Paróquia Senhora da Hora (761)
Todos irmãos. Todos de casa. Sob este lema, vivemos o Advento, na expetativa da vinda do Senhor. Neste terceiro dia da segunda semana do domingo do Advento, celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição, pondo os olhos em Maria, a quem Deus escolheu para ser a digna morada de Seu Filho. Que quer dizer «Imaculada Conceição»? Quer dizer que não houve momento nenhum da existência de Maria, em que ela não fosse cheia de graça, inteiramente santa, sem mancha de pecado. Ela foi sempre fiel ao amor de Deus; Ela disse-Lhe sempre «sim». Por isso, Ela é a nossa Estrela da Santidade.
Todos de casa. Todos irmãos. O nosso Advento não vai no vento do confinamento. O uso da máscara é o nosso instrumento de vigilância; o distanciamento físico é oportunidade de um olhar mais atento; o recolhimento obrigatório é exercício de deserto. A solidão abre-nos a uma palavra e a um gesto de consolação. O Deus da paciência fala-nos hoje ao coração. Neste 2.º domingo do Advento, colocamos, na Estrela da Fraternidade, a palavra AMABILIDADE. Em períodos de crise, de situações catastróficas, em momentos difíceis, quando aflora o espírito do «salve-se quem puder», somos desafiados a cultivar a amabilidade; há pessoas que o conseguem, tornando-se estrelas no meio da escuridão e da solidão.
Todos irmãos. Todos de casa. Todos irmãos é o propósito que nos guia, desde este primeiro Domingo do Advento até à conclusão do tempo do Natal, com a Festa do Batismo do Senhor. Ao longo destas 10 celebrações, iremos aprofundar a consciência e a experiência, a graça e a exigência, desta fraternidade humana e cristã. Esta fraternidade tem a sua raiz no amor do Pai, que enviou ao mundo o Seu Filho e assim nos fez irmãos. Todos de casaé o ideal que sonhamos para cada pessoa, que habita a nossa Casa Comum, seja a Casa da família, seja a casa da Igreja, seja o mundo em que vivemos. A família, a Igreja e o mundo ganham “quando cada pessoa, cada grupo, se sente verdadeiramente de casa” (FT 230).
Este é o último domingo do ano litúrgico. Um ano atravessado pelo espesso nevoeiro de uma pandemia que ainda persiste. Entre mortos e feridos não é legítimo passar ao largo, para não ver o irmão ferido e tratar as suas feridas. No fim da vida, o balanço será feito pela balança do amor que tivermos uns pelos outros. A parábola do juízo final, que vamos escutar, dá-nos já as perguntas do exame final, o protocolo de entrada no Reino, com a certeza de que o amor aos pobres é o nosso passaporte para o Céu. Deixemo-nos, desde já, mover pelo amor de Deus, para que a Sua misericórdia nos converta em irmãos, próximos e cuidadores uns dos outros.
O ano litúrgico caminha para o fim, em direção à plenitude da Vida, que só no Senhor poderemos encontrar. Enquanto esperamos «o dia do Senhor», o dia da Sua última vinda definitiva e do nosso encontro definitivo com Ele, cabe-nos vigiar, estar atentos, sóbrios, diligentes, fazendo render todos os talentos, que o Senhor nos confia. Não nos deixemos iludir quando disserem «paz e segurança», porque subitamente irrompe, de forma inesperada, a pandemia da COVID-19, que deixa a descoberto as nossas falsas seguranças. Neste domingo, 4.º Dia Mundial dos Pobres, o exemplo vem de uma mulher virtuosa (Pr 31,20)e o desafio é feito por um homem sábio, que nos dá o código da felicidade: “Estende a tua mão ao pobre” (Sir 7,32). Estendamos, desde já, a nossa mão a Deus, suplicando perdão pelas vezes em que não a estendemos aos irmãos.
