filho. Ontem meditávamos na hostilidade que Jesus enfrentou e nas muitas formas de hostilidade do nosso tempo. Hoje, o desafio insistente de converter a hostilidade em hospitalidade, encontra no abraço de Maria e Isabel umas das mais belas expressões. Acolhamos, desde já, a presença do Senhor, que nos recebe em sua casa, para que O recebamos em nossos corações. 

Somos acolhidos na Casa do Senhor, como irmãos e concidadãos do Reino dos céus e não como estranhos ou estrangeiros. Somos desafiados, pela Palavra e pelo testemunho de Cristo e dos seus seguidores, a transformar a hostilidade em hospitalidade. Hoje fixaremos os olhos em Jesus, para pensar n’Aquele que suportou contra Si tão grande hostilidade! E assim haveremos de compreender como esta hostilidade se manifesta no nosso coração e na nossa vida, quando nos recusamos a construir o mundo com o diferente, o migrante, o refugiado. Na Solenidade da Assunção, que se segue a este domingo, iremos aprender de Maria e Isabel o abraço da hospitalidade. Por agora, fitemos então os olhos em Jesus, o guia da nossa fé, e imploremos, para nós e para todos os irmãos, a graça do alimento que nos fortalece e anima, que nos dá a força da perseverança e da resistência na fé. Invoquemos a misericórdia do Senhor.

Em pleno mês de agosto, no início da Semana Nacional da Mobilidade Humana, no mês das viagens e peregrinações, das férias e deslocações, temos Abraão, nosso pai na fé, como figura histórica de referência, nesta busca errante de uma terra prometida. Ele é a imagem do crente peregrino e do crente que acolhe a Deus, na pessoa do outro. No Evangelho, Jesus pede-nos a prontidão do serviço e a luz da fé, para caminhar vigilantes, na direção da Pátria Prometida, ao encontro do Senhor. Comecemos por reconhecer os nossos medos, fugas e indiferenças em relação aos últimos das nossas sociedades, a quem devíamos justamente dar o primeiro lugar.

No último domingo de julho, vêm a contragosto as advertências do sábio Coelet, do apóstolo Paulo e do único Mestre, que é Jesus Cristo. Um alerta vermelho contra o risco da avareza, irmã gémea da cobiça e da soberba. Talvez estivéssemos à espera, em tempo de férias, de uma Palavra mais suave, mais deslizante, menos exigente e menos acutilante. Mas não. A Liturgia da Palavra não nos vende ilusões de verão e enche de sabedoria o nosso coração, para nos tornar ricos aos olhos de Deus. Comecemos por reconhecer o que há no nosso coração de terreno, de mundano, de mortal.

Pág. 22 de 110
Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk