Celebramos a Assunção de Nossa Senhora. A Assunção de Nossa Senhora é a Páscoa de Maria, é a festa da sua plena participação na vitória pascal do seu Filho Jesus Cristo. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é associada à glória da ressurreição do seu Filho. Ela guia-nos, neste caminho de saída de nós mesmos, ao encontro dos outros e projeta-nos neste caminho com saída para a vida eterna.

Em pleno mês de agosto, o mês da mobilidade, das viagens e peregrinações, das férias e deslocações, iniciamos também a Semana Nacional das Migrações e dos Refugiados, tendo Abraão, nosso pai na fé, como figura histórica de referência, nesta busca errante de uma terra prometida. Ele é a imagem do crente peregrino e do crente que acolhe Deus, na pessoa do outro. Comecemos por reconhecer os nossos medos, fugas e indiferenças em relação aos últimos das nossas sociedades, a quem devíamos justamente dar o primeiro lugar.

A iniciar o mês deagosto, vêm a contragosto as advertências do sábio Coelet, do apóstolo Paulo e do único Mestre, que é Jesus Cristo. Talvez estivéssemos à espera, em tempo de férias, de uma Palavra mais suave, mais deslizante. Mas não. A Liturgia da Palavra não nos vende ilusões de verão e enche de sabedoria o nosso coração. Pela insensatez em que, tantas vezes, caímos, invoquemos a misericórdia do Senhor:

Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). É a prece do discípulo, que não pode seguir Jesus, até ao fundo, se não entrar na relação profunda de Jesus com o Pai. A Oração do Pai-Nosso, que Jesus ensina, não é mais uma oração no catálogo da piedade. É uma Catequese sobre o modo de rezar dos discípulos, que hão de aprender a fazer da oração um tratado de amizade, com a confiança de filhos, que esperam o melhor do Pai.

Também Jesus, com fome e sede, peregrino, no caminho para Jerusalém, precisa do pão e da água, da sombra e da frescura, da tenda, para restaurar as forças e prosseguir o caminho para Jerusalém. Para isso, Jesus entra em casa de Marta e de Maria, como os três personagens na tenda de Abraão. É Cristo, hóspede e peregrino, que aguarda o nosso convite para entrar e ficar. A nós, como a Abraão e aos discípulos de Emaús, compete-nos estar atentos e dizer: «Não passeis adiante, sem parar... sem ficar connosco»... porque todos precisamos de«pão para restaurar as forças, antes de continuar o caminho».

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