No caminho da nossa vida e da nossa fé, Jesus faz-nos perguntas que vão diretas ao nosso coração, às quais não podemos responder sozinhos! Precisamos de escutar juntos a Palavra de Deus, para que seja o próprio Deus a revelar-nos o Seu rosto. Precisamos de nos escutar uns aos outros, para partilharmos o conhecimento íntimo e vital de Jesus de cada um. E só assim chegaremos juntos a uma fé comum, à fé da Igreja. Examinemos as nossas obras e poderemos, de algum modo, medir a temperatura da nossa fé em Cristo e da nossa amizade com Ele.

Somos assembleia acolhida e reunida, em nome de Cristo. Aqui viemos, guiados e acompanhados, para o encontro pessoal com Cristo. Aqui estamos, para abrir os nossos ouvidos à Palavra de Deus e para proclamar, de viva voz, os louvores do Senhor.O Evangelho deste domingo desafia-nos a esta abertura dos ouvidos e da boca, da alma e do coração, a Cristo, para que Ele rompa os nossos bloqueios e divisões e nos torne comunidade de pessoas acolhedoras, inclusivas e participativas, onde há lugar para todos, com a sua vida frágil e fatigante.  

Com o povo a banhos neste final de agosto, deixemos que seja a Palavra de Deus a lavar-nos a alma e a limpar-nos do contágio do mundo. Deixemos que seja Deus a purificar o coração, no encontro com o Seu amor. Pois é do coração que procedem todos os vícios que tornam o homem impuro. Depois de cinco domingos centrados no longo Discurso do Pão da Vida, retirado do 4.º Evangelho, retomamos, agora e neste domingo, a leitura do Evangelho segundo São Marcos, que nos guiará até ao final deste ciclo litúrgico. É a própria Palavra de Deus que insiste hoje no seu valor. Ouvir atentamente a Palavra, guardar interiormente a Palavra e levar à prática essa mesma Palavra de Deus, é o fio condutor dos textos que vamos ouvir. Escutemos então a Palavra de Deus. Acolhamo-la de coração puro!

Jesus dá um murro na mesa, que sabe a um murro no estômago dos discípulos, que não conseguem digerir as palavras duras no final do Discurso do Pão da Vida: “E vós, também quereis ir-vos embora?”, diz-lhes Jesus. Muitos séculos antes, também o povo de Israel fora confrontado com uma opção: “A que Deus quereis servir”? Porque não se pode andar de bem com Deus e com o Diabo. São opções de vida, que também se refletem nas relações entre marido e esposa. Tudo se conjuga em apelos que pedem resposta. Nós, se aqui estamos e aqui viemos, é porque queremos dizer com e como Pedro: A quem havemos nós de ir... se só Tu tens palavras de Vida Eterna?

À imagem de Maria, levantámo-nos, saímos de casa, da nossa zona de conforto, e pusemo-nos a caminho, para celebrarmos juntos o encontro com o Senhor. Hoje, unimos à celebração dominical da Páscoa do Senhor, a Assunção de Nossa Senhora, a Páscoa de Maria. Sim. A Assunção de Nossa Senhora é a Páscoa de Maria, é a festa da sua plena participação na vitória pascal do seu Filho Jesus Cristo. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é associada à glória da ressurreição do seu Filho. Com Maria, celebremos a alegria do encontro com Cristo, aprendamos a caminhar, rumo a um nós cada vez maior, sempre com os pés na terra e os olhos no céu.

Levantamo-nos, saímos de casa, das nossas coisas e da nossa vida, e caminhamos ao encontro desta mesa, na nossa Casa comum, para nos fortalecermos com o Pão dos peregrinos, para podermos voltar ao caminho, todos juntos, rumo a um nós cada vez maior. Atraídos pelo Pai, viemos com alegria ao encontro do Senhor. Jesus é então o nosso Pão e o nosso Caminho, é o nosso Guia e Companheiro. Partilhamos esta intimidade itinerante com todos os peregrinos, migrantes e refugiados, que estão no centro da oração e da atenção da Igreja nesta semana, que lhes é especialmente dedicada.

Não está recesso o pão da multiplicação do passado domingo! O dom do maná, do pão descido do Céu, renova-se hoje mesmo, em cada Eucaristia. Por isso, vimos ao encontro de Jesus. A nossa fome da verdadeira Vida atrai-nos para o Alimento que dura para a vida eterna. Às vezes, esta busca de Jesus é uma procura errante e errada, procurando n’Ele mais um pão para comer do que um sentido para viver.O Senhor convida-nos a não esquecer que, se é necessário preocuparmo-nos pelo pão, é ainda mais importante cultivar a relação com Ele, fortalecer a nossa fé n’Ele, que é o «pão da vida», que veio para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor. Que esta Eucaristia nos ensine a procurar tanto o dom como o Doador.

A beleza desta assembleia é mesmo esta diversidade dos muitos membros do único Corpo de Cristo, que é a Igreja. Deste único Corpo fazem parte as crianças, os jovens, os adultos e os anciãos, os que estão no “ativo” e os “reformados”, os sãos e os doentes, os santos e os pecadores. Estamos todos unidos e reunidos pela mesma fé e pelo mesmo Batismo, à volta da mesa, onde Jesus parte o Pão da Vida e Se reparte em doação por nós.  E, neste último domingo de julho, celebramos, pela primeira vez, o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. Também este Dia, a marcar o Ano Família Amoris laetitia, nos ajuda a entender que todos, mais novos e mais velhos, pais e filhos, avós e netos, sendo de sangue diverso, sentimos correr nas veias a mesma seiva do Espírito Santo, que dá aos mais novos a força e aos mais velhos a sabedoria. Preparemos o nosso coração para esta Eucaristia, para esta ação de louvor ao Senhor, que está connosco todos os dias.

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