Homilia no V Domingo da Páscoa A 2023 | Dia da Mãe
1. Neste Dia da Mãe, há uma palavra da Escritura que nos inspira: “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular” (1 Pe 2,7). Na verdade, Cristo, rejeitado pelos homens, tornou-se para todos nós, fonte de salvação. O próprio Jesus, ao sentir-Se rejeitado, aplicou a Si mesmo esta bela imagem da pedra angular (Mt 21,42; Mc 12,1). Na 1.ª Carta, que há pouco escutávamos, como 2.ª leitura, São Pedro convida todos os cristãos a aproximar-se da Pedra viva, que é Cristo e a entrarmos todos como “pedras vivas na construção deste Templo espiritual” (1 Pe 2,5).
2. Aprofundemos hoje esta belíssima imagem da pedra angular, imagem do mistério pascal, que celebramos festivamente ao longo destes 50 dias de Páscoa. O que é afinal a pedra angular na construção de um edifício? Podíamos falar em três tipos de pedras angulares:
2.1. Fala-se da pedra angular, a respeito daquela pedra que é colocada no portal do Templo (Ef 2,20-22; 1 Cor 6,19), cujo ângulo extremo completa e une toda a estrutura. É a pedra de cumieira (Jr 51,26), que dá o equilíbrio e remate a toda a construção. Paulo, numa das Cartas, fala de Cristo como pedra angular (Ef 2,20), referindo-se precisamente a essa pedra central, colocada no portal do Templo (Ef 2,20-22; 1 Cor 6,19).
2.2. Outras vezes, a pedra angular refere-se àquela pedra da esquina de uma construção, onde as duas paredes se encontram. Neste sentido, Cristo é a pedra principal de esquina, que une os dois lados do edifício, judeus e pagãos, que une e reúne em si as nossas diferenças.
2.3. A pedra angular era também aquela pedra cuidadosamente selecionada, a pedra que servia de alicerce, aquela que recebia o maior peso do edifício e o sustentava. Cristo é apresentado por São Paulo, como o alicerce desse Templo espiritual (1 Cor 3,11). Neste sentido, Cristo é a pedra de sustentação da nossa vida. É Ele que nos mantém de pé, quando as tempestades nos assolam. Ele é quem nos dá segurança verdadeira; é Ele a rocha firme, sobre a qual se pode edificar e sustentar a nossa vida, a nossa Casa, a nossa família (Mt 7,13-24).
3. Não seria um exagero, aplicar hoje esta imagem da pedra angular à Mãe de cada um de nós, a todas as mães, a cada mãe. As mães são a pedra angular da nossa vida:
3.1. pedra angular, que dá o equilíbrio e remate a toda a construção; é a mãe que dá a cara pelos filhos; é a mãe que abre a porta da casa e a mantém sólida; a mãe está sempre na linha da frente do combate pela família;
3.2. pedra angular, tal como a pedra de esquina, que une os dois lados da construção do edifício familiar, cimentando a unidade no meio das diferenças entre marido e esposa, entre pais e filhos e entre irmãos;
3.3. pedra angular, porque pedra de sustentação, pedra do alicerce da família, pois sobre cada mãe recai o peso maior do edifício familiar, que ela sustenta e solidifica, com a sua entrega desmedida, suportando tudo com o seu amor forte e abnegado.
Que as nossas mães, que nos deram à luz, que nos aproximem de Cristo, a Pedra viva, e façam também de nós “pedras vivas do Templo do Senhor” (1 Pe 2, 4-6).