Todos discípulos missionários! Todos! E com tudo: “com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as forças” (Mc 12,30; Dt 6,4-5). São quatro dimensões, para vivermos um amor inteiro, um amor em todas as direções; um amor sem medida, que atravessa o corpo e a alma, que vai da cabeça aos pés e dos pés às mãos, até sair de si e encontrar a outra face de Deus no rosto do irmão. 

E continuamos, pelo segundo dia, a professar, a celebrar e a testemunhar a nossa esperança na Ressurreição. E fazemo-lo nesta comemoração de Fiéis Defuntos, em plena Eucaristia, sacramento da nossa comunhão. Aqui, Deus une o Céu e a Terra, os vivos e os que partiram antes de nós, os Santos que estão na glória de Deus e os que ainda não foram plenamente purificados pelo seu amor. Aqui rezamos uns pelos outros e uns com os outros, para estarmos juntos com o Senhor e nos consolarmos uns aos outros, na esperança da ressurreição do Senhor. Com efeito, “os nossos entes queridos não desapareceram nas trevas do nada: a esperança assegura-nos que eles estão nas mãos bondosas e vigorosas de Deus” (AL 256).

Todos os santos ou todos santos? Neste ano pastoral, que nos desafia a descobrir a graça e o desafio de sermos “todos discípulos missionários”, a solenidade deste dia vem recordar-nos que o verdadeiro discípulo é o santo; e que também o verdadeiro missionário é o santo. Hoje compreenderemos melhor que “a santidade é o rosto mais belo da Igreja” (GE 9). 

Realmente o Senhor não quer discípulos “sentados”, discípulos “estacionários”. Quando Ele passa, e nós estamos, sentados, à beira do caminho, tudo se transforma: a escuridão em luz, o desalento em esperança, o medo em confiança, a paralisia em movimento, a berma da estrada em caminho.Nesta Eucaristia, Jesus vem ao nosso encontro para encher de luz a nossa vida e nos abrir um caminho novo. Porque Ele chama por nós, saibamos largar a capa, dar um salto e ir ao seu encontro. 

Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”. Este é o desafio do Papa neste Dia Mundial das Missões. Missão até aos confins da Terra, levada a cabo por tantos cristãos, homens e mulheres, leigos e consagrados, que anunciam a Boa Nova lá mais longe. Missão na nossa terra, nos nossos ambientes. Cada um de nós é chamado a assumir a própria vida como missão e a refletir hoje sobre esta realidade: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» (EG 273). 

Homilia no XXIX Domingo Comum B 2018

 

1.À direita ou à esquerda, tanto faz, aqui estão dois candidatos ao lugar, na formação do futuro governo do Reino! Dois dos discípulos, que vão de pé, seguindo Jesus no caminho para Jerusalém, aproximam-se d’Ele e querem um lugar privilegiado onde possam sentar-se. Em vez de um Reino de servidores, começa aqui a desenhar-se um Império dos sentados. Em vez de ir a jogo, estes preferem sentar-se no banco dos suplentes; em vez de um par de sapatilhas, para sair ao encontro dos outros, eles procuram o conforto de uma poltrona donde possam chefiar e dominar o mundo! Tão jovens estes dois discípulos e, pelos vistos, já prontinhos para uma reforma dourada e antecipada. E, pelo que se percebe, este vírus mundano do clericalismo, do oportunismo, do carreirismo, da competição, da luta pelo poder, também tinha contaminado os outros dez, que se indignaram por não ficarem nos primeiros lugares do concurso!

 

2.Com santa e infinita paciência, Jesus chama os seus discípulos para uma nova ação de formação. Têm de mudar o seu “software”, a sua forma mundana de ver e pensar, de modo que não procurem um lugar de poder para si, mas se tornem um lugar de serviço para os outros. E o modelo perfeito, atraente e motivador desta mudança de rota é o próprio Jesus, o Filho do homem. Ele não olhou à sua condição divina, mas fez-Se Servo de todos. Não Se pôs em bicos de pés, mas abaixou-Se para lavar os pés aos discípulos. Não Se impôs aos outros com a força das armas, mas depôs-Se diante dos homens, com as mãos da ternura. Não Se inclinou perante a sedução do poder e das riquezas, mas reclinou-Se para servir os mais pobres e desprezados, identificando-Se com eles. A partir da Cruz de Jesus, o discípulo “aprende a lógica divina da oferta de si mesmo, como anúncio do Evangelho para a vida do mundo. A missão até aos últimos confins da Terra requer o dom de nós próprios na vocação que nos foi dada por Aquele que nos colocou nesta Terra” (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 2018).

