Liturgia e Homilia na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo A 2023
Destaque

Belo é este dia de quinta-feira, em que celebramos a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Nesta quinta-feira do «Corpo de Deus» recordamos, em espírito festivo, aquela outra Quinta-Feira Santa, em que Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e o vinho e, por meio destes dons, prometeu ser e estar presente connosco até ao fim dos tempos. Abracemos o presente da Eucaristia, que não é outra coisa senão a presença real e substancial de Jesus, que Se faz alimento da nossa amizade com Ele e da comunhão entre nós.

Homilia na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo A 2023

[Festa da Eucaristia – Primeira comunhão | Senhora da Hora]

 

Há duas boas perguntas que, por isso mesmo, são duas boas respostas, na leitura do Apóstolo Paulo, que há pouco escutávamos. Nelas se podem colher dois belos frutos da Eucaristia. Recordemos então as perguntas, as respostas e os frutos: «Não é o cálice da bênção que abençoamos a Comunhão com o Sangue de Cristo? Não é o Pão que partimos, a Comunhão com o Corpo de Cristo?» (1 Cor 10, 16).

1.Em primeiro lugar, o fruto mais pessoal e espiritual da Eucaristia: ela une-nos a Cristo, faz-nos permanecer no Seu Amor. Através do Pão e do Vinho consagrados, Cristo oferece-Se, faz-se Corpo dado e Sangue derramado, para a salvação de todos, a começar por mim. Jesus está realmente presente na Eucaristia, para ser assimilado como Pão que restaura as forças e Vinho que alegra o coração. Na Eucaristia, podemos dizê-lo, “não só cada um de nós recebe Cristo, mas também Cristo recebe cada um de nós” (Ecc. Euch., n.º 22). A comunhão eucarística é, por isso, o grande abraço ao presente, que Jesus faz de Si mesmo, porque esta Presença real e substancial do Seu Amor nos abraça e nos alcança. Eis o primeiro fruto precioso da Eucaristia: a nossa comunhão com Cristo! Pela Eucaristia, Jesus intensifica a Sua amizade pessoal connosco (Jo 15, 14), senta-nos à mesa com Ele, para alimentar esta amizade). Mais ainda, pela Eucaristia, nós vivemos por Ele: «Aquele que Me come viverá por Mim» (Jo 6, 57). Que a Eucaristia seja sempre a celebração da nossa amizade real e da nossa comunhão vital com Cristo.

[Aos que, neste dia fazem a sua primeira comunhão eu diria assim: “Que a primeira comunhão seja o princípio de uma amizade com Jesus para a vida inteira”].

2.O segundo fruto da Eucaristia é a unidade, a nossa comunhão de irmãos e irmãs em Cristo: «Visto que háum só Pão, nós, embora sejamos muitos, formamos um só Corpo» (1 Cor 10,17). Nós não temos uma ligação direta a Cristo, não há uma «via verde», que nos permita chegar a Cristo, passando ao lado dos irmãos e irmãs. Não. Participantes do mesmo Pão e do mesmo Cálice, somos cristãos, em família, em comunhão, em comunidade. Por isso, comungar Cristo é comungar todo o Corpo de Cristo; tal dom implica viver em comunhão com todos os membros do Seu Corpo! Este «Corpo de Cristo» que nos é dado, no momento altíssimo da Comunhão, não é um Cristo sem Corpo, sem a Igreja, desligado dos outros! Não. «O Corpo de Cristo», que nos é dado comungar, é o Cristo Total, este Cristo Ressuscitado, que forma Corpo com a Sua Igreja, com todos os seus membros! Então – queridos irmãos e irmãs – responder «Ámen», dizer «sim» ao «Corpo de Cristo» é dizer «Sim» a Cristo e ao seu Corpo, que é a Igreja. Neste sentido, a Eucaristia [mais ainda a Festa da Primeira comunhão], não é um Sacramento «para mim», não é um gesto privado “entre mim e nosso Senhor”. Não. É comunhão!

[Se comungas hoje, e se o fazes pela primeira vez, recorda-te: abeirando-me desta mesa, faço parte de uma grande família, cresço e apareço como membro de um só Corpo]!

3.Irmãos e irmãs: estes dois frutos da amizade com Cristo e da comunhão comos outros, são remédio santo, para duas doenças espirituais tão comuns, nos cristãos de hoje: a primeira é a do sentimentalismo religioso, que se ilude em viver uma amizade virtual com Cristo, sem a partilha da mesa da Palavra e da Eucaristia. Se Cristo escolheu esta forma eucarística de viver a amizade connosco, por que haveríamos de inventar outra? Alimenta-te deste Pão da amizade e não dessa ilusão! A segunda doença é a do individualismo religioso, em que cada um pretende viver a fé por sua conta e risco, ao sabor do apetite individual, desprezando a sua comunidade. Livremo-nos deste fastio e desta alergia à comunidade, partilhando, com todos e na alegria, o Pão da nossa Unidade!

