Liturgia e Homilias na Solenidade da Santíssima Trindade B 2024
Destaque

Iniciamos, celebramos e concluímos todas as nossas orações e também esta celebração da Eucaristia, invocando, sob o sinal da Cruz, a Trindade Santíssima. Fazemo-lo dando glória a Deus Pai, por meio do Seu Filho, na comunhão do Espírito Santo. Fazemo-lo sempre, porque é neste mistério do amor de Deus, que nós somos, vivemos e existimos. Concluído o tempo pascal, celebramos hoje solenemente a Santíssima Trindade. A Santíssima Trindade é este Amor eterno, inesgotável, que une e distingue, sem as separar nem confundir, as três pessoas divinas: o Pai, que enviou ao mundo o Seu Filho; o Filho, que Se entregou ao Pai por todos nós; e o Espírito Santo, que é o Amor transbordante do Pai e do Filho derramado em nossos corações.  Entremos humildemente neste mistério, confessando a nossa fé e os nosso pecados.

Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade B 2024

 

1.Não há duas sem três. E três é a conta que Deus fez! Pai, Filho e Espírito Santo! Ó Santíssima Trindade! Se Deus fosse uma só Pessoa ou uma Pessoa só, o Todo-Poderoso, isolado na sua Omnipotência divina, seria então um «Deus-selfie», um Abismo de egoísmo e de solidão e não um Deus Pai e Criador. Se Deus fosse apenas uma relação eterna entre duas pessoas distintas, o Pai e o Filho, a olharem eternamente um para o outro, sem olharem para nós, então este seria um «Deus-espelho», um amor em circuito fechado, um amor inquinado e não o Amor amado! Mas não! Graças a uma terceira pessoa divina, graças ao Espírito Santo, que é o vínculo ativo da comunhão entre o Pai e o Filho, este Amor divino é difusivo, expansivo, transbordante. O nosso Deus é Amor: um Amorem eterno movimento de saída de Si mesmo, derramado sobre o mundo, transvasado e a circular em nossos corações. Na verdade, não há duas pessoas sem três. E três é a conta que Deus fez!

2.Aprofundemos hoje o mistério das três pessoas divinas a partir de três perguntas:

2.1.Primeira pergunta: Como podemos penetrar neste mistério do «único Deus e Senhor, lá no alto dos céus»?

Podemo-lo fazer, através de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que veio viver «cá em baixo na Terra». Na verdade, só sabemos e intuímos algo do que Deus é em Si mesmo pelo que Deus é no nosso mundo, pelo que Deus faz na sua história de amor por nós. Podemos ainda e sobretudo entrar no segredo deste amor divino, através da Pessoa humana e divina de Jesus Cristo: Ele é o rosto visível do Pai, Ele é o Ungido do Espírito Santo. Jesus falou-nos da Sua relação eterna com o Pai: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,11.20; 10,38), numa unidade que os distingue. Jesus prometeu-nos e doou-nos o Espírito Santo, para nos ensinar todas as coisas (Jo 14,26). Portanto, a partir desta história de Amor e de salvação, a partir da Palavra e do testemunho de Jesus, a partir do que o Espírito Santo revela à Igreja, podemos penetrar o mistério deste Deus e dizer: Ele é, verdadeiramente, no Pai Deus por nós; no Filho, é Deus connosco; no Espírito Santo é um Deus em nós.

2.2.Segunda pergunta:Onde podemos ver e viver as nossas relações humanas à imagem e semelhança das relações entre estas três pessoas divinas?

1.Vemo-lo e vivemo-lo, em cada pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus. Cada pessoa só o é verdadeiramente, na medida em que vive em relação com as demais, não como uma ilha, mas em saída de si mesma, em busca de outrem;

2. vemo-lo e vivemo-lo em cada história de amor, de um amor inteiro, aberto, fecundo e verdadeiro, em que cada pessoa sabe ser ela mesma através da outra; em que cada pessoa vive por amor com as outras, graças às outras e em favor das outras;

3. vemo-lo e vivemo-lo em tantas vidas humanas feitas de entrega desinteressada, de doação desmedida, de alegria partilhada, em que cada pessoa sabe dar-se aos outros e se abre para receber o amor dos outros;

4. vemo-lo e vivemo-lo no mútuo amor dos esposos, aberto à fecundidade; vemo-lo, de forma bela, em cada família, unida e reunida pelo amor, sem fusão nem confusão de pessoas ou de papéis; numa família em que se partilha tudo o que se possui;

5. vemo-lo e vivemo-lo em cada comunidade cristã, aberta e inclusiva, capaz de reconhecer, integrar e promover a riqueza das diferenças, sem as anular nem diluir;

6. vemo-lo e vivemo-lo em cada esforço pessoal e coletivo por percorrer um caminho fraterno, de irmãos e de mãos dadas; em cada gesto capaz de olhar e de incluir «os outros» como um único «nós», como filhos de uma Casa Comum;

7. vemo-lo e vivemo-lo em cada passo dado, pelas pessoas, associações e instituições, em favor da valorização do dom original de cada pessoa, povo, cultura, religião ou nação, tendo sempre em vista o bem comum.

Concluindo, aí onde está a força do Amor, que une e distingue, sem fundir nem confundir; aí onde se vive o Amor como dádiva, aceitação e comunicação… aí está a circular o amor trinitário de Deus. Na verdade, “se vês a caridade, vês a Trindade” (Santo Agostinho)! 

2.3.Por fim, uma última pergunta: como podemos entrar, de modo simples e diário, neste mistério da Santíssima Trindade?

Neste Ano da Oração, eis uma sugestão simples: façamos bem e diariamente – pelo menos ao levantar e ao deitar – o sinal da Cruz. Rezemos sempre ao Pai, por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Quando, pelo sinal da Cruz, invoco o nome de Deus Pai, tomo consciência de que sou filho de Deus e não um número ou uma coisa ao acaso. Quando, pelo sinal da Cruz, invoco o nome do Filho, recordo que sou e me devo tornar mais irmão de todos. Quando, pelo sinal da Cruz, invoco o nome do Espírito Santo, dou-me conta de que não sou apenas um corpo físico a tratar, mas sou um templo vivo, um corpo espiritual a cuidar; sou o lugar onde o hóspede divino me quer habitar.

3.Irmãos e irmãs: que a nossa vida, imersa pelo Batismo, neste imenso e inesgotável mistério do amor de Deus, seja uma vida por amor e assim se torne um Hino de Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Ámen.

 

 

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