“Jesus chamou os que queria e foram ter com Ele” (Mc 13,3)! Este é o lema da Semana de Oração pelos Seminários, que se conclui neste 32.º Domingo Comum. Esta prontidão da resposta, para ir ao encontro do Senhor, é o que espera Cristo, o Esposo, quando nos chama a estar com Ele, para entrar na intimidade do Seu amor por nós. A cada um Ele pede que não deixemos esmorecer o desejo, que não deixemos apagar-se a chama e o fogo desta chamada. Ao forte brado, que nos acorda do sono, “eis o Esposo; ide ao seu encontro” (Mt 25,1-13),levantemo-nos imediatamente com as candeias da fé, da esperança e do amor bem acesas. Que esta Eucaristia, que anuncia a Páscoa do Senhor até que Ele venha, nos ajude a reacender as candeias da fé e da esperança e a encher de alegria a almotolia do amor, para amar e servir o Senhor.
Ontem não pudemos ser fiéis à bela tradição popular de uma romagem ao cemitério, para uma oração comunitária, para o gesto terno de colocar flores e acender uma vela sobre os restos mortais de um familiar. São gestos simples, que antecipávamos para o dia feliz de Todos os Santos. Na flor está o sinal promissorda vida nova que florirá daquele corpo lançado à terra como o grão de trigo. Na vela entrevemos o esplendor da luz perpétua, a partir daquela vida que se consumiu até ao fim, para ser consumada e ateada no fogo daquele amor que não acaba. Mas, graças a Deus, podemos ainda rezar por eles. Isso pode não só ajudá-los, mas também tornar mais eficaz a sua oração em nosso favor. Mas mais e acima de tudo isto, podemos celebrar juntos a Eucaristia, em comunhão com todos os nossos irmãos e irmãs. «A Igreja oferece pelos defuntos o sacrifício eucarístico da Páscoa de Cristo, a fim de que, pela mútua comunhão entre todos os membros do Corpo de Cristo, se alcance para uns o auxílio espiritual e para outros consolação e esperança»(IGMR 379).Que esta celebração “aumente em nós a esperança de que os nossos irmãos e irmãs, chamados a ser pedras vivas do templo eterno de Deus, ressuscitarão gloriosamente com Cristo” (cf. Ritual das Exéquias, n.º 97).
A alegria deste domingo, dia da Ressurreição, é coroada com a beleza da esperança que celebramos nesta Solenidade de Todos os Santos. A vida dos santos serve-nos de exemplo, no seguimento feliz de Jesus. Na comunhão com os santos formamos uma família. Junto de Deus, os santos intercedem por nós, para que possamos vencer o bom combate da fé e receber com eles a coroa da vida eterna. Esta é, pois, uma celebração que nos diz respeito a todos e a cada um. Diz respeito a todos os batizados, que foram santificados e regenerados em Cristo! Diz respeito a cada um, escolhido pelo Senhor “para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor” (cf. Ef 1,4). O nosso coração eleva-se hoje para esta medida alta da vida cristã comum, quando se vê rodeado por uma nuvem de testemunhas, “que nos estimulam a correr para a meta” (GE 3). São os santos, de antigamente e de longe, mas também os santos de hoje e de “ao pé da porta, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus” (GE 7).Os santos foram o que nós somos e nós somos chamados a ser o que eles foram.
Jesus continua sob interrogatório e a surpreender-nos com as suas respostas. Da política ao catecismo, os fariseus experimentam Jesus, em todas as matérias. Agora, a pergunta a Jesus é sobre qual o principal mandamento, de entre os 613 preceitos que os judeus multiplicaram a partir dos 10 mandamentos! Jesus recorda-nos o amor a Deus e ao próximo, como duas faces da mesma moeda, pondo diante de nós o rosto de Deus e a face do irmão. Ambos provêm do mesmo Amor com que Deus primeiro nos amou. Amar a Deus e amar o próximo não é mais do que responder ou corresponder a esse primeiro amor. Por isso, movidos pelo amor de Deus, deixemo-nos converter ao Deus vivo e verdadeiro.