Liturgia e Homilias na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo C 2022
Destaque

Reunimo-nos nesta Quinta-feira da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, que nos reporta à instituição da Eucaristia, na Quinta-feira da Ceia do Senhor. Os gestos de Jesus, que toma o pão e o vinho, que bendiz o Pai, que parte e nos reparte o Pão da Vida, são desafio a uma vida tomada pelo Seu amor, a uma vida que se torna um Hino de louvor, a uma Vida que dá tudo e se dá inteiramente pela vida dos outros. A Eucaristia é assim uma escola de bênção. Deus diz bem de nós, seus filhos amados. E nós bendizemos a Deus nas nossas assembleias (cf. Sal 68, 27), reencontrando o gosto do louvor, que liberta e cura o coração. Vimos à Missa com a certeza de ser abençoados pelo Senhor, e sairemos para abençoarmos, para sermos canais de bem no mundo. Preparemo-nos, oferecendo ao Senhor o pouco ou nada que temos, oferecendo o que somos e temos.

 

Homilia na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo C 2022

A Palavra de Deus ensina-nos hoje a conjugar dois verbos simples, mas essenciais para vivermos a Eucaristia, nos gestos mais simples de cada dia: dizer e dar.

1. Dizer. Ouvíamos, na 1.ª leitura, as palavras de Melquisedec: «Abençoado seja Abrão pelo Deus Altíssimo. Bendito seja o Deus Altíssimo» (Gn 14, 19-20). O dizer de Melquisedec é um bendizer. As palavras de bem geram uma história de bem, são uma bênção que se propaga! O mesmo acontece no Evangelho: «Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes e levantandoos olhos ao Céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e dava-os aos discípulos para que os distribuíssem pela multidão» (Lc 9, 16). De cinco pães, a bênção faz-se alimento para uma multidão: uma simples oração de bênção faz brotar uma cascata de bem! Pressente-se já aqui o sabor eucarístico desta palavra de bênção, porque nos remete para o gesto de Jesus na Última Ceia, que escutamos numa das Orações Eucarística (III): “Na noite em que Ele ia ser entregue [Jesus] tomou o pão, dando graças Vos bendisse… De igual modo, no fim da Ceia, tomou o cálice, dando graçasVos bendisse”. A nova edição do Missal Romano substitui a palavra «abençoou» por este «bendisse». E ainda bem. De facto, para Jesus não se tratava de abençoar ou de benzer o pão ou o vinho, mas, sobretudo de bendizer a Deus Pai. Ao pronunciar aquela bênção, Jesus dirige ao Pai uma bela oração de louvor. É uma oração muito semelhante àquela que fazia o chefe de mesa em qualquer refeição, mas especialmente na refeição mais solene dos sábados e das festas: tomando o pão nas suas mãos, no início da refeição, o chefe de mesa dizia: «Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do universo, que fazeis produzir o pão à terra». Depois partia e repartia o bendito pão.

 

2. Dar. É o verbo que segue ao dizer, na sua forma de bendizer. Bendizertransforma a palavra em dom.Se o coração bendiz por algo que recebeu de Deus, tal gratidão traduz-se necessariamente em partilha com os irmãos. Quem se s sabe agraciado por um dom tão sublime torna-se fonte de bênção para os outros. Daí que o verbo dar seja inseparável do verbo dizer, dizer bem, bendizer. Melquisedec bendisse Abrão e deu a sua oferta. Jesus bendisse pelos pães e pelos peixes e logo os dava. Os verbos usados, depois da oração de bênção, são muito claros; «partir, dar, distribuir» (cf. Lc 9, 16). O verbo de Jesus não é ter, mas é dar. Na economia do Evangelho, as contas de multiplicar fazem-se realmente a dividir.

3.Tiremos destes dois verbos duas atitudes eucarísticas para a nossa vida, que se concretizam numa sugestão muito prática:

3.1. Em primeiro lugar, sejamos pessoas capazes de dizer bem, de bendizer, mais prontas para louvar a Deus e elogiar os outros, para agradecer, do que para se lamentar ou dizer mal da sua vida ou dos outros. Que a Eucaristia seja uma escola, em que se aprende a língua do louvor que liberta e cura, a língua do elogio e da gratidão, da bênção e da compaixão.

 

3.2. Em segundo lugar, sejamos pessoas que gostam de dar e de se dar. Aquilo que temos só produz fruto se o dermos aos outros. E não importa se é pouco ou muito o que temos. Não lamentemos o pouco: o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. O Senhor diz-te também a ti: «Dá-lhes tu de comer». Deus não realiza prodígios com ações espetaculares. O amor de Deus é todo-poderoso porque faz grandes e belas coisas com coisas muito pequenas e através dos mais pequeninos.

3.3. Uma forma de mantermos vivo este sentido eucarístico é fazermos a bênção da mesa, pelos menos e cada domingo. Tal oração de bênção “recorda-nos que a nossa vida depende de Deus, fortalece o nosso sentido de gratidão pelos dons da criação, dá graças por aqueles que com o seu trabalho fornecem estes bens e reforça a solidariedade com os mais necessitados” (Papa Francisco, Laudato Sí, 227).

Irmãos e irmãs: somos abençoados, abençoemos; somos benditos, bendigamos. Somos saciados, alimentemos. Sejamos em tudo Eucaristia para os outros, isto é, bênção e doação. Sejamos, à imagem de Jesus, Pão repartido pela Vida do mundo.

 

 

 

 

 

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