Continuamos, neste domingo, a escutar o convite do Pai a trabalhar como filhos na vinha da Igreja, do nosso mundo, da nossa Casa comum. Há quem diga logo que “sim”, mas depois vire as costas; e há quem diga que “não”, mas depois se arrependa e vá. A parábola deste domingo é uma espécie de placa giratória: na medida em que ela se dirige aos que se acham justos, adverte-os para o risco de se tornarem pecadores hipócritas e instalados; na medida em que ela se dirige aos pecadores, dá-lhes a possibilidade de se porem a caminho, à escuta do Senhor, arrepender-se e levantar-se.Quero ser um humilde pecador a caminho… ou um pecador hipócrita, instalado na sua vida dupla? Eis a questão que está em cima da mesa da Palavra, nesta Eucaristia.
Com o trabalho nas vinhas, que não dá tréguas, o desafio do Senhor, na parábola deste domingo, é largar tudo para trabalhar na Sua vinha e responder à hora em que Ele mesmo nos chamar. Ele sai ao nosso encontro, desde manhã cedo ao entardecer, e faz-nos o desafio: «Ide vós também para a minha vinha»! Não seremos os primeiros, mas a surpresa é reservada precisamente para os últimos. Ele recebe-nos e recompensa-nos, não pelo valor dos nossos méritos, mas segundo a grandeza e a bondade do Seu coração! Confiemo-nos então à graça infinita do Seu perdão.
Setenta vezes sete não é uma conta que se faça de cabeça, para definir o teto máximo do perdão. Não. Setenta vezes sete é uma operação, sem lógica, que se faz a partir do coração. De todo o coração. O coração é a porta por onde entra e por onde sai o perdão. Entra pela porta do nosso coração o perdão de Deus em valores elevados ao infinito, que jamais poderíamos saldar. E às vezes não sai do coração o perdão para o irmão ou então é dado a custo e sob condição. A Palavra de Deus hoje quer mostrar-nos que estamos todos em dívida para com Deus e para com os irmãos. Por isso, só um grande perdão nos poderá salvar. Recebamo-lo, para o podermos dar.
Setembro é o mês de todos os regressos: o regresso a casa e à família, o regresso à escola e ao trabalho, o regresso à comunidade paroquial e à vida pastoral. Ao celebrarmos o domingo, o primeiro dia da semana, sentimos o apelo do encontro com o Senhor e do reencontro com os irmãos. A sede e a saudade desta alegria da comunhão fazem-nos sair de nós mesmos e de nossas casas ao encontro dos irmãos, para celebrarmos juntos a nossa fé, como verdadeira família. Olhando-nos uns aos outros, aqui reunidos, podemos exclamar, como o salmista: “Ó como é bom e agradável viverem os irmãos bem unidos” (Sl 133/132,1), porque “onde dois ou três se reunirem em Meu nome – disse Jesus – Eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).
Estamos a poucos dias do final do mês, que procuramos viver «ao gosto de Deus». E começamos já a delinear o programa de regresso à escola, ao trabalho e à comunidade paroquial. Estamos bem conscientes de que os tempos novos e incertos dos próximos meses exigem grande dose de coragem, de confiança, de empenho. Jesus não ilude com promessas de facilidades os que O desejam seguir. Somos desafiados por Jesus a segui-l’O pelo caminho da Cruz ou, no dizer de São Paulo, a oferecermo-nos “como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual”. Comecemos,então, este encontro com Ele, nesta celebração, reconhecendo a necessidade de transformação do nosso coração, da nossa mente e da nossa vida, para seguir a Cristo, no caminho da fé.
O clima social e meteorológico do mês de agosto, apesar das notícias da pandemia, servidas ao almoço e ao jantar, como prato do dia, parece mais propício à evasão, à fuga e à distração, do que ao silêncio, à reflexão, à surpresa, ao estado de maravilhamento ou ao espírito de interrogação. Mesmo assim, não é fácil descartarmo-nos das muitas perguntas, das dúvidas e dos medos, que nos fazem temer e tremer, quando são tão evidentes os destroços provocados pela pandemia, que abanou o mundo! Deixemo-nos interpelar pelas muitas perguntas e desafios, que a Palavra de Deus faz ressoar em nossos corações. E que este encontro com o Senhor, na Eucaristia, seja fonte de resiliência para ressurgirmos, desta crise, com renovada confiança.
Depois de termos celebrado a mais perfeita realização da fé em Maria, somos convocados, mais uma vez, neste domingo, a louvar e a engrandecer a fé de uma mulher, de uma estrangeira, de uma libanesa, de uma pagã, ao concluirmos, precisamente hoje, a 48.ª Semana Nacional das Migrações. E, nesta mulher, o Senhor desafia-nos a acolher e a escutar o grito dos mais pobres, dos excluídos, dos estrangeiros, de modo que a família, a Igreja e o mundo se tornem verdadeira Casa comum, Casa de oração para todos os povos (cf. 1.ª leitura), para todos os filhos de Deus, que andam dispersos. Confiemo-nos desde já ao Senhor, que usa de misericórdia para com todos (cf. 2.ª leitura).
Depois de termos celebrado a mais perfeita realização da fé em Maria, somos convocados, mais uma vez, neste domingo, a louvar e a engrandecer a fé de uma mulher, de uma estrangeira, de uma libanesa, de uma pagã, ao concluirmos, precisamente hoje, a 48.ª Semana Nacional das Migrações. E, nesta mulher, o Senhor desafia-nos a acolher e a escutar o grito dos mais pobres, dos excluídos, dos estrangeiros, de modo que a família, a Igreja e o mundo se tornem verdadeira Casa comum, Casa de oração para todos os povos (cf. 1.ª leitura), para todos os filhos de Deus, que andam dispersos.