“A caminho, com Maria, pelas fontes da alegria”.Eis o programa diocesano que nos propomos viver, desde as Cinzas ao Pentecostes, deste ano de 2017. 

 

Homilia no I Domingo da Quaresma A 2017

A caminho, com Maria, pelas fontes da alegria!

1. E o ponto de partida deste caminho foi sinalizado, na quarta-feira, com as cinzas, impostas sobre as nossas cabeças! Fomos tirados da terra, somos feitos de pó, somos todos pecadores! Mas, ainda assim, somos um pó moldado pelas mãos amorosas de Deus, que soprou o seu espírito de vida sobre cada um de nós e quer continuar a fazê-lo. Por isso, a primeira fonte a que devemos acorrer, nesta estrada que nos leva à Páscoa, é a conversão, a abertura plena do coração à ação de Deus. Porque afinal todos precisamos de conversão! Não são os outros, lá fora, que precisam de conversão; sou eu que preciso de me converter aos outros, para os acolher como um dom, aprendendo a amá-los tal como são. A Quaresma é, pois, o tempo da conversão, a fim de que o nosso pó, pela força do sopro da vida divina, se transforme em «pó enamorado» de Deus.

2. O tempo quaresmal diz-nos que estamos sempre a caminho, em obra, em mudança, em construção, em processo de conversão permanente. Conversão não é, em primeiro lugar, reverter alguns maus hábitos ou mudar comportamentos! Conversão implica pôr-se a caminho, neste movimento essencial de voltar ao primeiro amor, de regressar ao coração de Deus, como fonte primeira da nossa vida! A conversão implica abrir o coração ao Único capaz de transformar este pó que somos em humanidade redimida! Como fazê-lo sem recolocar Deus, no centro da nossa vida, sem O reinstalar na nossa forma de pensar, sentir e viver? Como é possível Deus ser hoje o Senhor da nossa vida, se Ele não tiver, em tudo e sempre o primeiro lugar? Dar o primeiro lugar a Deus, e só a Ele prestar culto, exige renunciarmos à tentação mais primitiva de sermos deuses de nós mesmos, ou de vivermos como se Deus não existisse, como se Ele não contasse, de facto, para nada! Deus parece hoje um passatempo piedoso, a que dou atenção, apenas “quando posso”, “quando me apetece” ou “quando sinto a falta”. Não deixemos Deus renegado nas margens ou sobras da nossa vida! Para que tal se concretize, vamos todos, com Cristo e como Ele, ao deserto, não para aí nos instalarmos, mas para aí bebermos desse “rochedo espiritual que nos acompanha” (1 Cor 10,4), e que é Cristo, o Homem novo. D’Ele brotam todas as fontes da alegria!

3. E façamos este caminho, pelas fontes da alegria, com Maria, na proximidade do Centenário das Aparições de Fátima. Curiosamente, Fátima apresenta-se também como um lugar árido, um lugar “a céu aberto”, onde ressoa, como uma trombeta, o apelo à conversão e o desafio a beber das fontes da alegria. A mensagem de Fátima vem, pois, ao nosso encontro, nesta primeira semana, com o seu repetido apelo: «penitência, penitência, penitência» (FSE 11), o mesmo é dizer «conversão, conversão, conversão», regresso ao coração de Deus.

4.Nesta 1.ª semana, acorramos, sem cessar, à ânfora da conversão, uma fonte sempre a jorrar! Talvez isso não signifique fazer coisas extraordinárias, mas simplesmente intensificar a vida espiritual, aproveitar mais e melhor os tempos de oração e de celebração, dar espaço a todo o bem possível. A conversão desta Quaresma deve significar um sobressalto qualitativo, na nossa vida espiritual, tantas vezes, medíocre, rotineira e habituada ao normal.

5. Mas, meu querido irmão, minha querida irmã, não basta teres um programa diocesano e paroquial interessante, como guia e referência. É preciso que faças o teu próprio programa, à tua medida, segundo as tuas condições, capacidades e necessidades! Os remédios santos da oração, do jejum, partilha e da reconciliação são conhecidos, mas ninguém os poderá tomar por ti! As fontes estão perto de ti, mas ninguém lá irá beber por ti. Não percas este tempo belo e favorável. Põe-te, desde já, “a caminho, com Maria, pelas fontes da alegria”!

A caminho, com Maria, pelas fontes da alegria”. Eis o programa que nos propomos viver, das Cinzas ao Pentecostes, ao longo dos próximos três meses e em três tempos.

A caminho, com Maria, pelas fontes da alegria”. Eis o programa que nos propomos viver, das Cinzas ao Pentecostes, ao longo dos próximos três meses e em três tempos.

Continuamos, com Jesus, no alto da montanha, a entrar no coração de Deus, o Pai celeste, que cuida de cada um, com materno desvelo. Deixemos que o nosso coração se fie e confie ao amor de Deus, de modo que Ele nos liberte de toda a ansiedade. Invoquemos a sua misericórdia.

Continuamos, com Jesus, no alto da montanha. Ali, Jesus desafia-nos a escalar, passo a passo, o caminho do amor, o caminho da perfeição, até alcançarmos essa “medida alta da vida cristã comum, que é a santidade” (NMI 31).

Subimos, uma vez mais, à montanha, para escutar Jesus. Saímos de nossas casas e viemos até aqui, até ao altar de Deus, para escutar a Palavra de Seu Filho e acolher a Sua presença no nosso coração. Continuamos a escutar o longo ensinamento de Jesus aos Seus discípulos, no chamado «Sermão da Montanha». Jesus, com a autoridade que Lhe vem de ser o Filho de Deus, interpreta e atualiza todas as palavras, que foram ditas antes d’Ele e leva a Lei às últimas consequências. Vamos preparar o nosso coração, para as escutar e viver.

Jesus olha para nós, aqui reunidos à Sua volta. E diz-nos quem somos e o que espera de nós! «Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo». Parece-nos um exagero! Mas Jesus acredita em nós. Mesmo pequenos e pobres, podemos transformar a Terra e iluminar o mundo!

O martírio dos cristãos no Oriente devia constituir para nós um estímulo a viver a nossa fé, de modo comprometido, alegre, corajoso, irradiante, contagiante, sem medo nem vergonha, de testemunhar Jesus Cristo, diante dos outros, seja onde for e custe o que custar. 

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