Liturgia e Homilias no XXII Domingo do Tempo Comum A 2020
Destaque

Estamos a poucos dias do final do mês, que procuramos viver «ao gosto de Deus». E começamos já a delinear o programa de regresso à escola, ao trabalho e à comunidade paroquial. Estamos bem conscientes de que os tempos novos e incertos dos próximos meses exigem grande dose de coragem, de confiança, de empenho.  Jesus não ilude com promessas de facilidades os que O desejam seguir. Somos desafiados por Jesus a segui-l’O pelo caminho da Cruz ou, no dizer de São Paulo, a oferecermo-nos “como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual”.  Comecemos,então, este encontro com Ele, nesta celebração, reconhecendo a necessidade de transformação do nosso coração, da nossa mente e da nossa vida, para seguir a Cristo, no caminho da fé.

Homilia no XXII domingo Comum A 2020

 

1.Viver “a(o) gosto de Deus” foi a proposta que vos fiz, ao longo deste mês tão especial, que tem os dias contados! Sobra(m) um (dois), para 31. Digo “a(o) gosto de Deus”, porque é mais fácil conformarmo-nos com o conforto das coisas deste mundo, do que deixarmo-nos transformar pela renovação espiritual da nossa mente. Muitas vezes, preferimos viver este tempo especial “a(o) gosto de nós mesmos”, fazendo férias de Deus, tirando Deus do comando da nossa vida e pondo-nos a nós próprios à frente de tudo. Nada que não tenha passado pela cabeça de Pedro que, em oito dias, passou de bestial a besta, de pedra sólida na construção da Igreja a pedra de tropeço na fé dos crentes.

2.Vede como Pedro se coloca à frente e a fazer frente a Jesus, para O impedir de escolher e seguir o Caminho da Cruz. E Jesus põe Pedro no seu devido lugar: “Vai para trás de mim, Satanás”. Para trás, porque esse é o lugar do discípulo, que segue Jesus. O lugar da frente pertence a Jesus, o único Mestre. O nome de Satanás é colado ao de Pedro, por este fazer a triste figura do Adversário, que reina dividindo, opondo-Se frontalmente à vontade de Deus.  A desgraça de Pedro é pensar em si, é pensar como os demais e não pensar nos demais.  É querer viver uma fé a baixo preço, de baixo custo, uma fé em regime de “low-cost”, com baixos custos de ativação!

3.Para fazer frente a esta mentalidade mundana, Jesus começa a instruir os discípulos, no paradoxo da Cruz, na lei do amor, em que não se pode alcançar a felicidade sem renunciar a si próprio, em que não se pode esperar a vida plena sem oferecer a vida inteira, em que não se pode conhecer o verdadeiro amor sem passar pela dor, em que cada um só tem aquilo que dá. Perder para ganhar é todo um programa de conversão da mente, do coração e da vida, tão a(o) gosto e ao estilo de Deus, mas tão desconfortável a(o) gosto dos homens.

4.Com setembro à porta (é já na terça-feira!), voltaremos, de algum modo, a sentir o peso da Cruz nossa de cada dia, ao seguir Jesus, de corpo e alma, neste tempo tão incerto e novo. Só poderemos aderir e cumprir este programa, se seguirmos o Senhor, com paixão e como paixão, até à Sua Paixão. Não dá mais para seguir Jesus por arrasto, por moda ou por tradição. Esta Cruz, sem a qual não há verdadeiro Jesus, só pode ser acolhida e carregada com alegria, se for por amor a Ele, porque só o amor transforma a  dureza da renúncia em feliz doação; só o amor transforma uma perda pessoal em ganho real. Se nos vier a faltar esta “dose” de paixão por Jesus, este “fogo” de amor por Ele, não seremos mais capazes de O seguir. Como profetizou Karl Rhaner, em meados do século XX: “Ocristão de amanhã [ou seja de hoje]ou será místico ou não será cristão. Será alguém que fez a experiência de Deus na sua vida ou deixará de ser cristão”.

5.Queridos irmãos e irmãs: ser e viver como cristãos vai custar-nos mais, nestes tempos de pandemia. Teremos de combinar o presencial e o digital, na relação com Deus e com os outros, na formação escolar e cristã e até na celebração da fé. Teremos de viver a fé sempre e mais a partir de casa, mas saindo da própria casa, para ir ao encontro dos outros. Teremos de multiplicar pelas ruas e zonas da nossa Paróquia muitos bons samaritanos e “montar” novos “hospitais de campanha”, que sejam filiais da presença e da ação da Igreja, junto dos mais frágeis e sós. Teremos de acudir à emergência social, de muitos irmãos de ao pé da porta, cujo grito não poderemos calar. Peçamos ao Senhor que nos ajude a discernir, segundo a Sua vontade, o que Lhe é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito, no Seu amor.

 

Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk