Liturgia e Homilias no XXII Domingo Comum B 2024
Destaque

Agosto fora, entramos em setembro. Para trás, ficam as tradições, as festas, as férias, as viagens, as peregrinações. Certamente, a mudança do calendário cheira-nos a um tempo novo, de começo ou de recomeço da nossa vida quotidiana, no retomar do trabalho, na preparação do ano escolar, na entrada na universidade, no regresso à vida comunitária. Mas este não é só o tempo dos recomeços. O dia 1 de setembro é o Dia Mundial de Oração pela Criação, uma tradição rica dos nossos irmãos cristãos ortodoxos, que, pouco a pouco, foi abraçada pelas outras Igrejas cristãs e também pela Igreja Católica, desde o ano de 2015. Entre 1 de setembro, Dia Mundial de Oração pela Criação, e 4 de outubro, memória litúrgica de São Francisco de Assis, somos desafiados a viver, com todos os cristãos, o Tempo da Criação. É oportunidade para vivermos “a nossa vocação de guardiães da obra de Deus, como parte essencial de uma vida cristã virtuosa” (LS 217).

HOMILIA NO XXII DOMINGO COMUM B 2024

Início do Tempo da Criação (de 1 de setembro a 4 de outubro)

1.Despedimo-nos de agosto, o mês por excelência do verão, das férias, das viagens, do gozo e da paz com a Criação, que nos oferece o sol e a sombra, a comida e a bebida, a boa água e o bom vinho, o campo, a montanha e o mar. A Palavra de Deus recorda-nos – neste contexto – que “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descem do Pai das luzes, no qual não há variação nem sombra de mudança” (Tg 1,17). Aliás, a polémica questão da impureza, colocada por alguns fariseus a Jesus, dá-lhe a oportunidade de declarar puros todos os alimentos (cf. Mc 7,9), porque Deus fez boas todas as coisas (cf. Gn 1,31). A beleza e a bondade da Criação merecem a nossa grata contemplação.

2.Mas esta Criação, obra de Deus, da qual fazemos parte, como criaturas humanas entre as outras criaturas, geme, como a mulher com as dores de parto (cf. Rm 8,22), com o uso desordenado e o abuso da sua exploração, a poluição, a devastação provocada pelos incêndios, a exploração insaciável dos combustíveis fósseis. Juntamente com a nossa Irmã, a Mãe Terra, criaturas de todos os tipos, incluindo os seres humanos, a começar pelos mais pobres, gemem e gritam por causa de tais ações destrutivas. Em vez de guardiães e jardineiros da Criação (cf. LS 217), tornamo-nos seus predadores. O sismo em Lisboa – que ocorreu esta semana – tem obviamente a sua explicação natural, numa Criação sempre em evolução, mas veio acordar-nos para a urgência do cuidado atento à nossa Casa Comum, para a necessidade de uma conversão ecológica (LS 217), de uma mudança de estilos de vida, de uma reconciliação da humanidade com a sua Casa Comum.

3.Vem tudo isto a propósito do (deste) 1.º dia de setembro, que foi proclamado Dia de Oração pela Criação, pela Igreja Ortodoxa Oriental, em 1989. A data foi acolhida por outras grandes igrejas cristãs e pelo Papa Francisco, para a Igreja Católica, em 2015. Desde então unimo-nos a todos os cristãos, para celebrar este “Tempo da Criação”, entre os dias 1 de setembro, Dia Mundial de Oração pela Criação, e 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis. Este ano, o tema proposto é «Esperar e agir com a Criação». O tema inspira-se – como já refletimos – nas palavras de São Paulo, a respeito desta Criação, que geme e sofre, esperando a libertação da corrupção que escraviza e a gloriosa liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,19-25). Na verdade, na raiz da crise ecológica, está uma crise antropológica, isto é, na raiz de todo o mal, está sempre o coração humano, ferido pelo pecado (cf. LS 2), do qual – como nos dizia Jesus (Mc 7,21-23) – brotam todos os vícios, tais como a cobiça, a inveja, a injustiça, a avareza. Dominado por estes e outros vícios, o ser humano, centrado em si mesmo, já não se importa com o que possa suceder com os efeitos nefastos sobre a Criação, que afetarão as gerações sucessivas!

4.Nós, cristãos, que pela Ressurreição de Jesus Cristo, esperamos novos céus e nova terra, somos chamados a lutar, a dar sinais concretos de uma renovada esperança num mundo novo, a partir de uma conversão ecológica, de uma mudança concreta, para um estilo de vida mais saudável, mais sóbrio e simples, adotando algumas medidas práticas, tais como estas: “evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias” (LS 211). “E não se pense que estes esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas ações espalham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar (…) O exercício destes comportamentos permite-nos experimentar que vale a pena a nossa passagem por este mundo” (LS 212), se isso significar, deixar aos nossos vindouros um mundo melhor. É agindo assim com a Criação, que estaremos a esperançar, isto é, a dar forma real ao parto de um mundo novo!

 


 

 

 

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