Chegou a tua hora. Abraça o presente. Neste início do ano pastoral, o Evangelho deste Domingo vem recordar-nos, através de uma parábola, a urgência desta hora, a boa pressa que é preciso ter para responder com ousadia e criatividade aos desafios deste presente. Nesta Eucaristia, acolhamos, no grande dom de Cristo, todos os dons, todos os presentes, todos os bens, que o Senhor nos quer confiar. E, para os acolhermos de braços abertos e de coração limpo, “ergamos para o Céu as nossas mãos santas, sem ira nem contenda” (cf. 2.ª leitura).

É tão bom voltarmos a casa. Porque há sempre um abraço neste regresso.Há sempre um presente em cada pessoa que encontrarmos.Regressámos e agora há festa na Casa do Pai, que preparou o banquete, para festar connosco a alegria do encontro, do reencontro. Uma alegria que só é completa quando encontrarmos também nós aquele ou aquela que nos falta e que é preciso procurar. Procurar onde?  Dentro e fora desta casa. Procurar até quando? Até encontrar.  E que fazer ao encontrar? Alegrar-se, chamar amigos e vizinhos, partilhar a Boa Nova. É este o programa das festas deste Domingo, a Festa por excelência dos cristãos reunidos, em casa e em família, à mesa da Eucaristia.

O país regressou a casa, o ano escolar está à porta e setembro é o mês de todos os recomeços, também nesta comunidade. Perante a escalada da exigência que Jesus coloca aos discípulos, nesta etapa do caminho, precisamos de medir forças e recursos, ponderar e discernir as nossas escolhas, para que nada se anteponha a Cristo. Peçamos a Deus que leve até a fim a obra que quer realizar em nós e por meio de nós. Que Deus saia vencedor de todas as nossas lutas e nos tornemos vencedores graças a Ele.

A humildade é o estilo de Deus. E a gratuidade é a sua marca. À mesa e à conversa com os convivas, Jesus introduz-nos, de novo, na sabedoria dos humildes e dos simples, na escola da humildade e da gratuidade, de que Ele próprio é o exemplo mais sublime. À mesa da Palavra, acolhamos o seu apelo e a sua presença de amor dado, sem troco nem preço.

O fogo da Palavra não dá tréguas no mês de agosto. Esforço e correção não parecem combinar com o calor preguiçoso do verão. Mas Jesus deixa clara esta advertência: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13,24)! A nós, que O escutamos e aqui comemos e bebemos com Ele, Jesus adverte-nos, que é preciso validar o bilhete de entrada, no banquete do Reino, com o esforço da caridade. Já o autor da Carta aos Hebreus recorda-nos hoje que “o Senhor corrige aqueles que ama”, tendo em vista frutificar em nós a paz e a justiça. Nesta celebração, cada um faça a sua prova de esforço, deixando-se corrigir, com amor, pela Palavra do Pai, que bate à porta e vem conversar amorosamente com os seus filhos.

Ontem celebrávamos o Domingo, memorial da Páscoa do Senhor. Hoje celebramos a Assunção de Nossa Senhora, para fazer memória da Páscoa de Maria. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é associada à glória da ressurreição do seu Filho. Ontem meditávamos na hostilidade que Jesus enfrentou e nas muitas formas de hostilidade do nosso tempo. Hoje, o desafio insistente de converter a hostilidade em hospitalidade, encontra no abraço de Maria e Isabel umas das mais belas expressões. Acolhamos, desde já, a presença do Senhor, que nos recebe em sua casa, para que O recebamos em nossos corações. 

Somos acolhidos na Casa do Senhor, como irmãos e concidadãos do Reino dos céus e não como estranhos ou estrangeiros. Somos desafiados, pela Palavra e pelo testemunho de Cristo e dos seus seguidores, a transformar a hostilidade em hospitalidade. Hoje fixaremos os olhos em Jesus, para pensar n’Aquele que suportou contra Si tão grande hostilidade! E assim haveremos de compreender como esta hostilidade se manifesta no nosso coração e na nossa vida, quando nos recusamos a construir o mundo com o diferente, o migrante, o refugiado. Na Solenidade da Assunção, que se segue a este domingo, iremos aprender de Maria e Isabel o abraço da hospitalidade. Por agora, fitemos então os olhos em Jesus, o guia da nossa fé, e imploremos, para nós e para todos os irmãos, a graça do alimento que nos fortalece e anima, que nos dá a força da perseverança e da resistência na fé. Invoquemos a misericórdia do Senhor.

Em pleno mês de agosto, no início da Semana Nacional da Mobilidade Humana, no mês das viagens e peregrinações, das férias e deslocações, temos Abraão, nosso pai na fé, como figura histórica de referência, nesta busca errante de uma terra prometida. Ele é a imagem do crente peregrino e do crente que acolhe a Deus, na pessoa do outro. No Evangelho, Jesus pede-nos a prontidão do serviço e a luz da fé, para caminhar vigilantes, na direção da Pátria Prometida, ao encontro do Senhor. Comecemos por reconhecer os nossos medos, fugas e indiferenças em relação aos últimos das nossas sociedades, a quem devíamos justamente dar o primeiro lugar.

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