Este é terceiro domingo da Páscoa, como de Páscoa são todos os domingos. E Jesus Ressuscitado continua hoje a vir ao nosso encontro, no primeiro dia da semana – o domingo – para ser a nossa luz na escuridão dos tempos, a nossa paz no meio dos medos, a nossa companhia em casa e à mesa, na solidão do confinamento. Ele oferece-Se-nos como o verdadeiro Caminho da Vida.

Este é o Domingo da Oitava da Páscoa. O primeiro dia da semana. O dia do encontro do Ressuscitado com a Sua Igreja reunida, na casa dos cristãos, como outrora no Cenáculo, na sala da Última Ceia. Este seria o domingo em que os novos batizados se apresentariam revestidos de Cristo, com a sua veste branca, para agradecer as riquezas do Batismo com que foram purificados, da unção espiritual do Crisma com que foram ungidos e renovados e do Corpo e Sangue da Eucaristia com que foram redimidos. Este é, desde o ano 2000, o domingo da Divina Misericórdia, que nos recorda o dom do perdão dos pecados, que brota das feridas e do lado aberto de Cristo Morto e Ressuscitado.

Hoje é Domingo de Páscoa. E a Páscoa não engana. Mesmo sem os sinais habituais de festa (missa dominical com o povo, visita pascal tradicional, foguetes, visita às famílias) a Páscoa está aí com toda a sua força, em tantos sinais vitais de vitória sobre o egoísmo, sobre o mal e sobre a morte. Assim vemos que a Ressurreição de Jesus não é algo do passado; contém uma força de vida que penetra o nosso mundo. Onde parece que tudo morre, voltam a aparecer os rebentos da esperança. O poder da Ressurreição de Jesus é uma força sem igual! Jesus não ressuscitou em vão.

 

É para a Cruz, que hoje se dirige o nosso olhar. Porque é, também, do alto da Cruz que o Senhor, glorificado, nos olha. E, nesta troca de olhares, está a salvação do Homem e do mundo. Disse-nos há dias, na praça de São Pedro, vazia de pessoas mas cheia das nossas lágrimas e preces: “Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da Sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, a reconhecer e a incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a torcida que ainda fumega, que nunca adoece, e deixemos que reacenda em nós a esperança” (Papa Francisco, Meditação, 27.03.2020).

É em família, que o Povo de Deus começa por celebrar a sua Páscoa! Segundo a tradição, cada família judaica, reunida à mesa, na festa da Páscoa, come o cordeiro assado, fazendo memória da libertação dos Israelitas, da escravidão do Egito! É também em família, com os seus mais íntimos, reunidos no Cenáculo, que Jesus, consciente da sua morte iminente, Se oferece a si mesmo pela nossa salvação (cf. 1 Cor 5, 7), como verdadeiro cordeiro pascal! É para nós um sinal cheio de significado, que o Senhor Jesus queira ter instituído este grande sacramento da Eucaristia, por ocasião de um importante encontro familiar: a Ceia pascal! E naquela ocasião, a sua família, a nova família gerada pelos vínculos da fé, foram os Doze, que com Ele viviam há três anos. Dessa família, ainda em gérmen, reunida à volta da mesa sagrada do cordeiro pascal, nascerá a Igreja, essa grande e nova família, reunida e nutrida à volta da mesa da Eucaristia! Este ano, a pandemia provocada pelo coronavírus leva-nos a redescobrir a família, como Igreja Doméstica. E pede-nos criatividade, para celebrar a Páscoa na Igreja Doméstica.

No Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, Cristo é aclamado, na Sua entrada triunfal em Jerusalém, como Rei e Redentor. Porém, é no dom de Si mesmo na Cruz que a sua realeza se afirma e que se realiza a nossa redenção. A proposta para esta semana é esta: deixarmos Cristo reinar, tornando-Se Ele mesmo o rosto da nossa atração, o centro do nosso coração e da nossa vida. A oração de Bênção dos Ramos faz inclusão com a nossa proposta inicial e permanente nesta Quaresma: “para que permaneçamos unidos a Ele e demos fruto abundante de boas obras".

Falta o cheiro das ovelhas | Pároco em tempos de pandemia
 

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