Liturgia e Homilias no XXV Domingo Comum A 2020
Destaque

Com o trabalho nas vinhas, que não dá tréguas, o desafio do Senhor, na parábola deste domingo, é largar tudo para trabalhar na Sua vinha e responder à hora em que Ele mesmo nos chamar. Ele sai ao nosso encontro, desde manhã cedo ao entardecer, e faz-nos o desafio: «Ide vós também para a minha vinha»! Não seremos os primeiros, mas a surpresa é reservada precisamente para os últimos. Ele recebe-nos e recompensa-nos, não pelo valor dos nossos méritos, mas segundo a grandeza e a bondade do Seu coração! Confiemo-nos então à graça infinita do Seu perdão.

Homilia no XXV Domingo do Tempo Comum A 2020

Serão maus os teus olhos, porque Eu sou bom?

 

1. A pandemia pôs-nos a todos de máscara! O rosto quase encoberto obriga-nos a um olhar mais atento sobre a pessoa única que está diante de nós. Temos de aprender a conhecê-la ou a reconhecê-la, a adivinhar os seus sentimentos e as suas reações pelo seu olhar. Precisamos de parar e de reparar, para poder ver por dentro quem está diante de nós. Não podemos tocar, nem abraçar, para sentir o pulsar do seu coração. Mas uma simples troca de olhares pode resgatar-nos do anonimato, da solidão, da tristeza. Quantas vezes nos é tão consolador apenas um olhar, mesmo se refletido e invertido no espelho dos nossos aparelhos eletrónicos?! Que força de esperança nos vem de um simples olhar de ternura por parte de alguém que nos fala e ama, através de um coração que vê!

2. Na verdade, Jesus convida-nos hoje a um olhar amplo, com olhos novos, com os olhos mais perto do coração do que da cabeça, com os olhos mais perto do coração de Deus, que vê ao longe e vê por dentro, que vê o coração e com o coração. A nossa saúde física ou espiritual vem sempre à tona do nosso olhar. “A candeia do teu corpo são os teus olhos. Se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo estará iluminado, mas se estiverem em mau estado, todo o teu corpo estará em trevas” (Lc 11,34). “O modo como vemos decide a qualidade do nosso viver. Um olhar perturbado é uma fonte de obscuridade” (Card. Tolentino Mendonça).

3.Por isso, na parábola do Evangelho deste domingo, o proprietário responde à censura dos primeiros contratados com esta advertência: “Serão maus os teus olhos por Eu ser bom?” (Mt 20,15).Fica claro que o proprietário que contrata trabalhadores para a vinha é a imagem de um Deus que abre a vinha a todos e nos chama a servir o Seu Reino neste mundo e só espera que Lhe respondamos na hora. Mas toda a relação entre este Deus e nós joga-se e julga-se neste modo de olhar. Por isso, façamos este exame de oftalmologia espiritual: Como vemos a Deus? Vemos a Deus como um Pai, que nos ama segundo a Sua bondade infinita, ou como um patrão, que nos paga de acordo com as nossas prestações de serviço? Vemos a Deus como um Pai, que age segundo a largueza e a grandeza infinitas do Seu coração, ou como um contabilista, que nos premeia, segundo os nossos méritos? Vemos a Deus como um Pai, que nos oferece tudo de graça, antes mesmo de Lho pedirmos, ou como um juiz implacável a quem cobramos e pedimos justiça pelas nossas boas ações?

4.E já agora, como nos vemos a nós próprios diante deste Deus que nos escandaliza com o excesso da Sua generosidade? Vemo-nos, diante de Deus, como filhos muito amados por este Pai, independentemente dos nossos méritos, qualidades e defeitos? Ou vemo-nos como assalariados pagos à hora, prontos a reclamar retribuição e recompensas? Como nos vemos a nós diante deste Deus, que discrimina positivamente os últimos, começando justamente por eles? Vemo-nos como servos inúteis, que se sentem privilegiados e recompensados pelo simples facto de poder trabalhar na vinha do Senhor? Ou vemo-nos, na Igreja, como funcionários de Deus, que reclamam prémios de antiguidade ou de produtividade no trabalho?!

5.Irmãos e irmãs: pior do que a máscara no rosto é uma calculadora no coração! Peçamos ao Senhor que nos cure e converta o nosso olhar, que Ele nos dê a graça de um coração que vê e de um olhar que vê com a bondade do Seu coração. No início deste ano pastoral, olhemos, com os olhos de Deus, para a vastidão da vinha que Ele nos confia, onde não falta trabalho fecundo (cf. Fl 1,22)a todas as horas. Irmão, irmã: vê esta tua missão com bons olhos!

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