O mandamento novo do amor está no coração da Liturgia da Palavra deste domingo. Precisamos de aprender a conjugar, de muitos modos, o verbo amar. Na voz passiva, deixemo-nos amar por um Deus cujo amor é anterior e é maior que o nosso coração. Na voz ativa, respondamos ao amor com que Deus nos ama amando-nos uns aos outros. O amor, mais do que um sentimento, é uma vontade. Mais do que uma palavra, é um imperativo. O modo incondicional e o modelo insuperável deste amor, que dá a vida por todos, é Cristo: Ele aposta a vida toda por todos nós, sem exclusões, sem aceção de pessoas. Deixemos que o seu amor nos converta ao amor dos irmãos.
Que belos são estes dias da Páscoa, que agora se desconfina, da Páscoa florida, neste maio do coração, neste mês de Maria. E o mês começa | começou com a figura de São José, Operário, a que sucede amanhã | hoje o Dia da Mãe. Maria, a Mãe, e José, Operário, unidos a Jesus, centrados e concentrados n’Ele, ensinam-nos o trabalho do amor e o amor no trabalho, como segredo para dar um fruto que permaneça. Caros irmãos e irmãs: peçamos a São José e à Virgem Maria que nos ensinem a centrar em Cristo a nossa vida, a vivermos a nossa fé nos gestos do amor concreto de cada dia e a reservarmos mais espaço ao Senhor, a quem servimos e adoramos na nossa vida. Vivamo-lo, desde já.
Ressuscitou o Bom Pastor que deu a vida por nós! Desta Vida dada pelo Bom Pastor, brotam tantas vidas, hoje oferecidas pela vida dos irmãos. Na Páscoa do Senhor, descobrimos o segredo do amor e da vida: cada um só tem a vida que dá; só possuímos, de verdade, aquela vida que doamos plenamente. Neste IV Domingo da Páscoa rezamos, pedimos e agradecemos todas as vocações, todas as respostas de amor ao amor de Deus por nós. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, que fez da sua existência um dom. Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações, a vida de São José, cujo ano celebramos, sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um: sonho, serviço efidelidade.
Voltamos a casa, reunidos em Igreja, para o encontro com Cristo, à volta da mesa da Palavra e da Eucaristia. Jesus coloca-Se no nosso meio. “Ele está presente no meio de nós quando nos reunimos no seu amor e, como outrora aos discípulos de Emaús, Ele nos explica o sentido da Escritura e nos reparte o pão da vida” (Oração Eucarística V). Nós abeiramo-nos do Senhor, “espantados e cheios de medo” (Lc 24,37), por causa dos nossos pecados. Mas estamos cheios de confiança, pois “se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai” (1 Jo 2,1).
Este é o Domingo da Oitava da Páscoa, o primeiro dia da semana, o dia do encontro do Ressuscitado com a Sua Igreja reunida, como outrora no Cenáculo, na sala da Última Ceia. Este é, em algumas Igrejas, o domingo em que os novos batizados se apresentam com a sua veste branca, para agradecer as riquezas do Batismo com que foram purificados, da unção espiritual do Crisma com que foram ungidos e do Corpo e Sangue da Eucaristia com que foram redimidos. Este é, desde o ano 2000, o Domingo da Divina Misericórdia, que nos recorda o dom do perdão dos pecados, que brota do lado aberto de Cristo Morto e Ressuscitado.
Irmãos e irmãs: Hoje é Domingo de Páscoa. E a Páscoa não engana. Mesmo sem os sinais habituais de festa (visita pascal tradicional, foguetes, visita às famílias), a Páscoa está aí com toda a sua força, em tantos sinais vitais de vitória sobre o egoísmo, sobre o mal e sobre a morte. Privados de manifestações externas de festa, celebremos a Páscoa com aquilo que é o mais íntimo e o essencial na celebração da Ressurreição de Cristo. Convidemos e celebremos a Páscoa de Cristo vivo, para que Ele transforme a nossa vida pelo poder com que venceu o pecado, o medo e a morte. Inundados pela beleza deste dia, celebremos juntos, na arca da aliança, a Páscoa gloriosa do Senhor.
Esta é a noite do ano, a noite de todos os acontecimentos, a noite das grandes intervenções de Deus na nossa história! Estamos em vigília, em expectação noturna, para dar início à celebração do terceiro dia do Tríduo Pascal, o dia da Ressurreição. Na mais solene das vigílias, vamos proclamar a Ressurreição de Jesus, o acontecimento por excelência das grandes maravilhas de Deus operadas em nosso favor, a realização plena, em Jesus, da Páscoa da nova aliança. Quatro grandes liturgias darão corpo à nossa celebração: a Liturgia da Luz, a Liturgia da Palavra, este ano mais breve, a Liturgia Batismal, este ano mais simplificada, e, como coroamento, a Liturgia Eucarística!
No cantinho da oração, nós colocamos, desde o princípio, uma Cruz. A Cruz é o tesouro da Arca da Aliança, que valorizamos neste dia da Paixão do Senhor. “Tão grande é o valor da cruz, que quem a possui, possui um tesouro” (Santo André de Creta). Porque é que a Cruz é um tesouro? “Sem a cruz, a Vida não teria sido cravada no madeiro. E se a Vida não tivesse sido crucificada, não teriam brotado, do seu lado, aquelas fontes de imortalidade, o sangue e a água, que purificam o mundo; não teria sido rasgada a sentença de condenação escrita pelo nosso pecado; não teríamos alcançado a liberdade; não teria sido vencida a morte nem poderíamos saborear o fruto da árvore da vida, não estaria aberto para nós o Paraíso”. Por isso, as nossas cruzes, “os desprezos, as dores e as aflições são os verdadeiros tesouros dos que amam a Jesus Crucificado” (Santa Margarida Maria Alacoque). Digamos uma vez mais, de cruz ao peito: “A Cruz é o meu tesouro, o mais precioso de todos os bens” (Santo André de Creta).