Liturgia e Homilias no VI Domingo Comum B 2018
Destaque

Jesus continua a curar. A curar os doentes e a salvar pessoas. A fazer desaparecer a lepra e a destruir as barreiras do egoísmo. Tudo para a maior glória de Deus. E a glória de Deus é o homem vivo: são e salvo, curado e salvado no Seu amor. Por isso, conscientes da nossa impureza, pedimos ao Senhor que nos limpe. Que nos purifique. Que o toque da Sua mão misericordiosa nos deixe limpos, para participar na Sua mesa.

Homilia no VI Domingo Comum B – Dia Mundial do Doente 2018

Se quiseres, podes curar-me!

1.Este homem leproso não pede somente a Jesus para ser curado, mas para ser «purificado». Ele não quer apenas salvar a pele; deseja ser sarado integralmente, no corpo e na alma. A lepra é uma doença contagiosa e impetuosa, que desfigura a pessoa e que, por isso mesmo, se tornou símbolo da impureza. Nesse sentido, o leproso é visto como o “imundo”, que devia permanecer distante de todos: não podia entrar no templo nem participar no serviço divino. Longe de Deus, afastado dos homens, ele era visto como a vítima e o culpado. Era como um morto ambulante, um morto-vivo, a quem estão interditas as relações pessoais, familiares e sociais, afetivas, políticas e religiosas. E por isso, o leproso é o símbolo perfeito da pessoa marginalizada.

2. Não obstante essa condição, aquele leproso não se resigna à enfermidade, nem sequer às disposições que faziam dele um excluído. Para chegar até Jesus, não teve medo de violar a lei e entrou na cidade — o que não podia fazer, dado que lhe era proibido — e quando O encontrou, “prostrou-se de joelhos e suplicou-lhe: Se quiseres, podes curar-me”. A cura começa precisamente quando sei que posso contar com alguém, com um tu que me acolhe e que deseja o meu bem. A cura, antes ainda de ser o desaparecimento dos sintomas, é o reencontro e o reatar de relações pessoais. A reintegração completa na família, na comunidade civil e religiosa, é a cura integral do doente.

3. Por isso, a este pedido humilde e confiante, Jesus reage movido pela compaixão, padecendo com o outro. Contra as disposições da Lei de Moisés, que proibia a aproximação de um leproso (cf. Lv 13,45-46), Jesus estende a mão e chega a tocá-lo. Jesus não pára à distância do cordão de segurança e não age por delegação, mas expõe-Se diretamente ao contágio do nosso mal. Curiosamente, depois da cura do leproso, será Jesus que já não poderá entrar abertamente em nenhuma cidade. Tal como o leproso, Jesus “ficava fora, em lugares desertos”. É assim mesmo que Jesus chegará à Cruz, desfigurado e rejeitado. E aí encarnará, em pleno, a figura do Servo de Deus, descrito em Isaías, como alguém “que nós considerávamos como um leproso” (Is 53,4). E assim percebemos: Deus não vem para «dar uma lição» sobre o sofrimento; também não vem para eliminar do mundo o sofrimento e a morte; ao contrário, ele vem para carregar sobre Si o peso da nossa condição humana, para a assumir completamente, para nos libertar de modo radical e definitivo.

4.Irmãos e irmãs: como verdadeiros imitadores de Cristo, tornemo-nos instrumentos do Seu amor, superando qualquer tipo de marginalização, cuidando de todos os feridos da vida e sem exclusão. Diante de um pobre ou de um doente, não tenhamos medo de os olhar diretamente e de nos aproximarmos com ternura e compaixão, de os tocarmos e abraçarmos. Se o mal é contagioso, o bem também o é. Deixemo-nos contagiar pelo bem e contagiemos o bem!

5. Que este cuidado do outro, do mais frágil, comece em nossa casa. “Não podemos esquecer aqui a ternura e a perseverança com que muitas famílias acompanham os seus filhos, pais e parentes, doentes crónicos ou gravemente incapacitados. Os cuidados prestados em família são um testemunho extraordinário de amor pela pessoa humana e devem ser apoiados com o reconhecimento devido e políticas adequadas” (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial do Doente 2018). Obrigado a quantos me oferecem esse testemunho e me encorajam a fazer o mesmo! A Maria, Mãe da ternura, “confiemos todos os doentes, no corpo e no espírito, para que os sustente na esperança” (Ibidem).

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