Homilia na Solenidade do Natal do Senhor 2024
1.Com o Natal de Jesus, a Esperança entrou no mundo! Deus cumpriu a Sua Promessa, fazendo-se Homem, em Jesus, nascido da Virgem Maria. Ele é, na verdade, o prometido Emanuel, o Deus connosco. Ao fazer-se Homem, Deus mostra-Se fiel à Palavra do seu amor irrevogável por nós. Por isso, só neste Deus, cuja glória brilha no rosto de uma criança, encontramos uma esperança fiável, uma esperança que não desilude, uma esperança que não se confunde com qualquer ilusão sentimental de que vai tudo vai correr bem neste Natal. Esta esperança é, sobretudo, uma luz nas trevas; é uma força de fidelidade na fé e de perseverança no amor, sobretudo nos momentos mais obscuros e de provação na nossa vida! A esperança cristã não é um otimismo fácil: é a certeza, radicada na fé e no amor, de que Deus nunca nos deixa sozinhos e mantém-Se fiel à Promessa. O próprio Cristo é, para nós, a grande luz de esperança e guia na nossa noite, porque Ele é “a brilhante Estrela da manhã” (Ap 22, 16).Como canta Carminho, depois de atravessar uma intensa escuridão na noite da sua vida, “estou bem crente que o Teu feixe de Luz própria me segue agora». Podemos nós dizer a Jesus:«“Tu és a Estrela que guia o meu coração. Tu és a Estrela que ilumina o meu chão”. Jesus, Tu és grande e fizeste-Te tão pequenino, Deus Menino! “Tu és a Estrela e eu sou o peregrino”»!
2. O Natal de Jesus Cristo não é uma história infantil; não é um fado, nem um conto de fadas; não é uma lenda ou um passe de magia, para encantar a realidade, que se nos afigura tão dura e tão diferente daquela que esperávamos. Não. Em Jesus, Deus entra no drama da nossa história, pelo ventre de Maria, entra num mundo com portas e corações fechados em Belém, sem teto nem lugar para peregrinos e migrantes. Entra pela porta de um estábulo e acabará envolto em panos, no madeiro da Cruz. Por isso, a esperança, que o Menino Jesus nos traz, não vem embrulhada em papel ou em paninhos de lã; é sobretudo a confiança de que, aconteça o que acontecer, estamos a salvo, nada e ninguém nos poderá separar do amor de Cristo. Jamais estaremos sós no caminho. Em Cristo Jesus, Deus caminha connosco e dá-nos a força de caminhar com Ele. Podemos nós dizer a Jesus: «“Tu és a Estrela que guia o meu coração. Tu és a Estrela que ilumina o meu chão”. Jesus, Tu és grande e fizeste-Te tão pequenino, Deus Menino! “Tu és a Estrela e eu sou o peregrino”»!
3. Irmãos e irmãs: contemplemos hoje o Presépio, como berço da esperança dos pobres e dos simples. Observemos, desde logo, o lugar em que Jesus nasce: em Belém, na periferia da capital. Depois olhemos para Maria, Mãe da esperança. Com o seu «sim» abriu a Deus a porta do nosso mundo. Ao lado de Maria está José, o silencioso descendente de Jessé e de David, que acreditou e esperou em Jesus, Aquele que vem para nos resgatar do pecado. E ao Presépio correm e acorrem, como peregrinos de esperança, os pastores, os mais humildes e pobres da terra. Podíamos juntar a esta procissão de peregrinos os anciãos Zacarias e Isabel, Simeão e Ana, que esperavam o Messias, esperavam a «consolação de Israel» (Lc 2, 25)e a «libertação de Jerusalém» (Lc 2, 38). E finalmente, o coro de anjos, em harmonia, traduz a esperança cristã, no louvor e ação de graças. Virão ainda os Magos, sábios do mundo, guiados pela Estrela. Todos estes, peregrinos de esperança, contemplam o Deus Menino, em Belém, e veem realizada n’Ele a sua esperança! E nós podemos com eles dizer a Jesus: “Tu és a Estrela que guia o meu coração. Tu és a Estrela que ilumina o meu chão”. Jesus, Tu és grande e fizeste-Te tão pequenino, Deus Menino! “Tu és a Estrela e eu sou o peregrino”!
4. Irmãos e irmãs: A esperança é a virtude dos pequeninos. Os grandes, os fartos e saciados, não conhecem a esperança, não sabem o que ela é. Quem confia nas próprias seguranças, sobretudo materiais, já não espera nada de Deus. Ao contrário, os pequeninos, os pobres, os pastores, confiam em Deus, esperam n’Ele e alegram-se ao reconhecer naquele Menino o Conselheiro admirável, Deus forte, Príncipe da Paz. Tenhamos confiança neste rebento novo de esperança, que tem o rosto de uma criança! E alimentemos, na oração, a nossa esperança, rezando assim: «Jesus, “Tu és a Estrela que guia o meu coração. Tu és a Estrela que ilumina o meu chão”. Jesus, Tu és grande e fizeste-Te tão pequenino, Deus Menino! “Tu és a Estrela e eu sou o peregrino”»!
Nota: pode concluir-se esta Homilia, com a oração proposta para a noite, dia e Tempo do Natal.
A Oração pode ser proferida pelo Presidente, por um(a) leitor(a) ou pela Assembleia (desde que tenha acesso ao texto).
Menino Jesus, Deus Menino,
a Tua Luz brilha nas trevas,
deste mundo escurecido
pela guerra, pela divisão,
pela violência sobre a Terra,
pelo descarte do mais pobre
e do mais pequenino.
Tu és a Estrela
que guia o meu coração
Tu és a Estrela que ilumina
o meu chão.
O Teu Presépio
é qualquer berço de esperança,
onde a nudez do mundo tem calor
e o amor recomeça
num rosto de criança.
Quanto deserto atravessei
para Te encontrar no Presépio,
entre nós e tão perto,
Deus feito Menino.
Tu és a Estrela
e eu sou o peregrino!