Estamos a concluir a cinquentena pascal, com a belíssima solenidade do Pentecostes, em que o Espírito Santo põe fim ao confinamento da Igreja e abre todas as portas e janelas para a missão. Nós que experimentamos, como os discípulos, um longo tempo em casa, com as portas fechadas das nossas igrejas, retomamos agora, pouco a pouco, a alegria do encontro dominical, à volta da mesa da Eucaristia. Não é ainda o que nós desejaríamos, mas estamos todos em comunhão com todos os que abrem as portas de sua Casa à presença do Senhor que, lá como aqui, entra para ficar, derrama o Espírito do Seu amor para nos unir e reunir, para nos animar e fortalecer, para nos fazer entrar no íntimo de Deus e nos fazer sair para o coração do mundo.

Hoje celebramos o Domingo da Ascensão. Da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão! E, desde então, desde a manhã de Páscoa, os discípulos recebem esta séria indicação: há que sair do centro religioso de Jerusalém para voltar à Galileia dos pagãos. A Ascensão atira-nos os olhos do coração para o alto, onde já Se encontra Cristo na glória do Pai, mas pede-nos pés bem firmes na terra. A presença do Senhor habita e fala-nos ao coração; a companhia invisível do Senhor está garantida, não de modo virtual, mas nos laços fraternos da nossa comunhão, na partilha do pão da Eucaristia, na alegria da missão.  Este é o novo normal da vida dos discípulos. Aprendamos deles, a viver a graça destes tempos novos. 

 

Com Maria, como Maria, edifiquemos a Igreja Doméstica. Foi este o desafio que nos propusemos viver, ao longo deste mês de maio, mês mariano por excelência, em pleno tempo pascal. E quer o mês mariano quer o tempo pascal culminarão a 31 de maio, com a Solenidade do Pentecostes. Este tempo pascal reconduz-nos ao Cenáculo, à sala da Última Ceia, na Casa emprestada por um amigo a Jesus, para ali celebrar a Páscoa com os discípulos. Nessa mesma sala, dessa mesma casa, depois da Ressurreição, estão reunidos os apóstolos e a primeira comunidade dos discípulos, donde se destaca a presença de Maria, Mãe de Jesus. Confinada, como nós, naquela Casa, ela ensina-nos a viver esta hora, como oportunidade para redescobrir a nossa casa como morada de Deus e a família como Igreja Doméstica. Nesta quinta-feira, que seria da Ascensão, celebremos a nossa Padroeira, para que nos ajude a viver esta hora de crise, de crescimento e de esperança.

Vai longa a Páscoa do Senhor. Este é já o sexto Domingo, destes cinquenta dias, que são como que um só Domingo.Estamos ainda confinados em nossas casas, privados do encontro feliz com os cristãos, no seio da comunidade cristã. Mas haja alegria. Haja esperança. Não estamos órfãos, nem sozinhos. Em cada casa, onde se reúnem dois ou três em nome de Cristo, aí habita o Espírito Santo, como doce hóspede da alma, Consolador perfeito e Doce alívio. Ele está em nós e habita o coração de cada um dos batizados em nome do Senhor Jesus.

 

Irmãos e irmãs: reunimo-nos para dar início à celebração do 5.º Domingo da Páscoa. Pelo Batismo, somos todos membros deste Povo adquirido por Deus, chamado a anunciar os louvores d’Aquele que nos chamou das trevas para a Sua Luz admirável. O Povo de Deus é todo ele, em cada um dos seus membros, um Povo sacerdotal. Como Povo sacerdotal, unidos a Cristo, celebramos os louvores de Deus cuidando e oferecendo a nossa vida pelos outros. Na união das nossas vozes e dos nossos corações, exprime-se a unidade de toda a Igreja, que tem Cristo como Pedra Angular. Celebremos com alegria mais um Domingo da Páscoa do Senhor.

 

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