3.Neste Dia Mundial das Missões precisamos todos de reaprender a identidade do discípulo missionário, que não se reduz a um estatuto, a um estado de vida. O discípulo missionário é, ao mesmo tempo, atraído e enviado por Cristo. “Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos que o nosso coração sente como forças interiores do amor que prometem futuro e impelem a nossa existência para a frente” (Papa Francisco, MDMM 2018). Na verdade, tudo começa pela atração que Cristo exerce sobre o discípulo, que assim se levanta à chamada de Cristo,quando Ele passa, olha, chama e envia: “Levanta-te e vai'” (Mc 2,12; 10,49; Lc6,8; 7,14; 17,19; At 3,7; 9,6.11; Ef 5,14).Levanta-te e vai até aquele lugar, ao encontro daquela pessoa! Neste sentido, “não existe uma evangelização de poltrona” (Papa Francisco, Meditação matutina, 19.04.2018). O discípulo missionário não estaciona à beira do caminho; pelo contrário, é chamado, nas bordas da estrada da vida, a fazer caminho com Jesus e a seguir Jesus como Caminho, tornando-se um caminheiro de vida itinerante e não um chefe, sentado e instalado na cadeira de comando do poder.

 

4.Está em curso o Sínodo sobre os jovens. Com o Papa e comigo, dizei aos jovens: “Cristo chama-vos e envia-vos. Abri o vosso coração. Tende a coragem e a ousadia de levar o Evangelho aos outros, oferecendo-O e não impondo-O. Renunciai a fazer da vossa vida cristã um museu de recordações. Fazei antes a experiência da alegria do serviço aos mais pequenos, do compromisso na Igreja, do voluntariado missionário nesta vossa terra ou pelos confins do mundo. Preparai-vos não apenaspara o vosso bom êxito profissional, mas fazei da vossa vida um dom para melhor servir aos outros(cf. Papa Francisco, Discurso aos jovens em Talin, 25.09.2018 e MDMM2018).

 

5.E, neste Dia Mundial das Missões, convido todos e cada um a perguntar-se, não sobre o direito a ter um lugar de honra, mas a deixar-se mover por este dever missionário, perguntando-se em cada circunstância: O que faria Cristo no meu lugar?Lembra-te disto:“Tu precisas de todos e todos precisam de ti” (Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 10).

 

Homilia na Missa com Catequese

 Tópicos a partir da forma longa do Evangelho

 

  1. Reparo como é difícil manter-vos muito tempo sentados! As crianças, os adolescentes e os jovens gostam mais de movimento, de andar, de caminhar, de viajar de lugar em lugar. Sei que nenhum de vós gostará de ficar sentado no banco dos suplentes. Todos gostam de ir a jogo.
  2. Por isso, é estranho que os discípulos, que seguiam Jesus, de pé, pelo Caminho, queiram agora arranjar um lugar para ficarem sentados, acomodados e instalados na sua poltrona, com o comando do mundo nas mãos.
  3. É uma tentação muito comum ficarmos acomodados na nossa zona de conforto, sentados no sofá, a ver a banda passar, a ver pela janela da TV, do telemóvel ou do computador, o mundo a girar, em vez de sair à rua, de se meter ao barulho, de pôr pés ao caminho, de meter a mão na massa…
  4. O desafio de Jesus é outro. O discípulo não pode ficar sentado, à janela ou na beira da estrada. O discípulo é atraído e chamado por Jesus, que logo lhe diz: “Levanta-te e anda”. E, por isso, é sempre um missionário, um enviado ao encontro dos outros. Por isso, tem de trocar o sofá e as pantufas por um par de sapatilhas, para levar a todos o Evangelho!
  5. Neste Dia Mundial das Missões, o Papa olha para nós e pede sobretudo aos mais novos: “Juntos com os jovens, levemos o Evangelho a todos”, a começar pela nossa terra até chegar aos confins do mundo.
  6. Cada um pergunte-se, em cada momento, em cada caso, em cada circunstância da vida: O que faria Cristo no meu lugar?Lembra-te disto: “Tu precisas de todos e todos precisam de ti”(Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 10).
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