Liturgia e Homilia no Domingo de Ramos 2017
Destaque

Irmãos caríssimos, desde o princípio da Quaresma, vimos a preparar-nos para a celebração anual da Páscoa, “caminhando, com Maria, pelas fontes da alegria”: a conversão, que nos faz voltar para o Senhor; a Palavra que nos faz seus discípulos; a adoração, que nos livra dos falsos deuses; a contemplação que abre aos nossos olhos a luz da fé; a oração que fortalece a amizade com o Senhor. E, nesta semana, vivemos o sacrifício de Cristo, pelos outros, como fonte de generosidade e de vida.

Homilia no Domingo de Ramos da Paixão do Senhor A 2017

1.Quem diria que esta longa história da Paixão começaria também ela, com uma ordem de serviço dada por Jesus, e uma pronta resposta dos discípulos?! Jesus ordena-lhes que levem um recado a casa de uma tal pessoa, para ali poder celebrar a Páscoa, com os seus discípulos. E logo anota o evangelista: “Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa” (Mt 26,19). Repete-se aqui a mesma obediência pronta dos serventes nas bodas de Caná e a mesma disposição dos discípulos, quando foram arranjar uma jumenta e um jumentinho para Jesus entrar humildemente em Jerusalém: então “os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara” (Mt 21,6).

2.Também nós preparamos a Páscoa, imitando os serventes das bodas de Caná, que acolheram prontamente o convite de Maria: «Fazei tudo o que o meu filho vos mandar» (Jo 2,5)! Semana a semana, fomos fazendo tudo o que Jesus nos ordenou: enchemos então as seis ânforas vazias, para que a nossa vida fosse preenchida e transformada pela graça de Deus. E assim esperamos que brote da ânfora do nosso coração uma inesgotável fonte de alegria.

3.Nesta semana, que é a Semana Santa, a semana maior do ano litúrgico, tomamos como fonte de alegria o SACRIFÍCIO de Cristo, que Se entregou à morte por todos nós. Somos chamados, especialmente nesta semana, a unirmo-nos a Cristo, o Qual assumiu a condição de Servo humilde. Se Ele Se entregou assim, por nós, também nós devemos dar a vida pelos irmãos e servi-los com amor. O verdadeiro sacrifício não é fazer uma ferida ou causar dor no corpo; o verdadeiro sacrifício é estar pronto para servir, para se sacrificar pelos outros e não para sacrificar os outros. O verdadeiro sacrifício é o «dom de si» aos outros, por amor, fazendo tudo o que for preciso, por mais humilde que seja o nosso serviço, por mais escondido que seja o nosso sacrifício.

4.Ressoa, nesta semana, a mesma pergunta feita por Nossa Senhora aos pastorinhos: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”. Eles respondem prontamente: “Sim, queremos”. Vede: os pastorinhos, tão pequeninos, estão dispostos a sacrificar tudo, para alcançar a conversão dos pecadores. Para os pastorinhos, dizem os Bispos portugueses, “os outros são tão importantes que se sacrificaram por eles” (FSE 12).

5.Irmãos e irmãs: “não nos deixemos resignar diante da banalização do mal, para vencermos a indiferença, face ao sofrimento que nos cerca” (FSE 12), com o sacrifício de nós mesmos, no serviço pronto e humilde aos demais. Então, sim, teremos em nós os mesmos sentimentos de Jesus, que não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas assumiu a condição de servo, obedecendo até à morte e morte de Cruz (cf. Fl 2,6-8). 

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