Homilia no Domingo de Páscoa C 2025
“Diz-nos Maria: que viste no caminho? Vi o sepulcro de Cristo vivo e a glória do Ressuscitado. Vi as testemunhas dos Anjos, vi o sudário e a mortalha. Ressuscitou Cristo, minha esperança: Precederá os discípulos na Galileia. Sabemos e acreditamos: Cristo ressuscitou dos mortos”(cf. Sequência Pascal).
1. Vi o sepulcro de Cristo vivo! Belo excerto da Sequência Pascal. Este diálogo resume o anúncio pascal, que somos chamados a fazer neste dia, calcorreando caminhos, avenidas, ruas e vielas, praças e travessas da nossa terra. Se nos perguntam o que vimos pelo caminho, diremos tudo o que vimos: o sepulcro de Cristo vivo. Vimos a grande pedra removida, pela força e pelo poder de Deus! Vimos que Deus continua a preparar para nós um futuro surpreendente, inesperado, imerecido, impensado. Vimos o sepulcro de Cristo, porque descemos até ao abismo mais escuro e vazio da nossa vida e ali vimos quanto Deus faz ressurgir do mal um bem maior, das trevas a luz, da morte a vida, da tristeza a alegria, do desespero a esperança. Deus faz crescer as suas flores mais bonitas no meio das pedras mais áridas e pesadas da nossa vida! Somos testemunhas, por isso, de que a Ressurreição de Jesus não é algo do passado; ela contém uma força de vida, que penetra ainda hoje o nosso mundo. Onde parece que tudo morre, voltam sempre a aparecer, por todo o lado, os rebentos da Ressurreição. «Não fiquemos à margem deste caminho da esperança viva» (cf. EG 278)! Peregrinos de esperança, anunciemos a todos: Ressuscitou Cristo, minha esperança. Tende confiança!
2. Ressuscitou Cristo, minha esperança:
Sim,anunciemos a todos o rosto e o fundamento da nossa esperança: Cristo Crucificado e Ressuscitado! Na Páscoa de Jesus, excedem-se até as mais altas expetativas do Povo de Deus, cumpre-se a Promessa anunciada por Jesus de «ressuscitar ao terceiro dia» e abre-se, para todos a grande esperança: a de ressuscitarmos com Cristo: “Deus que ressuscitou o Senhor também nos ressuscitará a nós, pelo seu poder” (1 Cor 6,14). A morte não tem, por isso, a última palavra. A morte deixa de ser uma aterragem, para se tornar uma descolagem. A fome, as violências, as guerras, os genocídios, as limpezas étnicas, as doenças, não serão o horizonte último da nossa história. Podemos esperar de Deus o impensável e o impossível, podemos esperar muito mais do que as pequeninas esperanças de cada dia: podemos esperar a vida nova da Ressurreição, a vida eterna, a vida em abundância, a vida na sua plenitude. Esta vida nova da Ressurreição já está ativa em nós, pelo Batismo, mas é ainda, como a semente na terra, uma «vida escondida com Cristo em Deus» (Cl 3,3), uma vida que só se manifestará plenamente na futura ressurreição. Por isso, a esperança busca sempre o que há de vir, o que ainda não se vê. A esperança do que se vê não é esperança! Esperemos o que ainda não vemos (Rm 8,24-25) e se há de manifestar. Ressuscitou Cristo, minha esperança. Tende confiança!
3. Precederá os discípulos na Galileia!
Jesus Ressuscitado vai à nossa frente. Jesus é a Esperança que nos move na direção do futuro, move-nos a agir, a não ficarmos enrolados na mortalha do passado. Esta esperança não aquieta, inquieta; não nos deixa descansar, põe-nos a mexer. Por isso, uma comunidade, cheia do perfume e da esperança da Ressurreição, age e reage, inova e renova, protesta e perturba, incomoda e desinstala, vai em frente e trabalha por uma Igreja viva, por um mundo melhor. A nossa esperança permanecerá descontente, até ver realizada aquela promessa de vida que nos está prometida. Ressuscitou Cristo, minha esperança. Tende confiança.
4. Irmãos e irmãs:
Levai a todos este anúncio: «Ressuscitou Cristo, nossa Esperança. Tende confiança. A Páscoa é a âncora da nossa esperança. Tende confiança. A Esperança não nos engana. Tende confiança. Que nesta Páscoa do Ano Jubilar, o Senhor vos encha a todos de alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Ámen. Aleluia. Aleluia» (cf. Diálogo da Visita Pascal 2025).