Que a Eucaristia, em cada domingo, seja a nossa Festa, para recordar e agradecer as maravilhas de Deus e para crescer na amizade com Cristo e na comunhão com todos.


Homilia na Solenidade do Corpo e Sangue de cristo a 2023

Profissão de fé | Guifões

 

1.Hoje celebramos a Profissão de Fé, neste Dia dedicado especialmente à Eucaristia, que é precisamente o “mistério admirável da nossa fé”. Professar a fé, é dizer a nossa fé, de viva-voz, de modo pessoal, mas é também dizê-la, proclamá-la, testemunhá-la, diante dos outros, diante do mundo. E hoje o facto de se participar na Eucaristia dominical, num tempo de tanto individualismo religioso e de alergia à comunidade, é uma forma muito especial de professar, de celebrar e de viver a fé.

2. Na verdade, a fé cristã é sempre uma resposta pessoal a este Deus, que nos ama e chama pelo próprio nome. Respondemos e correspondemos a Ele e à Sua Palavra, com a confiança humilde e a entrega do nosso coração e da nossa vida. A fé tem esta dimensão pessoal e por isso, às perguntas do Batismo, «credes», nós respondemos pessoalmente «sim, creio». É a nossa adesão, a nossa resposta pessoal de amor ao amor de Deus, que primeiro nos amou.

3.Mas a fé é também fruto de uma experiência comunitária. Não chegámos sozinhos à fé, como não chegamos à vida. Não vivemos ou crescemos na vida ou na fé sozinhos ou em laboratório. Fazemos parte de um povo, somos membros de uma família, de uma comunidade, com uma história, um caminho aberto. Como cristãos, formamos um só Corpo. A fé que proclamamos é sempre a fé da Igreja, a que pertencemos, é a fé da Igreja, Povo de Deus. Nenhum de nós, tem, por isso, e por si só, a totalidade da fé. Temo-la sempre como um «símbolo», como uma parte que se une a outra parte, para ser completa. E por isso, é juntos, em comunidade, como Povo, e não sozinhos ou individualmente, que professamos, celebramos e vivemos a nossa fé. A comunidade cristã não é um “caixilho”, um adorno decorativo, mas o ambiente fundamental para acolher, viver e crescer na fé. Todos precisamos de todos.

4. Esta dimensão pessoal e comunitária da fé exprime-se, manifesta-se, alimenta-Se sobretudo na celebração da Eucaristia. São Paulo faz-nos perceber isto mesmo: a Eucaristia alimenta e faz crescer a nossa união e amizade com Cristo, mas, ao mesmo tempo, fortalece a nossa comunhão uns com os outros em Cristo. Isto quer dizer, que nós não temos uma ligação direta a Cristo, não há uma «via verde», que nos permita chegar a Cristo, passando ao lado dos irmãos e irmãs. Não. Participantes do mesmo Pão e do mesmo Cálice, somos cristãos, em família, em comunhão, em comunidade. Por isso, comungar Cristo é comungar todo o Corpo de Cristo, isto é, implica viver em comunhão com todos os membros do Seu Corpo, que é a Igreja.

5.Irmãos e irmãs: estes dois frutos da Eucaristia, a amizade com Cristo e a unidade e comunhão uns com os outros, são um remédio santo, para duas doenças espirituais muito comuns, na fé dos cristãos de hoje: A primeira doença é a do sentimentalismo religioso, que se ilude em poder viver uma fé e uma amizade virtual com Cristo, sem a partilha da mesa da Palavra e da Eucaristia. Se Cristo escolheu esta forma eucarística de viver a amizade connosco, por que haveríamos de inventar outra? Alimenta a tua fé deste Pão da amizade e não dessa ilusão!  A segunda doença é a do individualismo religioso, em que cada um pretende viver a sua fé por sua conta e risco, ao sabor do apetite individual, desprezando a comunidade. Com isto, pouco a pouco, a nossa fé torna-se um assunto privado, sem qualquer significado prático na nossa vida. Livremo-nos deste fastio e desta alergia à comunidade, partilhando na alegria o Pão da nossa Unidade!

Que esta Profissão de fé, seja sobretudo o testemunho da nossa alegria de ser e de viver em comunidade. E que a Eucaristia, em cada domingo, seja o encontro para recordar e agradecer as maravilhas de Deus e para alimentar a nossa fé e a nossa alegria de sermos um só Corpo em Cristo Jesus.

 

 

 

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