Mas também nós, cada um de nós, somos chamados, hoje, a pôr os olhos no olhar amoroso de Jesus, para vermos bem o que nos pesa, prende ou bloqueia, o que nos impede, o que ainda nos falta – e talvez nos falte o mais importante – para chegarmos a ser seus discípulos! Lembrai-vos disto: só um discípulo pode “fazer” outro discípulo!

Não separe o homem o que Deus uniu! E o Evangelho não separa homem e mulher, unidos em matrimónio, mas também não separa as crianças dos pais, nem os sonhos dos jovens das visões dos mais velhos. Enquanto decorre em Roma o Sínodo dos Bispos, nós rezamos pelos jovens, que serão capazes de profecia e de visão, na medida em que nós, adultos ou já idosos, formos capazes de sonhar e assim contagiar e partilhar os sonhos e as esperanças que trazemos no coração (cf. Jl 3,1). Num mês e num ano assim, cheio de missão, é bom lembrar a vocação e a missão do casal cristão, a vocação e a missão da família cristã, porque também aqui a missão começa em casa!

HOMILIANO XXVI DOMINGO COMUM B 2018

Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta

e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles” (Nm 11,29).

 

1.A verdade é que este belo desejo, expresso por Moisés, tornou-se já realidade, em todos nós. “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário. Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do seu grau de instrução, é um sujeito ativo de evangelização. Por isso, a nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados” (EG 120).

2.A renovação missionária da Igreja não se fará, só porque temos o Papa Francisco a surpreender-nos e a desassossegar-nos todos os dias. A missão da Igreja, na minha terra (cf. EG 273), não estará garantida, simplesmente à custa do empenho generoso mas solitário do pároco. A evangelização, hoje, não terá como protagonistas os bispos, os monges ou os frades. A época atual terá como protagonistas da missão todos os fiéis batizados, e sobretudo os fiéis leigos, que são a grande maioria dos membros do povo de Deus. Os malefícios causados pelo clericalismo, que anula e manipula o papel dos leigos, estão a dizer-nos que a renovação missionária da Igreja contará sobretudo com a força profética das bases, isto é, com a missão dos fiéis leigos.

3.E os leigos poderão assumir tal missão? Por que não?! “Se uma pessoa experimentou o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-l’O, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus. Não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários»” (EG 120).

4.Queridos irmãos e irmãs: não há suplentes, nem reformados, não há excluídos, nem dispensados, no campo da missão. Ela diz respeito a todos os batizados, de todas as idades e condições. Quem dera que todos (avós, pais, filhos, crianças e jovens) profetizassem, não tanto por falarem muito acerca de Deus, mas por deixarem Deus falar, através de uma vida santa, bela e simples, que irradie a todos a alegria do Evangelho. Quem dera que todos assumissem a sua própria vida como missão! Quem dera que todos fizessem ressoar lá fora a alegria deste encontro com Cristo, na Eucaristia, e a contagiassem a todos os que estão para além do adro, nas vossas famílias, nas ruas e praças da nossa terra, nos ambientes escolares, políticos ou desportivos, no vasto mundo do sofrimento, do desporto, das redes digitais e sociais. É lá que é preciso estar. Não tanto para levar Cristo, mas para O desvendar, oculto mas realmente já ativo e presente na vida de cada pessoa (cf. EG 71; Ef 4,6).

5.Irmãos e irmãs: neste ano cheio de missão, estamos todos convocados segundo o lema “Todos discípulos missionários”. Quem dera que “todo o nosso ano pastoral fosse atravessado pela atitude geral e dominante do «amigo traz amigo», ou «todos à procura de mais um». Assim, por exemplo, um aluno de Educação Moral e Religiosa Católica deveria colocar como objetivo que um colega, não inscrito, passasse a inscrever-se; uma criança ou adolescente que anda na catequese, fizesse o mesmo com um amigo que não frequenta; que um jovem da pastoral universitária ou do grupo de jovens da paróquia «conquistasse» um companheiro mais «afastado» dessas coisas; que uma família «adotasse» outra família para lhe difundir a mensagem cristã, particularmente entre alguma que saiba estar em dificuldades de relacionamento ou que já se fraturou; etc.” (Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 8)…

É desta que vai? Vamos lá. “Todos. Tudo e sempre em missão” (CEP, Nota para o ano missionário)! Por que esperamos nós (EG 120)?!

Não nos tornemos utilizadores do templo, consumidores das coisas de Nosso Senhor.Muito alimento e muito sacramento, sem 0 exercício de aquecimento do serviço e da caridade, faz disparar o índice de massa gorda e põe em risco a nossa saúde espiritual!Nós, o que queremos ser afinal? Humildes servidores da alegria do Evangelho ou sorvedores que sugam tudo, a ver quem é o primeiro e o maior?!

A fé professada em Cristo é também fé vivida, na prática do amor. Se, com os lábios e o coração, professamos a Cristo, como Senhor e Messias, também, pela fé, O reconhecemos no rosto dos irmãos. Por isso, no início de um novo ano escolar, laboral e pastoral, a Palavra de Deus vem recordar-nos que “a fé sem obras está completamente morta” (Tg 2,17). Deixemo-nos hoje interpelar pela Palavra de Deus, de modo a respondermos e a correspondermos à fé que professamos, como verdadeiros discípulos missionários de Cristo.

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