Há oito dias, a primeira parábola do Evangelho sugeria-nos a estranha confiança do semeador, que via a semente germinar e crescer, «enquanto ele dormia e se levantava». E hoje, o mesmo Semeador, agora na imagem do comandante da barca, resolve deitar-Se a dormir, à popa, sobre uma almofada. A imagem é sugestiva: Jesus permanece no comando da nossa barca, da nossa vida, ainda que muitas vezes nem nos apercebamos da serenidade da sua condução! Não é a nossa agitação que conta. É o seu sono tranquilo. Por isso, escreveu, com notável beleza, São João da Cruz: «Se me colhe a tempestade e Jesus vai a dormir na minha barca, nada temo porque a Paz está comigo». É neste clima poético de silêncio e de espanto, que nos abeiramos do mistério humilde da presença escondida de Deus, que de novo nos desafia a confiar na sua presença.

Não são histórias da carochinha as parábolas do Reino, que Jesus nos conta. Elas destinam-se a fazer-nos entrar no modo de Deus ser e agir neste mundo, a partir do coração de cada um. Ali, onde o amor de Deus, secreto e discreto, nos alcança e transforma, ali germina, cresce, floresce e frutifica o Reino de Deus. As parábolas deste domingo desafiam-nos a acreditar no potencial desenvolvimento da pequena semente, precisamente enquanto o semeador dorme e se levanta. Deixemos que este tempo, com o Senhor, na Eucaristia, seja o tempo do agir de Deus, que tanto pede a nossa colaboração como a nossa confiança, para sonharmos juntos um futuro melhor. De coração confiante, invoquemos a Sua misericórdia.

Na passada quinta-feira recordávamos que a Eucaristia instaura uma nova consanguinidade, uma nova familiaridade, uma nova fraternidade entre nós, em Cristo. Os que comem do mesmo Pão e à mesma mesa e os que bebem do mesmo cálice do Sangue de Cristo tornam-se consanguíneos, única família de Cristo, nutrida e reunida à volta da mesa do seu Senhor. Neste X Domingo, agora do Tempo Comum, é bom pensar que esta família também se afirma e cresce, dia a dia, como pequenina Igreja doméstica, à mesa da Palavra. A nova família de Jesus reúne-se, em cada domingo, nesta Casa, à volta de Jesus, para se sentar à mesa da Palavra e da Eucaristia.

«O casamento não é apenas um “ato social”», mas «uma vocação que nasce do coração», uma «decisão consciente para toda a vida, que exige uma preparação específica».

Esta é uma quinta-feira muito especial, para celebrarmos a memória agradecida do dom da Eucaristia, naquela outra quinta-feira, de feliz e santa memória. A gratidão por este dom do Corpo entregue e do Sangue derramado por nós comove-nos na amizade do Senhor e move-nos ao compromisso de uma vida oferecida pelos outros, até à última gota de sangue!

Concluído o tempo pascal, celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade. Quando falamos da Santíssima Trindade, referimo-nos ao imenso mar de Amor que é Deus e há em Deus. A Santíssima Trindade é este Amor eterno, inesgotável, que une, desde sempre, as três pessoas divinas: o Pai, que enviou ao mundo o Seu Filho; o Filho, que Se entregou ao Pai por todos nós; e o Espírito Santo, que é o Amor transbordante do Pai e do Filho derramado em nossos corações.

Estamos a concluir os cinquenta dias de Páscoa, com a grande Solenidade do Pentecostes. O Espírito Santo é derramado sobre a comunidade reunida em volta dos Apóstolos. É o sopro deste Espírito que põe fim ao confinamento da primeira Igreja e abre todas as portas e janelas com novas vistas e novos caminhos para a missão. Também hoje, neste Pentecostes de 2021, o Espírito Santo é um dom e uma presença de amor divino, que nos impele a enfrentar a novidade deste tempo e nos lança no mundo para darmos testemunho de Cristo vivo. Nesta Eucaristia, deixemos que o mesmo Espírito Santo, que converte a diversidade dos fiéis num só Corpo e converte o pão e o vinho no Corpo e Sangue do Senhor, transforme também o nosso coração e nos dê novo fôlego para a missão.

Hoje celebramos o Domingo da Ascensão. Da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão! Passados, para nós, os exercícios da «quarentena» – assim o esperamos – oxalá estes tenham sido tempos de preparação para algo novo, para o novo normal, que nos desafia a gastar a sola dos sapatos e a arregaçar as mangas, na construção de um mundo novo. Mesmo se a nuvem da incerteza e da surpresa nos esconde, de algum modo, o rosto de Cristo, sabemos que Ele continua a ser o Sol Nascente, que ilumina a nossa esperança, o Deus sempre presente, que está connosco todos os dias e até ao fim dos tempos. Neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa reitera o convite de Jesus “vinde e vede” (Jo 1,46),para irmos e sairmos ao encontro das pessoas, onde estão e como são. Para que desse encontro a notícia resulte em interpelação, em compromisso de mudança! Voltemos os nossos olhos para o Senhor, para que a sua misericórdia nos levante do chão, na direção da Pátria Celeste.

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